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segunda-feira, 20 de maio de 2024

OESTE SEM FILTRO - 20/05/2024

EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA TUPINAMBÁ: JANELA DA ALMA 13 IMAGENS, 13 HISTÓRIAS




Três aldeias: Igalha, Itapoã e Tupã, dentre as 22 aldeias Tupinambá de Olivença, em Ilhéus, na Bahia, foram escolhidas para serem fotografados os mais velhos e colher a história de vida de cada um deles. Ao todo 13 histórias e 13 imagens que estarão expostas na Exposição Artística Tupinambá: janela da alma, projeto do artista plástico Gildasio Rodriguez.

Um dos principais objetivos da exposição é eternizar os mais velhos, através da fotografia e da pintura. A proposta é pensar os indígenas sob o ponto de vista da memória e da ancestralidade, de uma janela que se abriu no passado e que continua aberta no presente e mantém-se escancarada pela dimensão contemporânea, permitindo um diálogo com muitas outras tradições culturais. A principal homenageada da exposição é Nivalda Amaral de Jesus, Amotara, da Aldeia Itapoã, em memória. Amotara foi a principal responsável e incentivadora do levante Tupinambá, defensora e incentivadora do movimento pela demarcação das terras indígenas.

 

Os envolvidos

 

A Exposição Artística Tupinambá: janela da alma, surgiu depois que Gildásio Rodriguez — artista plástico com diversas exposições realizadas dentro e fora do país —  leu uma matéria sobre a morte de anciãos indígenas na pandemia, culminando no desaparecimento de línguas inteiras. “Os chefes morais, mestres espirituais e possuidores do conhecimento e memória estavam desaparecendo. Eu precisava fazer alguma coisa. Daí surgiu a exposição”, disse. A curadoria é do escritor e pesquisador Pawlo Cidade: “Cada uma das aldeias escolhidas não são resquícios históricos remotos, mas um espaço efetivo na organização social e modo de vida dos Tupinambá que hoje habitam a região”.  A exposição tem fotografias de Tacila Mendes e produção executiva de Ely Izidro.

 

As imagens captadas pelas lentes da artista Tacila Mendes, tiveram uma leitura poética através do olhar do artista visual Gildasio Rodriguez, redimensionando essas imagens para telas bidimensionais, com elementos tridimensionais, dimensão 100 X 100 X 0,4 cm,  técnica óleo sobre tela, estilo figurativo e cores predominantes neutras.  O preto e o branco, gamas de tons cinzas e um detalhe carmesim, criando uma densidade figurativa com seus olhares, tornando a imagem absoluta e personificada na pureza da sua essência, ampliando os sentidos da memória e das tradições. Para Tacila Mendes, “os/as mais velhos/as são força. Não há árvore que dê novos frutos sem uma raiz forte. Por meio dos retratos e das pinturas apresentados em "Tupinambá: janelas da alma", buscamos contribuir para visibilizar uma luta que perpassa gerações: a luta por existir”.

 

Acessibilidade

 

A exposição terá ainda a exibição de um vídeo com depoimentos de todos os 13 indígenas retratados pelas telas de Gildasio Rodriguez. O vídeo terá janela de tradução em libras e legendas em português. Haverá ainda dois intérpretes de libras durante a vernissage, coordenados por Roberta Brandão do Inlibras.

 

Apoio financeiro

 

Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.

 

Serviço 

O quê?  Exposição Artística Tupinambá: janela da alma

Quando?  28 a 31 de maio de 2024

Horário?  9h às 17h

Onde? Academia de Letras de Ilhéus/ Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39 – Centro

Quanto? Gratuita

Dia da Vernissage: 27/5, 17h.

 

 

Crédito das fotos:

Gildasio Rodriguez, artista plástico/TACILA MENDES

Indígena Mambó, 84 anos, Aldeia Tupã/Pintura de Gildasio Rodriguez

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SIONE PORTO


 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

QUE O SOL RENASÇA

Sione Porto



 MEU AMOR ESPERE UM POUCO,

QUE A CHUVA PASSE

EM NOSSOS SENTIMENTOS

E TRAGA A LUZ E O SOL RENASÇA.

 

ACABE POR INTEIRO NOSSOS CHOROS

NOS ABRACE COM MÚLTIPLOS BEIJOS,

E NA ALCOVA, ANTES APENAS LEMBRANÇAS,

RETORNE-NOS A VIDA, SEM EMBARAÇOS.

 

QUE O SOL RENASÇA

TRAZENDO A LUZ QUE SE PERDEU

E NOS TEUS ABRAÇOS

 

O AMOR VIVA ETERNEMENTE

APAGANDO OS REMORSOS,

NESTE LEITO SUBLIME, TU E EU...

 

Sione Maria Porto de Oliveira, poetisa.

Membro da Academia de Letras de Itabuna (Alita)


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terça-feira, 14 de maio de 2024

Fátima

Cyro de Mattos

Para Naumin Aizen e Stella Leonardos

 


Fui a Portugal pela primeira vez em 1997 para participar como convidado do Terceiro Encontro Internacional de Poetas organizado pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. No saguão do aeroporto de Lisboa vi o meu nome na tabuleta erguida pelo homem. Era o motorista que ia me conduzir até Coimbra. Ele me disse que dois poetas tinham chegado meia hora antes de mim. Estavam na camionete, aguardando-me.

Soube depois com o meu inglês sofrível que o poeta americano era Próspero Saiz, aparentava uns 45 anos de idade, falava muito e ligeiro. A pele do rosto e os cabelos compridos mostravam sinais de suas raízes indígenas. A mulher de cabelos grisalhos e com uma voz rouca era Diana Belessi, poeta da Argentina.

A certa altura da viagem para Coimbra, o motorista da Kombi perguntou se não queríamos conhecer Fátima. Não hesitamos em fazer aquela parada para conhecer o lugar onde a Virgem Maria apareceu aos três pastorinhos no dia 13 de maio. Surpreendi-me no Santuário com o tamanho grande do local para abrigar os peregrinos a céu aberto, no dia de louvor à Virgem santa. E não foi difícil imaginar vozes que subiam ao céu naquele dia especial e entoavam o cântico que falava da aparição da Senhora santa. A procissão com velas acesas por centenas de fiéis, que vinham de países perto de Portugal e de outros pontos longínquos.

Houve uma história de luz ali na cova da Iria. Começava com o anjo que veio por virginal caminho de margaridas e anunciou aos três pastorinhos a aparição breve da Virgem Maria. Ela vinha ensinar aos meninos Lúcia,

Francisco e Jacinta orações e sacrifícios pelos pecadores. Vinha trazer o amor de um sol sem crepúsculo para iluminar a humanidade. Houve quem não acreditasse na Virgem Maria Aparecida porque não acreditava em Deus, tudo aquilo não passava de maluquice dos meninos, dizia-se.

Depois de algumas aparições da Virgem Maria, os meninos Francisco, Lúcia e Jacinta foram sequestrados por um prefeito. Se não contassem o segredo confiado por Nossa Senhora, iam ser jogados num caldeirão de água quente, ele ameaçou. Não revelaram o segredo na prisão. Penduraram uma medalha de Nossa Senhora na parede e rezaram. Comoveram os presos, que também rezaram. Foram recebidos como heróis quando retornaram para suas casas.

Naquelas aparições de Nossa Senhora houve um grande dia. Uma multidão de setenta mil pessoas acompanhou os pastorinhos, rumo mais uma vez à Cova da Iria onde costumavam brincar e rezar. A Vigem Maria apareceu e disse que era Nossa Senhora do Rosário, a mãe de Deus. Os meninos pediram que ela fizesse um milagre. E de repente todos viram o sol virar uma bola de fogo e dançar no céu. Enquanto todos viam a bola de fogo, os três pastorinhos puderam ver a Sagrada Família: São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus. E também viram aparecendo nas nuvens Nossa Senhora das Dores. E Jesus com a cruz. Abençoavam a multidão.

Certa vez achei uma imagem de Nossa Senhora de Fátima deixada na casa que eu tinha alugado a um médico. Pertencia à mulher dele, que por sinal era portuguesa. Ela estava se separando do marido, tinha poucos anos de casada com o médico. Como ela não quis mais a imagem da santa, entreguei à minha esposa Mariza para que a colocasse no oratório.

De vez em quando rogo à Nossa Senhora de Fátima que me ensine a escrever crônicas inspiradas no amor pela vida para que possa enriquecer os outros com uma prosa generosa. Talvez como esta que está terminando, mas sem deixar o cronista de revelar antes um fato que considera importante em sua trajetória dedicada à poesia. Poucos meses depois que levei a imagem de Nossa Senhora de Fátima para meu apartamento, chegou uma correspondência pelo correio, na qual a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra convidava-me para participar do Terceiro Encontro Internacional de Poetas. Tinha grande vontade de conhecer Portugal, mas nunca me passou pela cabeça que isso fosse acontecer um dia pelas mãos de Nossa Senhora de Fátima.

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Cyro de Mattos é ficcionista, poeta, cronista, ensaísta e autor de literatura infantojuvenil. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da UESC (Bahia).  Possui prêmios importantes.

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domingo, 12 de maio de 2024

 

Mãe Josefina

Cyro de Mattos


 

                A mãe era o afeto, a dedicação e os bons conselhos. Apressada recomendava: “Menino, já para dentro, que vem o vento ventoso levado, levando cisco! Menino, já para dentro!” Alertava: “Boa romaria faz quem em sua casa está em paz.” Gostava de fazer adivinhas. Sobre o sol: “O que é, o que é, o ano todo no deserto o mais quente é?” Para estimular na resposta, antes de cada adivinha, ela observava: “Responda certo como um menino esperto.” De pura carícia era a adivinha sobre uma mãe generosa. “O que é, o que é, o beijo da noite, de dia a melhor sombra é?” Para facilitar na resposta dizia que todos os dias essa pessoa acompanhava de coração o filho caçula onde ele estivesse precisando de proteção.

             A casa era pequena, mas os dias tinham sempre as mãos zelosas da mãe. Colocavam nos vasos aquelas rosas, colhidas na roseira que ela mesma plantara, e que agora como sonho enfeitado de pétalas deixavam a manhã rosada e perfumada. Esbanjavam pelos ares só ternura.

            Davam vida à máquina de costura as suas pernas ativas. Os bordados, como beleza tecida por mãos até certo ponto divinas, ganhavam admiração de quem fizesse a encomenda e fosse recebê-la quando estava pronta. Como o mundo de Deus era grandão. Os doces que a mãe fazia cativavam com açúcar.

            Uma mãe é para cem filhos, mas cem filhos não são para uma mãe, certo dia ela disse, mas só depois como homem crescido o filho saberia o sentido justo do que a mãe quis dizer com isso. Conheceria então nos dias ásperos quanta falta suas mãos faziam, pois já não mais cuidavam, não limpavam os caminhos na lei da vida para que ele estivesse seguro para fazer a travessia. Teria de ser um dia com o filho sozinho os caminhos a percorrer na jornada da vida.

           Da balaustrada no jardim gostava de olhar as nuvens acima do rio levando castelos, gente e carga. Antes que a noite chegasse, desenhavam gigantes, às vezes velhos barbudos, um deles apareceu em pé no tapete. De calção, peito nu, lá no pátio da casa, ficava vendo a passagem das nuvens no azul do céu. Como elas que voltavam naquele pedaço de céu, ele voltaria um dia para brincar com os amigos de infância quando já fosse um homem? Só havia um jeito de regressar ao passado, rindo, a mãe disse, sonhando acordado. Um homem com o menino conversando.

         - Você quer ser peixe ou ser gente? – preocupada, a mãe perguntou. - Primeiro a obrigação, depois a diversão, só anda agora com o bando de amigos nadando e pescando no rio. Finalizou séria e se dirigiu calada para a cozinha.

           A mãe alimentava com o marido a ideia de que o filho deveria estudar para se tornar um dia um homem formado, um cidadão de bem, exercendo na sociedade uma profissão importante como a de advogado, médico ou engenheiro civil.

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Cyro de Mattos é ficcionista, poeta, cronista, ensaísta e autor de literatura infantojuvenil. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris Causa da UESC (Bahia).  Possui prêmios importantes. Publicado no exterior.

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sábado, 11 de maio de 2024

Uma mãe com mais de cem filhos

Cyro de Mattos

 


Os lenhadores começaram a derrubar as árvores de lei, fazendo surgir o comércio do extrativismo, a mata, antes hostil e impenetrável, ia recuando com a invasão daqueles homens de mãos calosas, natureza rústica, a barba grossa por fazer. Barracões eram armados nos acampamentos dos derrubadores de árvore, alguns formaram ajuntamentos de gente de vária procedência e se transformaram com o tempo em vilas e, mais para frente, em cidades pequenas. 

Na parte que a mata era recuada, ficando a terra nua, plantava-se então   uma lavoura que produzia um fruto cujas amêndoas valiam como ouro, por isso mesmo ao longo dos anos viria forjar uma saga de cobiça e morte. O cacau foi como ficou conhecido esse fruto, fez surgir com o tempo vilas e cidades, formando uma civilização pujante, que se movimentava com os seus caracteres próprios.

Foi no tempo do apogeu da lavoura cacaueira que ela apareceu na região. O que se dizia e causava pasmo era que aquela mulher baixinha era mãe de mais de cem filhos. Como era isso possível? Minha avó Ana dizia que uma mãe é para cem filhos e cem filhos não são para uma mãe. Minha mãe repetiu isso para mim quando eu já estava ficando rapaz, a sombra do bigode no lábio superior. Pensando hoje no que disseram minha vó e minha mãe, vejo que o amor é o sentimento mais forte que temos, nada se compara ao de uma mãe, que é formado com afeto, conselho, zelo e proteção. Ora, o que dizer então de uma mãe que teve mais de cem e filhos e um número incalculável de netos? E quem seria mesmo a criatura autora dessa proeza de dar à luz a uma prole tão numerosa?

Chamava-se Otaciana, muito cedo pôs os pés na estrada deste mundo de Deus. Mas foi em Itabuna, cidade progressista na região de plantações de cacau, no Sul da Bahia, que iria passar toda a sua vida. Vida bem vivida, como gostava de dizer aquela criatura baixinha, enrugadinha, incansável, de bons préstimos e muito estimada. Na cidade do Sul da Bahia, a professora nascida em Arraial do Galeão,  em Sergipe, iria seguir uma vocação diferente, a de “pegar menino”, numa época em que parto em maternidade não era constante. 

A mulher de família abastada recorria ao médico do hospital de Santa Casa de Misericórdia quando chegava a hora do parto ser realizado. Mas a de origem humilde, na hora decisiva, se valia das mãos de Mãe Otaciana, abençoadas por Nossa Senhora do Bom Parto, como o povo gostava de se referir quando o assunto era pegar menino por aquela criatura com as maneiras de uma pessoa santa.  

De tão querida pelas gentes da cidade, quando se candidatava ao cargo de vereadora, era eleita por votação expressiva, em geral ocupava o primeiro lugar da lista dos vencedores afixada na parede da entrada da Câmara de Vereadores. Não gostava de política, os amigos eram que insistiam e terminavam por convencê-la para se candidatar como vereadora do Partido dos Trabalhadores Brasileiros.

A cidade cometeu omissão imperdoável por não ter erguido em uma de suas praças uma estátua como homenagem aos seus préstimos. No dia que se comemorava a emancipação política da cidade, o padre Pedro, que foi do tempo em que mãe Mãe Otaciana atuava como parteira, rezava na missa a oração dedicada aos que estavam nos céus, os que foram virtuosos aqui na terra, doaram sua vida dedicando-se ao bem do próximo. Mãe Otaciana era o primeiro nome a ser lembrado na relação do sacerdote.  

Por suas mãos, até certo ponto divinas, nasceram homens e mulheres que construíram o progresso da cidade. Pelas mãos pacientes de uma criatura que tinha olhos como duas contas azuis, passos miúdos, Deus anunciou o milagre da vida.  Mostrou a flor gerada com ansiedade e, no desenlace feliz, sendo levada para o calor do seio.

Um dia, com aqueles olhinhos vivos, que pareciam sorridentes quando ela falava, contou-me como ocorreu o primeiro parto que fez. Fora chamada à noite, o tempo estava escuro e chuvoso. Bem moça, coração confiante, chegava à casa da parturiente, que passava mal. Terminados aqueles minutos sempre lentos, de apreensão para os de casa, escutou-se dentro da noite o choro da criança. O pai limpou a turvação ardida nos olhos com a manga da camisa. Ela observou: “Foi esse calanguinho aí que deu todo esse trabalho!” A partir daquele parto, a professora que veio do sertão deixaria de ensinar, mãos cuidadosas jamais deixariam de “pegar menino” enquanto ela vivesse.

Da última vez que encontrei Mãe Otaciana, saindo de sua residência modesta, perguntei-lhe se começaria tudo de novo no seu ofício de parteira. Ela, sem hesitar um minuto, irradiando candidez no rosto vívido, alegria numa voz baixinha quase não se ouvindo, respondeu que sim. Era muito apegada com Deus. Nunca teve problemas na arte de “pegar menino”. Sempre que um parto era difícil recorria a um médico, que dava todo o apoio e ajuda, acrescentava que essa mão amiga a fazia feliz. Encerrou a conversa com uma observação que, em seu significado puro e verdadeiro, muita gente na cidade conhecia: “Na vida trabalhei muito, meu filho”.

Forte, abnegada, sábia. Com aquele saber simples e profundo recolhido das águas do tempo. Só consigo vê-la nesse instante como uma criatura aparentemente frágil, mãos pequenas, cabeça alva, rumo à casa da parturiente. Encurvadinha, acalentando luas, recolhendo a vida, que, enrolada nas lãs do mistério, chegava dos longes para dar nesse beijo esperado o primeiro vagido.

Revejo-a com os olhinhos sorridentes, rosto lúcido, aparando o susto esplêndido dentro da noite caprichosa. Noite túmida que, adormecida no seio, ainda nem sonha.

 

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Cyro de Mattos é ficcionista e poeta. Também editado no exterior. Premiado no Brasil, Portugal, Itália e México. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia. Doutor Honoris  Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). 

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sexta-feira, 3 de maio de 2024

Livro de Cyro de Mattos Vencedor do 

Prêmio Literário Casa das Américas 

Teve Leitura e Análise em Havana  

 


Havana,  (Prensa Latina) - A Casa das Américas promoveu no dia 25 de abril passado, no Salão Manuel Galich da instituição cultural da capital, a apresentação com análises e leituras dos livros vencedores em 2023 do Prêmio Literário Casa das Américas e, entre eles, na categoria Literatura Brasileira, Infancia com Animal y Pesadilla y otras historias (Infância com Bicho e Pesadelo e Outras histórias), do baiano (de Itabuna) Cyro de Mattos, na tradução para o espanhol da professora doutora em Letras Esther Pérez, fundadora e presidente da Fundação Martin Luther King em Havana. No evento, o escritor grapiúna divulgou  um vídeo no qual ressalta a importância do Prêmio Literário Casa de las Américas no Continente Hispânico e sua valorização no Brasil e por isso a sua obra  terá mais visibilidade agora  no plano nacional e internacional.  

A instituição apresentou os outros livros vencedores em 2023: Todos somos islas, de Felipe Núñez (Colômbia, conto); e Después del incendio (Papeles de guerra: Venezuela 2013-2021), de Eduardo Ernesto Viloria (Venezuela, literatura testemunhal); La orilla de Caliban. El rastro de la filosofía afrocaribe en el siglo xx, de Roberto Almanza (Colômbia, Prêmio de estudos sobre a presença negra na América contemporânea e no Caribe) e Diario de las revelaciones, de Gustavo Pereira (Venezuela, vencedor do Prêmio de Poesia José Lezama Lima). 

No próprio Salão Manuel Galich foi realizado depois o painel El sencillo arte de narrar (una provocación), com o jornalista e contador de histórias mexicano Fabrizio Mejía, o escritor e sociólogo argentino Hernán Ronsino e a dramaturga cubana Lourdes de Armas, membros do júri do Novel. A Casa de las Américas celebrou seu 65º aniversário em 28 de abril passado, e o prêmio é um dos principais protagonistas de sua história. Criado em 1959 e realizado pela primeira vez em janeiro de 1960, o Prêmio Literário Casa de las Américas é o concurso cultural mais antigo do país e o mais antigo do gênero no continente. 


Eduardo Viloria Daboín, vencedor do Premio Casa de las Américas 2023 na categoría Testimonio, e Fernando Luis Rojas, diretor do Fondo Editorial Casa de las Américas, fazendo a apresentação do livro de Cyro. 

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