A chegada de Ignácio de Loyola Brandão à Academia Brasileira
de Letras constitui motivo de júbilo pessoal e institucional. Somos leitores de
sua bela ficção, audaciosamente brasileira, composta de muitas vozes. Ignácio
realiza em plenitude o diálogo entre literatura e liberdade. Tal gesto reflete
o destino da Casa de Machado. Bem-vindo, Ignácio”, afirmou o Presidente da
ABL, Acadêmico Marco Lucchesi.
O jornalista Ignácio de Loyola Brandão tomou posse
na Cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras sexta-feira, dia 18 de
outubro, em solenidade no Salão Nobre do Petit Trianon. O novo Acadêmico foi
eleito no dia 14 de março deste ano, na sucessão do Acadêmico Helio Jaguaribe,
falecido em 9 de setembro de 2018. Em nome da ABL, o Acadêmico e escritor Antônio
Torres fez o discurso de recepção.
Antes, Ignácio de Loyola Brandão discursou na tribuna. Ao
terminar, assinou o livro de posse. A seguir, o Presidente Marco Lucchesi convidou
o Acadêmico Celso Lafer para fazer a aposição do colar; o Acadêmico e
professor Arnaldo Niskier (decano presente) para entregar a espada; e
a Acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira para entregar o diploma.
Terminada a cerimônia, o Presidente, então, declarou empossado o novo
Acadêmico.
A mesa da cerimônia foi presidida por Marco Lucchesi e
composta pelos Acadêmicos Ana Maria Machado, José Murilo de Carvalho, Merval
Pereira e Antônio Torres.
Os ocupantes anteriores da Cadeira foram: Lúcio de
Mendonça (fundador) – que escolheu como patrono Fagundes Varela –, Pedro
Lessa, Eduardo Ramos, João Luís Alves, Adelmar Tavares, Deolindo
Couto, Celso Furtado e Helio Jaguaribe.
DISCURSO DE POSSE
Em seu discurso de posse, o Acadêmico Ignácio de Loyola
Brandão declarou: “para desenvolver o Brasil precisamos de
Desenvolvimento, democracia, liberdade, saúde para sobreviver, ensino e
trabalho, ausência de fome e miséria, de segurança e acima de tudo ética e
verdade. E principalmente nos relacionarmos sem ódio, indignação,
acirramento.”
E encerrou: “não podemos repousar a cabeça alheios ao terror
nem permitir que nos arranquem a voz de nossas gargantas”.
DISCURSO DE RECEPÇÃO
O Acadêmico Antônio Torres afirmou em seu discurso
de recepção: “precisaria de mil e uma noites para juntar no Salão Nobre do meu
cérebro todos os grãos separados em minhas leituras, releituras, anotações, e
memórias em torno da sua imensurável trajetória.
“Eu me recordo de uma redação agitada e barulhenta de um
jornal vibrante, no Vale do Anhangabaú, na qual éramos colegas de trabalho há
mais de um ano, mas pouco nos falávamos.
“Num dia em que bati o ponto no grande relógio postado um
pouco além da porta de entrada da redação bem antes da hora, imaginando ser o
primeiro a chegar, fui surpreendido com o tac-tac-tac de uma máquina de
escrever, único sinal de vida naquele salão vazio. Ao passar perto de quem, de
costas para a entrada, catava feijão nas teclas completamente absorvido pelo
seu matraquear, tive outra surpresa: a de um aceno para que me aproximasse. A
mão que acenava apontou para uma pilha de páginas que mal cabiam na borda de
uma estreita mesa, enquanto uma voz dizia: - Dá uma olhada nisso.
“E foi assim, ao acaso, que me senti testemunha ocular do
nascimento do primeiro livro de um escritor que não demoraria muito a se tornar
um dos expoentes de uma geração que chegaria a esta Casa”.
O NOVO ACADÊMICO
Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara, São Paulo,
em 1936. Jornalista na sua cidade natal, foi para São Paulo aos 21 anos, onde
continuou sua carreira. Trabalhou no jornal Última Hora, nas revistas Cláudia,
Realidade, Setenta, Planeta, Ciência e Vida, Lui e Vogue. Atualmente escreve
uma crônica quinzenal para o jornal O Estado de S. Paulo.
Viveu em Roma e depois em Berlim. Em 2008, ganhou o prêmio
Jabuti, com o O Menino que Vendia Palavras, considerado a melhor ficção do ano.
Em 2011, lançou A Morena da Estação, crônicas sobre trens, ferrovias, estações.
Publicou, em 2014, Os olhos cegos dos cavalos loucos, um emocionante pedido de
perdão de um neto para seu avô. Em 2016, recebeu o Prêmio Machado de Assis da
Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra.
Para ele, literatura é sonho, paixão, divertimento, prazer,
viagem por mundos desconhecidos, terapia. Com sua filha Rita Gullo subiu ao
palco em teatros e nas unidades do SESC com o show “Solidão no fundo da
agulha”, experiência inédita em que relembra momentos importantes de sua
biografia.
Publicou mais de 40 livros, entre romances e contos,
crônicas infantis e infantojuvenis.
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