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segunda-feira, 28 de março de 2022

MANOEL CARLOS DE ALMEIDA NETO TOMA POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS



Mesa composta por Vercil Rodrigues (Academia de Letras Jurídicas), René Albagli (Ex-reitora da UESC), Jane Hilda (Secretária Geral), Pawlo Cidade (Presidente da ALI), Tenente Paulo (18º CSM) e Jacson Cupertino (Presidente da OAB/Ilhéus). 

Foto: José Nazal


 



          Autoridades civis, militares, política, amigos, familiares e acadêmicos da casa e das coirmãs Academia Grapiúna de Letras (AGRAL) de Itabuna e da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia (ALJUSBA), foram prestigiar a posse do mais novo imortal da Academia de Letras de Ilhéus (ALI), Dr. Manoel Carlos de Almeida Neto, na sexta-feira, 25/3, às 19h na sede da instituição no Centro Histórico.

          O novo membro da “Casa de Abel”, ocupa Cadeira 39, antes pertencente a um dos fundadores da instituição, José Cândido de Carvalho Filho, que foi ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 


          
A prestigiada solenidade de posse foi presidida pelo acadêmico-presidente Pawlo Cidade (Cadeira 13) e a saudação ao novo membro da Academia de Letras de Ilhéus, ficou a cargo do acadêmico Edvaldo Brito (Cadeira 28), ex-professor de Direito de Manoel Carlos, que na oportunidade fez um breve escorço das Academias de letras, que têm por modelo a “Académie Francaise”, criada em 1635 por Armand-Jean Du Plessis, cardeal de Richelieu, apontando mudanças que ocorreram ao longo desse mais de quatrocentos anos de história. “As academias hoje não são apenas espaço ocupados por literatos, mais o lugar de variadas manifestações artísticas e culturais”.

            Em seu discurso, o agora imortal da ALI destacou o perfil pessoal e profissional do seu antecessor, José Cândido de Carvalho Filho, falecido em abril de 2019, e do patrono da Cadeira 39, o político e jurista baiano José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu.

 

O acadêmico

 


          Manoel Carlos de Almeida Neto é membro da Academia de Letras Jurídicas do Sul da Bahia (ALJUSBA), onde ocupa a Cadeira 29, que tem como patrono o jurista Orlando Gomes, é também doutor e pós-doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Advogado e vice-presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB, o novo membro da ALI foi professor da Faculdade de Direito da USP (2020-2022) e da Faculdade de Direito da UESC (2005-2006), secretário-geral da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Obras lançadas

 

          Manoel Carlos é autor das obras “O novo controle de Constitucionalidade Municipal” (editora Forense), “Direito Eleitoral Regulador” (RT), “Juiz Constitucional” (RT), dentre outras. A posse na ALI coincide com o lançamento nacional da sua mais recente obra, “O Colapso das Constituições do Brasil: uma reflexão pela democracia”, considerado pelo ex-presidente da República e membro da Academia Brasileira de Letras, José Sarney, um “trabalho insubstituível na literatura de nosso Direito Constitucional”. Sarney assina o prefácio do livro.

          O ministro do STF, Ricardo Lewandowski, é outra personalidade a falar do livro. “Com rigor acadêmico e destacada originalidade, esta obra do professor Manoel Carlos de Almeida Neto, fruto de longa e proveitosa pesquisa de pós-doutorado na Faculdade de Direito da USP, revisita os últimos duzentos anos da história político-institucional do país para desvendar os fatores reais do poder que deram vida e decretaram a morte das distintas Constituições brasileiras, propiciando aos leitores uma reflexão sobre as raízes sociológicas determinantes da fragilidade de nossa democracia”, escreveu.

 




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sábado, 26 de março de 2022

FERNANDA MONTENEGRO TOMA POSSE NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

 


A atriz Fernanda Montenegro toma posse na Academia Brasileira de Letras (ABL) no dia 25 de março. O evento, marcado para as 21h, acontece no Petit Trianon, no centro do Rio. Fernanda ocupará a Cadeira 17 da Academia, sucedendo o Acadêmico e diplomata Affonso Arinos de Mello Franco. 

Eleita com 32 votos para integrar o grupo de imortais no dia 4 de novembro de 2021, Fernanda estreita os laços da Academia com as artes cênicas. Autora do livro "Prólogo, Ato e Epílogo", sua autobiografia, a atriz de 92 anos é reconhecida como intelectual engajada e um dos grandes ícones da cultura brasileira. 

Fernanda é a primeira mulher a ocupar a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras. O posto teve, como ocupantes, Sílvio Romero (fundador) – que escolheu como patrono Hipólito da Costa –, Osório Duque-Estrada, Roquette-Pinto, Álvaro Lins e Antonio Houaiss.

Premiada nacional e internacionalmente por sua carreira, Fernanda é a única brasileira já indicada ao Oscar de Melhor Atriz pela atuação em Central do Brasil (1998), de Walter Salles. Ela já venceu, também, o Emmy Internacional, o Festival de Berlim e o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A atriz também foi destaque em clássicos da Rede Globo como Doce de Mãe, Belíssima, Guerra dos Sexos, A Dona do Pedaço, entre outros.

Fernanda Montenegro nasceu em 16 de outubro de 1929 no Rio de Janeiro. Sua primeira experiência no teatro foi aos oito anos, em uma peça da igreja. Em 1950, estreou profissionalmente nos palcos ao lado do marido Fernando Torres, no espetáculo 3.200 Metros de Altitude, de Julian Luchaire. 

Em dois anos na Tupi, participou de cerca de 80 peças, exibidas nos programas Retrospectiva do Teatro Universal e Retrospectiva do Teatro Brasileiro. No período, foi vencedora do prêmio de Atriz Revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, em 1952, por seu trabalho em Está Lá Fora um Inspetor, de J.B. Priestley, e Loucuras do Imperador, de Paulo Magalhães. Fundou, ainda, a companhia Teatro dos Sete junto de outros importantes nomes da cena teatral brasileira. 

Sua estreia na televisão foi em 1963, na TV Rio, com as novelas Amor Não é Amor e A Morta sem Espelho, ambas de Nelson Rodrigues. Passou, também, pela TV Globo e a TV Excelsior. Além de novelas, atuou em minisséries, com destaque para O Auto da Compadecida (1999).

Em 1999, Fernanda Montenegro foi condecorada com a maior comenda que um brasileiro pode receber da Presidência da República, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito "pelo reconhecimento ao destacado trabalho nas artes cênicas brasileiras".


https://www.academia.org.br/noticias/fernanda-montenegro-toma-posse-na-academia-brasileira-de-letras

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS EMPOSSA SUA NOVA DIRETORIA PARA 2020



"Não haverá saída possível se não lançarmos um olhar frontal e desarmado para o presente. Não como súditos ou inimigos, mas enquanto cidadãos para construir, de forma inclusiva e generosa, o bem comum", enfatiza Marco Lucchesi em seu discurso de posse na Presidência da ABL.

A nova Diretoria da Academia Brasileira de Letras, eleita no dia 5 de dezembro, tomou posse no dia 12 de dezembro, às 17h00, no Salão Nobre do Petit Trianon (Avenida Presidente Wilson, 203 - Castelo, Rio de Janeiro).  

O Presidente é o Acadêmico e escritor Marco Lucchesi. Assumiram, ainda, os seguintes Diretores: Secretário-Geral: Merval Pereira; Primeiro-Secretário: Antônio Torres; Segundo-Secretário: Edmar Bacha; Tesoureiro: José Murilo de Carvalho. 
Em seu discurso de Posse, Lucchesi afirmou: "Não haverá saída possível se não lançarmos um olhar frontal e desarmado para o presente. Não como súditos ou inimigos, mas enquanto cidadãos para construir, de forma inclusiva e generosa, o bem comum’.

 
DIRETORIA DA ABL PARA 2020


MARCO LUCCHESI – Sétimo ocupante da Cadeira n.° 15 da ABL, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Padre Fernando Bastos de Ávila, Marco Lucchesi, nascido no Rio de janeiro em 9 de dezembro de 1963, é o mais jovem Presidente da Academia Brasileira de Letras dos últimos 70 anos. O mais novo, em toda a história da ABL, foi o Acadêmico Pedro Calmon (1902-1985), que assumiu, em 1945, com 43 anos de idade.
Escritor muitas vezes premiado, tanto no Brasil quanto no exterior, Lucchesi é autor de uma obra que abarca poesia, romance, ensaios, memórias e traduções. Publicou mais de 40 livros ao longo de sua trajetória. Professor titular de Literatura Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem pós-doutorado em Filosofia da Renascença na Alemanha. Formado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), possui mestrado e doutorado em Ciência da Literatura. Seus livros mais recentes são O carteiro imaterial (ensaios), Clio (poesia) e O bibliotecário do imperador (romance). Ganhou três Prêmios Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.


MERVAL PEREIRA – Oitavo ocupante da Cadeira n.° 31, eleito em 22 de junho de 2011, na sucessão de Moacyr Scliar, Merval Pereira é jornalista e comentarista da GloboNews e da CBN, e colunista de O Globo. Foi eleito Correspondente Brasileiro da Academia das Ciências de Lisboa em novembro de 2016. Em 1979, recebeu o Prêmio Esso pela série de reportagens “A segunda guerra, sucessão de Geisel”, publicada no Jornal de Brasília e escrita em parceria com o então editor do jornal, André Gustavo Stumpf. A série virou livro, considerado referência para estudos da época e citado por brasilianistas, como Thomas Skidmore. Em 2009, recebeu o prêmio Maria Moors Cabot da Universidade de Columbia de excelência jornalística, a mais importante premiação internacional do jornalismo das Américas.


ANTÔNIO TORRES – Nascido na Bahia, Antônio Torres estreou na literatura em 1972, com o romance Um cão uivando para a Lua, considerado pela crítica a revelação daquele ano. Hoje, entre os seus 17 títulos publicados, destaca-se a trilogia formada por Essa terra (1976), O cachorro e o lobo (1997) e Pelo fundo da agulha (2006). Em 1998, foi condecorado pelo governo francês como Chevalier des Arts et des Lettres, pelos seus livros traduzidos na França. Em 2000, teve o reconhecimento nacional ao receber o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da sua obra. Em 2001, ganhou o Prêmio Zaffari & Bourbon. Recebeu ainda, entre outros, o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, da Academia Carioca de Letras, e o Prêmio da Academia Petropolitana de Letras, ambos pelo conjunto da sua obra, da 9.a Jornada Nacional de Literatura, da Universidade de Passo Fundo, RS, pelo romance Meu querido canibal. Em 2007, Pelo fundo da agulha foi um dos ganhadores do Prêmio Jabuti. Seus livros, que passeiam por cenários rurais, urbanos e da História, têm tido várias edições no Brasil e traduções em muitos países; da Argentina ao Vietnã. De 1999 a 2005, foi Escritor Visitante da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, quando ministrava oficinas literárias, realizava aulas inaugurais e proferia palestras nos campi do Maracanã, da Faculdade de Formação de Professores da UERJ em São Gonçalo e da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da UERJ em Duque de Caxias. 


EDMAR BACHA – Economista, fundador e diretor do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, um centro de pesquisas e debates no Rio de Janeiro, nasceu em Lambari, Minas Gerais, de uma família de escritores, políticos e comerciantes. Sexto ocupante da Cadeira n.° 40, eleito em 3 de novembro de 2016, na sucessão de Evaristo de Moraes Filho, concluiu a Faculdade de Ciências Econômicas na Universidade Federal de Minas Gerais e, em seguida, obteve o ph.D. em Economia na Universidade de Yale, EUA. É autor de inúmeros livros e artigos em revistas acadêmicas brasileiras e internacionais. O último livro foi Belíndia 2.0: Fábulas e Ensaios sobre o País dos Contrastes.


JOSÉ MURILO DE CARVALHO – Historiador e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nascido em Andrelândia (MG), fez sua graduação em Sociologia e Política na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é ph.D. pela Universidade de Stanford. Atuou como professor visitante e pesquisador em diversas universidades estrangeiras, como Oxford, Leiden, Londres, Stanford e Princeton. É autor de vasta produção de artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, no Brasil e exterior, e de livros, como Os bestializados (1987), Pontos e bordados (1998), A formação das almas – o imaginário da República no Brasil (1990), Cidadania no Brasil: o longo caminho (2001) e Dom Pedro II (2007). Seu livro mais recente é O pecado original da República.

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domingo, 20 de outubro de 2019

JORNALISTA IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO TOMA POSSE NA CADEIRA 11 DA ABL E AFIRMA: “NÃO PODEMOS REPOUSAR A CABEÇA ALHEIOS AO TERROR NEM PERMITIR QUE NOS ARRANQUEM A VOZ DE NOSSAS GARGANTAS”


A chegada de Ignácio de Loyola Brandão à Academia Brasileira de Letras constitui motivo de júbilo pessoal e institucional. Somos leitores de sua bela ficção, audaciosamente brasileira, composta de muitas vozes. Ignácio realiza em plenitude o diálogo entre literatura e liberdade. Tal gesto reflete o destino da Casa de Machado. Bem-vindo, Ignácio”, afirmou o Presidente da ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.

O jornalista Ignácio de Loyola Brandão tomou posse na Cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras sexta-feira, dia 18 de outubro, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 14 de março deste ano, na sucessão do Acadêmico Helio Jaguaribe, falecido em 9 de setembro de 2018. Em nome da ABL, o Acadêmico e escritor Antônio Torres fez o discurso de recepção.

Antes, Ignácio de Loyola Brandão discursou na tribuna. Ao terminar, assinou o livro de posse. A seguir, o Presidente Marco Lucchesi convidou o Acadêmico Celso Lafer para fazer a aposição do colar; o Acadêmico e professor Arnaldo Niskier (decano presente) para entregar a espada; e a Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira para entregar o diploma. Terminada a cerimônia, o Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

A mesa da cerimônia foi presidida por Marco Lucchesi e composta pelos Acadêmicos Ana Maria MachadoJosé Murilo de CarvalhoMerval Pereira e Antônio Torres.

Os ocupantes anteriores da Cadeira foram: Lúcio de Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Fagundes Varela –, Pedro LessaEduardo RamosJoão Luís AlvesAdelmar TavaresDeolindo CoutoCelso Furtado e Helio Jaguaribe.

DISCURSO DE POSSE
Em seu discurso de posse, o Acadêmico Ignácio de Loyola Brandão declarou: “para desenvolver o Brasil precisamos de Desenvolvimento, democracia, liberdade, saúde para sobreviver, ensino e trabalho, ausência de fome e miséria, de segurança e acima de tudo ética e verdade. E principalmente nos relacionarmos sem ódio, indignação, acirramento.” 

E encerrou: “não podemos repousar a cabeça alheios ao terror nem permitir que nos arranquem a voz de nossas gargantas”.

DISCURSO DE RECEPÇÃO
O Acadêmico Antônio Torres afirmou em seu discurso de recepção: “precisaria de mil e uma noites para juntar no Salão Nobre do meu cérebro todos os grãos separados em minhas leituras, releituras, anotações, e memórias em torno da sua imensurável trajetória.

“Eu me recordo de uma redação agitada e barulhenta de um jornal vibrante, no Vale do Anhangabaú, na qual éramos colegas de trabalho há mais de um ano, mas pouco nos falávamos.

“Num dia em que bati o ponto no grande relógio postado um pouco além da porta de entrada da redação bem antes da hora, imaginando ser o primeiro a chegar, fui surpreendido com o tac-tac-tac de uma máquina de escrever, único sinal de vida naquele salão vazio. Ao passar perto de quem, de costas para a entrada, catava feijão nas teclas completamente absorvido pelo seu matraquear, tive outra surpresa: a de um aceno para que me aproximasse. A mão que acenava apontou para uma pilha de páginas que mal cabiam na borda de uma estreita mesa, enquanto uma voz dizia: - Dá uma olhada nisso.

“E foi assim, ao acaso, que me senti testemunha ocular do nascimento do primeiro livro de um escritor que não demoraria muito a se tornar um dos expoentes de uma geração que chegaria a esta Casa”.

O NOVO ACADÊMICO
Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara, São Paulo, em 1936. Jornalista na sua cidade natal, foi para São Paulo aos 21 anos, onde continuou sua carreira. Trabalhou no jornal Última Hora, nas revistas Cláudia, Realidade, Setenta, Planeta, Ciência e Vida, Lui e Vogue. Atualmente escreve uma crônica quinzenal para o jornal O Estado de S. Paulo.

Viveu em Roma e depois em Berlim. Em 2008, ganhou o prêmio Jabuti, com o O Menino que Vendia Palavras, considerado a melhor ficção do ano. Em 2011, lançou A Morena da Estação, crônicas sobre trens, ferrovias, estações. Publicou, em 2014, Os olhos cegos dos cavalos loucos, um emocionante pedido de perdão de um neto para seu avô. Em 2016, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.

Para ele, literatura é sonho, paixão, divertimento, prazer, viagem por mundos desconhecidos, terapia. Com sua filha Rita Gullo subiu ao palco em teatros e nas unidades do SESC com o show “Solidão no fundo da agulha”, experiência inédita em que relembra momentos importantes de sua biografia.

Publicou mais de 40 livros, entre romances e contos, crônicas infantis e infantojuvenis.




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sábado, 13 de abril de 2019

CINEASTA CARLOS (CACÁ) DIEGUES TOMA POSSE NA CADEIRA 7 DA ABL E AFIRMA, EM SEU DISCURSO, SOBRE O BRASIL DE HOJE: ‘HÁ UM DESEJO LATENTE DE VALORIZAR A VULGARIDADE’



O cineasta Carlos (Cacá) Diegues tomou posse nesta sexta-feira, dia 12 de abril, na Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon, na sucessão do Acadêmico e cineasta Nelson Pereira dos Santos (falecido no dia 21 de abril do ano passado). O novo Acadêmico foi eleito no dia 30 de agosto do ano passado.

Cacá Diegues foi recebido, em nome da ABL, pelo Acadêmico, poeta e tradutor Geraldo Carneiro, que destacou: “Carlos José Fontes Diegues – o nosso Cacá – já nasceu assinalado pela brasilidade. Tudo o que faz, como artista e intelectual, traz a marca do Brasil. Em resposta aos tempos negros da ditadura militar, Cacá Diegues fez de seu cinema um lugar de celebração da vida e da cultura brasileira. Desde os anos 60, Carlos Diegues se distingue também como jornalista, intelectual e pensador. Mas parece que seu destino é mesmo o de fundir o cinema e a poesia. Por mais que a realidade seja sua parceira, seu tempo é sempre o tempo da utopia”.

Em seu discurso de posse, o novo Acadêmico afirmou: “O Cinema Novo brasileiro não foi, senão, a chegada tardia do modernismo ao nosso cinema. Era preciso produzir um cinema para a nação, mas também inventar uma nação no cinema. Nossas melhores cabeças do século XX sonharam com esse projeto de Brasil. Agora, os tempos são outros. Temos sofrido um vendaval de paixões polarizadas e histéricas. Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito “normal”, aquele que só reproduz os piores valores de nossa ignorância, sem sonhos nem fantasias, num horizonte sombrio e sem surpresas. A criação, hoje, corre o risco de se tornar prisioneira dessa consagração da platitude, onde o único valor reconhecido e respeitado é o da morte elevada a uma desimportância consagradora”.

Após o discurso, o Presidente da ABL convidou o Acadêmico Merval Pereira para fazer a aposição do colar; o Acadêmico Arnaldo Niskier (decano presente) para entregar a espada; e o Acadêmico Zuenir Ventura para entregar o diploma. O Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico. Os ocupantes anteriores da cadeira 7, além de Nelson Pereira dos Santos, foram: Valentim Magalhães (fundador) – que escolheu como patrono Castro Alves –, Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa.

 
O NOVO ACADÊMICO

Cacá nasceu em Maceió, Alagoas, no dia 19 de maio de 1940, filho do antropólogo Manuel Diegues Jr. e de Zaira Fontes Diegues. Cinéfilo desde a adolescência, também era poeta e trabalhava como jornalista. Foi eleito para a Cadeira 7 da ABL, no dia 30 de agosto deste ano, na sucessão do Acadêmico e cineasta Nelson Pereira dos Santos.

Em 1958, aos 18 nos de idade, teve seus poemas publicados no Jornal do Brasil pelo ensaísta e crítico Mario Faustino, que o apresentou como uma revelação na poesia brasileira. Por essa mesma época, participou ativamente do movimento cineclubista no Rio de Janeiro, quando se integrou à nova geração de cineastas que buscava registrar a verdadeira imagem do Brasil, num movimento que seria conhecido como Cinema Novo, sob a liderança de Nelson Pereira dos Santos.

Depois de realizar alguns curta metragens, Cacá estreou profissionalmente em 1962, dirigindo um dos episódios do filme “Cinco vezes Favela”, produzido pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE – um filme que se tornaria uma das obras inaugurais do Cinema Novo.

Ao longo de sua carreira de cineasta, realizou mais de 20 filmes de longa-metragem, entre os quais “Ganga Zumba” (1964), “Os herdeiros” (1969), “Joanna Francesa” (1973), “Xica da Silva” (1976), “Chuvas de verão” (1978), “Bye Bye Brasil” (1980), “Quilombo” (1984), “Um trem para as estrelas” (1987), “Tieta do Agreste” (1995), “Orfeu” (1999), “Deus é brasileiro” (2003), “O maior amor do mundo” (2005) e agora “O grande circo místico” (2018), inspirado na obra do poeta Jorge de Lima. Todos esses filmes foram lançados comercialmente em diferentes países do mundo, nas salas de cinema e na televisão, além de sua presença e de prêmios nos festivais internacionais mais importantes, como Cannes, Veneza, Berlim, San Sebastian, Toronto, Nova York, Mar del Plata e outros.

O novo Acadêmico publicou alguns livros, nem sempre sobre cinema, tendo começado com “Ideias e Imagens”, de 1988. Seus livros mais recentes são "Vida de Cinema”, mais de 600 páginas sobre o Cinema Novo, e “Todo Domingo”, uma coletânea de seus textos publicados semanalmente no jornal Globo. Recebeu homenagens de diversas naturezas, no Brasil e no mundo, entre as quais o titulo de Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres, do governo francês; o Prix de la Célebration du Centenaire du Cinématographe, do Instituto Lumière de Lyon; o Golden Reel Award, do Grupo HBO; o Lifetime Achievement Award, concedido pela cidade de Chicago; o Prêmio Roberto Rosselini, pelo conjunto de sua obra, dado pela Associação Nacional dos Críticos de Cinema da Itália; eleito Personalidade do Cinema Latino-Americano, pela Associação Internacional de Críticos (Fipresci); Ordem do Mérito Cultural de Portugal; Comendador da Ordem de Rio Branco, do governo brasileiro; Comendador da Ordem do Mérito Cultural do Brasil; e outros. Casado com a produtora de cinema Renata Magalhães, Cacá tem um filho e três filhas.

12/04/2019


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sábado, 24 de novembro de 2018

ABL: JURISTA E EDUCADOR JOAQUIM FALCÃO TOMA POSSE NA CADEIRA 3 DA ABL E AFIRMA: ‘NÃO DEVEMOS NOS ENTREGAR À OUTRA ESCURIDÃO. AQUELA QUE ALGUÉM ESCOLHE POR NÓS O QUE NÓS PODEMOS ESCOLHER’


O jurista, educador e intelectual público Joaquim Falcão tomou posse na Cadeira 3 da Academia Brasileira de Letras, hoje, sexta-feira, dia 23 de novembro, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 19 de abril deste ano, na sucessão do Acadêmico, escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, falecido no dia 5 de janeiro de 2018. Em nome da ABL, a Acadêmica, escritora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira fez o discurso de recepção.

Antes, Joaquim Falcão discursou na tribuna. Ao terminar, assinou o livro de posse. A seguir, o Presidente Marco Lucchesi convidou o Acadêmico e jornalista Merval Pereira para fazer a aposição do colar; o Acadêmico e professor Arnaldo Niskier (decano presente) para entregar a espada; e o Acadêmico e escritor Marcos Vinicios Vilaça para entregar o diploma. Terminada a cerimônia, o Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

A mesa da cerimônia foi presidida por Marco Lucchesi e composta pelos seguintes Acadêmicos e convidados: Alberto da Costa e Silva, Secretário-Geral da ABL; Merval Pereira, Segundo Secretário; Rosiska Darcy de Oliveira; Paulo Câmara, Governador Pernambuco; Jarbas Vasconcellos, Governador Maranhão.

Os ocupantes anteriores da Cadeira foram: Filinto de Almeida (fundador) – que escolheu como patrono Artur de Oliveira –, Roberto Simonsen, Aníbal Freire da Fonseca e Herberto Sales.

 
DISCURSO DE POSSE

“Comecei propondo a ABL como patrimônio cultural. Termino propondo o estado democrático de direito como patrimônio político. Ambos dentro do comando de nossa constituição: ampliar a cidadania plena.

“Cultura é a capacidade de cada um escolher seu melhor futuro. Matéria-prima da democracia, tão importante quanto segurança, emprego, saúde, educação e justiça. Nenhuma economia funciona sem eficiente infraestrutura: rodovias, saneamento, transportes, energia e tanto mais. Assim, também, a democracia. Não funciona sem adequada infraestrutura para a livre circulação de direitos e deveres culturais. Direito é energia. Move igualdades e liberdades. Não pode faltar.

“Como energia, focalizo o direito de ler, de leitura e a literatura. Por todos os meios: livro, jornal, laptop, celular, internet, rádio, tv, exposições de arte. Analógicos, dialógicos, presenciais. Ler vendo, ler lendo, ler ouvindo, ler acessando. Sou dos que acreditam que mesmo em era visual, nunca se leu tanto no mundo. Apenas, lê-se diferentemente. Sejam grandes romances, instalações, twitter, facebook ou whatsapp.

Vencemos o analfabetismo que nos impedia de tecnicamente ler. Não devemos nos entregar à outra escuridão. Aquela onde alguém escolhe por nós o que nós mesmos podemos escolher”.

E encerrou: “O direito de expressão é direito relacional. Entre a liberdade do emissor e a escolha do receptor. Um energiza e dá vida ao outro. Mas, Austregésilo de Athayde, de Caruaru, nordestinado, diria o pernambucano Marcos Accioly, cimento que une esta instituição já com 120 anos, dizia: ‘O direito não é do jornalista, é do povo’”.

 
DISCURSO DE RECEPÇÃO

Rosiska Darcy de Oliveira afirmou, em seu discurso de recepção, que “uma vida que faz sentido é realmente um fazer. O sentido de uma vida não nos é dado, é escultura do tempo, é lapidação da matéria insondável da existência, é gênio e arte nas escolhas. Nada disso lhe faltou.

“Joaquim tem o dom de fazer o sentido da sua vida jogando no caleidoscópio do seu destino seus múltiplos talentos, atividades, criações, pertencimentos, afetos, andanças, como se toda essa diversidade pudesse se entender entre si, harmoniosamente, como se pertencesse a uma mesma matriz.

“Creio que essa matriz, como disse na abertura desse discurso, seja o sangue de seus ancestrais que formou com o seu essa pessoa única, Joaquim de Arruda Falcão Neto, advogado, jurista, jornalista, homem de letras, educador, intelectual público e que, por todos esses títulos, pertence a partir de hoje à Academia Brasileira de Letras.

 
O NOVO ACADÊMICO

Jurista, educador, intelectual público, Joaquim Falcão, sexto ocupante da Cadeira 3 da ABL, tem 74 anos, nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro – mas mantém origem e vínculos com Olinda, Pernambuco. Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Rio de Janeiro (Summa cum Laude), é mestre em Direito na Harvard Law School, mestre em Planejamento de Educação e doutorado na Universidade de Genebra. Foi Diretor, na década de setenta, da Faculdade de Direito da PUC-Rio. Professor Associado da Universidade Federal de Pernambuco e Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundador e professor titular da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro.

Indicado pelo Senado, foi conselheiro representante da sociedade civil na primeira gestão do Conselho Nacional de Justiça, na época presidido pelo Ministro Nelson Jobim. Quando, então, se combateu o nepotismo e os adicionais salariais dos magistrados.

Trabalhou diretamente com Roberto Marinho, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, que o convidaram para dirigir a Fundação Roberto Marinho, na década de noventa. Na época, criou o Telecurso 2000, que chegou a ter mais de dois milhões de alunos. Criou, também, o pioneiro Globo Ecologia, com Cláudio e Elza Savaget, e o Canal Futura, com Roberto de Oliveira.

Ruth Cardoso o convidou para conselheiro da Comunidade Solidária, quando importantes avanços na organização e mobilização da sociedade civil foram feitos, inclusive a criação do GIF. Seu livro Democracia, Direito e Terceiro Setor, publicado pela Editora FGV – Rio de Janeiro, em 2006, reflete esta mobilização. Com um jovem grupo de professores de direito, de formação nacional e global, criou a Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas.

Na área jurídica, especializou-se no Supremo Tribunal Federal e publicou o livro O Supremo, pela Edições de Janeiro – Rio de Janeiro, em 2015. Organizou com colegas os livros Onze Supremos, publicado pela Editora Letramento – Belo Horizonte, em 2017; Impeachment de Dilma Rousseff: entre o Congresso e o Supremo, em 2017, editora Letramento – Belo Horizonte; e em breve sairá o novo livro O Supremo Criminal. Entre outros livros que escreveu estão também: Os advogados: ensino jurídico e mercado de trabalho, pela Editora Massangana, 1984; Quase Todos, em 2014, pela Editora FGV.

Faz parte de múltiplas instituições como: Vice-Presidente do Instituto Cultural Itaú; Conselheiro da Fundação do Câncer; Conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo; Membro do Instituto dos Advogados do Brasil; Conselheiro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Membro da Ordem dos Advogados do Brasil; Conselheiro da Transparência Internacional.


AUTORIDADES

Compareceram à cerimônia, além dos Acadêmicos, parentes e convidados, as seguintes autoridades  (em ordem alfabética): Alexandre Moraes e Sra. Vivian – Min. STF; Carlos Ayres Britto e Sra. Rita – Min STF; Ellen Gracie Northfleet – Min. STF; Flávio Dino e Sra. Daniele; João Roberto Marinho e Sra. Gisela – Pres. Org. Globo; Jorge Hue e Sra.; Luís Roberto Barroso e Sra. Teresa Cristina – Min. STF; Nelson Jobim e Sra. Adrienne – Min. STF; Og Fernandes e Sra. – Ministro STJ; Paulo Câmara e Sra. Ana – Governador de Pernambuco; Paulo Herkenhoff Raul Henry e Sra. Luiza, Deputado Federal; Ricardo Brennand e Sra. Graça; Sérgio Fernando Moro e Sra. Rosângela; Sidnei Benetti – Ministro STJ.

23/11/2018



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sábado, 12 de agosto de 2017

PROFESSOR E HISTORIADOR ARNO WEHLING TOMA POSSE NA CADEIRA 37 DA ABL, NA SUCESSÃO DO ACADÊMICO E POETA FERREIRA GULLAR




“Com Arno Wehling, chega à Academia um historiador de altos saberes, um pensador da cultura, um cultor do direito. Sua presença amplia o contingente dos notáveis da inteligência brasileira que, ao lado dos escritores, integram, como estabeleceu a sabedoria dos fundadores, a Casa de Machado de Assis”, afirmou o Presidente da ABL, Acadêmico e professor Domício Proença Filho.

“Não se estranhe que um historiador como Arno Wehling suceda, nesta Academia, três poetas. A história é uma ciência, mas, quando bem escrita, pode ser uma obra de arte literária”, afirmou, em seu discurso de recepção, o Acadêmico e historiador Alberto da Costa e Silva.


O historiador e professor carioca Arno Weling, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), tomou posse na Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras, nesta sexta-feira, dia 11 de agosto, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi eleito no dia 9 de março deste ano, na sucessão do Acadêmico e poeta Ferreira Gullar, falecido no dia 4 de dezembro de 2016.

Em nome da ABL, o Acadêmico, embaixador e historiador Alberto da Costa e Silva fez o discurso de recepção. Antes, Arno Wehling discursou na tribuna. A seguir, assinou o livro de posse. Logo após, o Presidente convidou o Acadêmico e professor Arnaldo Niskier (segundo a tradição, o decano presente) para entregar a espada (Eduarda Wehling de Toledo, neta do empossado, ficou responsável pela espada); o Acadêmico e historiador José Murilo de Carvalho para fazer a aposição do colar; e o Acadêmico e jornalista Cícero Sandroni, a entrega do diploma (Gabriela Wehling de Toledo guardou o diploma do Acadêmico avô). O Presidente, então, declarou empossado o novo Acadêmico.

Os ocupantes anteriores da cadeira 37 foram: Silva Ramos (fundador) – que escolheu como patrono Tomás Antônio Gonzaga –, Alcântara Machado, Getúlio Vargas, Assis Chateaubriand, João Cabral de Melo Neto e Ivan Junqueira.

DISCURSO DE POSSE

Em seu discurso de posse, Arno Wehling afirmou: “Ingresso na Academia Brasileira de Letras com uma convicção, a de seu significado intelectual, simbólico e ético como grande instituição brasileira. Vejo a Academia como uma grande irmandade espiritual no tempo e sei que dela participar implica estabelecer vínculos múltiplos, antes de tudo com ela própria e o que encarna em matéria de liberdade, diversidade, humanismo e compromisso com o Brasil.

“E que cadeira desafiadora, a cadeira 37! O patrono, Tomás Antonio Gonzaga; três poetas, João Cabral de Melo Neto, Ivã Junqueira e Ferreira Gullar; um filólogo que secundariamente poetou, o fundador Silva Ramos e três homens de ação, Alcântara Machado, Getúlio Vargas e Assis Chateaubriand, um dos quais deu rica contributo à interpretação do Brasil.

 “Os ocupantes da cadeira 37 foram limítrofes de mundos diversos, não só por terem optado por diferentes formas de expressão (poesia, ensaio, análise social, discurso político, texto jornalístico, até artes plásticas, como Ferreira Gullar) mas igualmente por terem sensibilidade para captar as tensões entre natureza e cultura (como Gullar e João Cabral) , fenômeno e essência (como Ivã Junqueira) ou entre o antigo e o moderno (como Alcântara Machado, Getúlio ou Chateaubriand). Particularmente pendular e tensional foi Ferreira Gullar, com polarizações como indivíduo/ser, Sol-fogo/morte, ninguém/todo mundo, pondera/delira, almoça e janta/se espanta, permanente/de repente.

“Tiveram igualmente a preocupação com o tempo, entre a ânsia de perenidade e a consciência da finitude, além da percepção de tempos diversos, mas coetâneos, como no Poema Sujo de Gullar ou ainda nas transformações da vida nordestina em Cão sem plumas e O Rio de João Cabral.

“Em todos os ocupantes da cadeira, uma unanimidade, a defesa da língua portuguesa como falada no Brasil, com suas características e particularidades. E um traço comum, a esperança dirigida a objetos diversos, conforme os valores e as intenções de cada um, mas sempre esperança.  Em Ferreira Gullar, a esperança de superar as limitações materiais do Brasil e as limitações do viver, sempre através da arte. Ivan Junqueira, a esperança dos valores eternos, suspeito que inspirado em algum tipo de socratismo cristão. João Cabral supera o ceticismo porque “celebra a solidariedade humana” e diz que “não há melhor resposta/que o espetáculo da vida”. Silva Ramos espera por um novo Brasil e pelo futuro da língua. Gonzaga, pela lira inspirada e pela lisura dos governantes. Alcântara Machado, que triunfe o espírito bandeirante em todo o país. Chateaubriand, que surja um novo país - moderno, industrial, culto. Getúlio Vargas... terá um suicida perdido a esperança, como no pórtico de Dante? Não creio. Comte ensinava que a eternidade era a presença na memória dos homens e o positivista Vargas expressou claramente que saía da vida para passar à história.

“Os 120 anos da Academia coincidem com a aceleração da história e com esta peculiar historicidade que não se explica pelas ilusões cientificistas do século XIX, com sua busca ingênua das leis históricas, mas pelo esforço por uma compreensão mais profunda dos atos humanos, do funcionamento das instituições e dos processos sociais.

“Instituições como a Academia, fóruns de convívio e de ideias, têm um papel a cumprir nesses desafios da historicidade contemporânea. E este papel, consubstanciado nas suas realizações intelectuais e simbólicas, possui significado transcendente se pensarmos que a Ética de Aristóteles nos recomenda viver de acordo com a melhor parte de nós mesmos: se assim for, a experiência da historicidade deve ser uma experiência de humanidade.”

DISCURSO DE RECEPÇÃO

Alberto da Costa e Silva afirmou, em seu discurso de recepção, que “desde cedo, Arno Wehling já tomara interesse pela historiografia, ou melhor, pela história da História e dos métodos de que ela se vale. Não fora assim e o seu primeiro livro, publicado aos 27 anos, não se chamaria Os níveis da objetividade histórica. Nos que se seguiram ─ como A invenção da história: estudos sobre o historicismo ─ e em incontáveis trabalhos impressos em revistas especializadas e obras coletivas, e em conferências, palestras e comunicações em simpósios, respiram a segurança e o entusiasmo do estudioso que se tornou íntimo das teorias que movimentam as ciências humanas e outros saberes.

“Destaque-se, entre suas obras, esse livro precioso, exemplo de concisão e claridade, que é Estado, história, memória: Varnhagen e a construção da identidade nacional, no qual se analisa o pensamento ultraconservador do Visconde de Porto Seguro, à luz das ideias prevalecentes no seu tempo, se descreve o seu apego intelectual e afetivo ao projeto centralizador da monarquia brasileira, e se mostra como esse pensamento marcou até mesmo o ensino da História do Brasil às crianças e aos adolescentes.

É esta a sua linhagem, Senhor Acadêmico Arno Wehling. A linhagem dos que podem dizer com Almeida Garrett: “Isto pensava, isto escrevo; isto tinha na alma, isto vai no papel: que doutro modo não sei escrever”. Saberia, se quisesse. Mas prefere fugir das formas barrocas e dedicar-se à busca dos termos exatos para expressar-se com nitidez e cuidada simplicidade. E não falta a muito de seus textos o bondoso e calmo sorriso com que acompanha o que ouve e diz. Por isso, ao trazê-lo para o nosso convívio, ganhamos, além de um grande historiador e homem de pensamento, alguém que nos transmite o gosto de ser feliz”.

O NOVO ACADÊMICO

Natural da cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1947, Arno Wehling formou-se em História pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) e em Direito pela Universidade Santa Úrsula, sendo doutor em História e livre docente de História Ibérica pela USP e realizando pós-doutoramento na Universidade do Porto.

Desenvolveu toda a sua atividade profissional como professor e pesquisador na universidade, tornando-se professor titular por concurso de títulos, provas e defesa de tese na UFRJ (Teoria e Metodologia da História) e na Unirio (História do Direito e das Instituições). Foi professor visitante das Universidades Portucalense e de Lisboa e pesquisador do CNPq.

Na administração universitária foi chefe de departamento e decano da Unirio e diretor, decano e reitor da UGF. Participou da fundação ou atuou em vários programas de pós-graduação em História, Filosofia e Direito na UFRJ, Unirio e UGF. Atualmente, é professor de História do Direito do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Veiga de Almeida. Sua atividade intelectual como historiador e ensaísta desenvolve-se preferencialmente nos campos da epistemologia das ciências humanas/história, da história das ideias políticas e jurídicas e da história do direito/instituições. Suas pesquisas concentram-se sobretudo no período colonial brasileiro, em especial do século XVIII às primeiras décadas do século XIX e nos fundamentos teóricos da produção historiográfica brasileira.

Wehling é Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro de institutos históricos estaduais, academias ibero-americanas de História (Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Venezuela, Portugal e Espanha) e da Academia das Ciências de Lisboa. Atuou e atua como parecerista de entidades de fomento (CNPq, Capes, Fundação Araucária, Fapesp, Faperj, Conicet), além de ser membro de conselhos editoriais do país e do exterior e conselheiro do Conselho Técnico da CNC e do IPHAN.

É autor de cerca de duzentos trabalhos nas suas áreas, entre artigos em periódicos especializados, verbetes em obras de referência, capítulos de livros, comunicações em anais e livros. Destes, tratam de questões teóricas e historiografia Os níveis da objetividade histórica (1974), A invenção da históriaestudos sobre o historicismo (1994 e 2001), Estado, história e memória – Varnhagen e a construção do estado nacional (1999) e De formigas, aranhas e abelhas – reflexões sobre o IHGB (2010 e 2017). Sobre estruturas de poder, em especial relacionadas ao direito e à justiça e às ideias políticas, Administração portuguesa no Brasil, 1777-1808 (1986), Pensamento político e elaboração constitucional (1994) e Direito e Justiça no Brasil Colonial – o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (2004), este em colaboração com Maria José Wehling. Publicou ainda dois livros de síntese, também com Maria José Wehling, Formação do Brasil colonial (1994; 5ª. edição 2012) e Documentos Históricos Brasileiros (2000).
11/08/2017



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quinta-feira, 6 de abril de 2017

ECONOMISTA EDMAR BACHA TOMA POSSE NA CADEIRA 40 DA ABL NESTA SEXTA-FEIRA, DIA 7 DE ABRIL, ÀS 21 HORAS, NA SUCESSÃO DO JURISTA EVARISTO DE MORAES FILHO


O economista e escritor mineiro Edmar Lisboa Bacha toma posse na Cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras, nesta sexta-feira, dia 7 de abril, às 21 horas, em solenidade no Petit Trianon.

O novo Acadêmico foi eleito no dia 3 de novembro do ano passado, na sucessão do Acadêmico e jurista Evaristo de Moraes Filho, falecido no dia 22 de julho de 2016.

Os ocupantes anteriores da cadeira 40 foram: Eduardo Prado (fundador) – que escolheu como patrono o Visconde do Rio Branco –, Afonso Arinos, Miguel Couto e Alceu Amoroso Lima.

Atenção: os veículos de comunicação que desejarem fazer a cobertura do evento devem enviar o nome de seu profissional (ou da equipe) para a Assessoria de Imprensa da ABL. Telefones: 3974-2574, 2552, 2534. Ou pelos e-mails acathayde@academia.org.br; cristiana@academia.org.br; ou sergio@academia.org.br.

03/04/2017

(ABL)


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quarta-feira, 15 de março de 2017

POSSE DA NOVA DIRETORIA DA AGRAL, 2017/2019

Foto de Zélia Possidônio
Nova Diretoria da AGRAL


Nesta terça-feira, 14 de Março de 2017, DIA DA POESIA foi empossada a nova diretoria da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL, para o biênio 2017/2019. O salão de eventos da Loja Maçônica 28 de Julho, engalanado, recebeu amigos, parentes, admiradores dos Acadêmicos, imprensa e autoridades da cidade. Os Diretores de Eventos Ari Rodrigues e Eva Lima fizeram a abertura bem ao modo de sua capacidade profissional e intelectual e foram ouvidos no maior silêncio por uma plateia expectante. 

Em seu discurso de despedida, o Presidente Ivann Krebs Montenegro, que atuou desde a fundação e instalação da AGRAL agradeceu o carinho e apoio que sempre recebeu dos confrades e falou da sua alegria em ser sucedido pelo jornalista acadêmico Ramiro Aquino,  que nestes anos todos foi dedicado e atento aos propósitos da entidade. Ivann deixou a presidência, mas continua Presidente de Honra e Primeiro Secretário da Agral. 

Ramiro Aquino em seu pronunciamento deixou claro a sua intenção de dar tudo de si pelo progresso e união da Academia, ressaltando que espera colaboração e fidelidade de todos os confrades, principalmente dos demais membros da diretoria por ele escolhidos. Elogiou a dedicação  dos recém-eleitos Diretores de Eventos, Ari Rodrigues e Eva Lima, que cuidaram de pormenores  da festa, coordenados  pela Vice Presidente eleita,  Zélia Possidônio. Agradeceu a convidados e profissionais  que ali estavam, lamentou o falecimento, ano passado, da acadêmica Jasmínea Benício dos Santos e prometeu total empenho pelo progresso da academia. Ramiro Aquino  nomeou a diretoria e os 14 membros pronunciaram o juramento.

Foi exibido  um vídeo apresentando cada um dos membros da academia e respectivo patrono. Depois aconteceu momento  cultural, quando os acadêmicos Eva Lima, Glória Brandão, Zélia Possidônio, Antonio Baracho e Cláudio Zumaeta se manifestaram. Mas o  ponto alto dessas manifestações foi  o Coral Cantores de Orfeu, da acadêmica maestrina Zélia Lessa, que por trinta minutos apresentou  um pot-pourri com as melhores músicas do seu repertório; foi muito aplaudido.

Muito bem-vindas as confreiras Dra. Sonia Carvalho de Almeida Maron, Presidente da Academia de Letras de Itabuna-ALITA, e a Jornalista Celina Santos, também membro da ALITA. Notáveis presenças das professoras Lucia Saadi, Naná Bittar e Efigênia Oliveira, biógrafa de Zélia Lessa; compareceram também a radialista, poeta e atriz Sonia Amorim,  presidente do  Sindicato  dos  Radialistas, Publicitários e  trabalhadores em TV  de  Itabuna e Jorge Braga, presidente da CDL Itabuna.

Por tudo o que representou e representa para a cidade de Itabuna, o Presidente Ramiro Aquino não teve dificuldades para receber cortesias diversas do  seu rol de amigos e parceiros, como MM Studios, Buffet Maria Célia, Duda Lessa, Loja 28 de Julho.
Toda a festa foi gravada em vídeo pelo cinegrafista Maurício Katita.


NOVA DIRETORIA DA AGRAL:

Presidente de honra:       Ivann Krebs Montenegro

Presidente:                           Ramiro Soares de Aquino

Vice- presidente:               Zélia Possidônio dos Santos

Primeiro secretário:        Ivann Krebs Montenegro

Segundo secretário:         Maria da Glória Brandão
              
Primeiro tesoureiro:        Washington Cerqueira

Segundo tesoureiro:         Antonio da Silva Costa

Relações  públicas:            Jailton Alves de Oliveira
                                                    Antonio Paulo O. Lima

Diretores de eventos:       Eva Lima Machado
                                                    Ari Rodrigues Filho

Diretor de arquivo:           Adeildo Marques Santos

Diretores de revista:         Samuel  Leandro O. Mattos
                                                     Vercil Rodrigues

Diretor de biblioteca:       Eglê Santos Machado


ITABUNA CENTENÁRIA-ICAL http://cemanosdeitabuna.blogspot.com.br/  esteve lá, participou e fotografou.
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Veja abaixo imagens do evento (fotos ICAL):


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