8 de Fevereiro de 2019
A sopa do mosteiro franciscano — Ferdinand Georg
Waldmüller (1793-1865). Österreichischen Galerie, Belvedere, Viena
♦ Marcos Luiz Garcia
Entramos em 2019, e se renovam as esperanças de dias
melhores. O presidente Bolsonaro tomou posse reafirmando suas promessas de
termos nosso Brasil de volta, deixando para trás a atmosfera de desordem e caos
da era comuno-petista e socialo-psdbista. Prometeu proteger as nossas tradições
e a família, bem como a propriedade privada e a livre iniciativa. Isso
significa estimular as forças empreendedoras da Nação, que já se aprontam para
corresponder ao estímulo.
Essas perspectivas vêm causando profundo desagrado nos
arraiais da esquerda, sobretudo no setor do clero e do laicato alinhados com a
“Teologia da Libertação”, todo ele amplamente comprometido com a ideologia
petista. Para esse tipo de gente, um governo que estimule a propriedade privada
e a livre iniciativa pode até gerar riquezas, mas à custa do que para eles é o
supremo mal: a desigualdade. Preferem o achatamento de todos na miséria a
permitir que os ricos se diferenciem dos pobres. Afirmam que se trata de “opção
preferencial pelos pobres”, quando na verdade propugnam pela “opção
preferencial pela luta de classes”.
Afinal, quem são os verdadeiros amigos dos pobres? Seriam os
que desejam vê-los perpetuamente achatados na miséria, desde que não haja
desigualdade? Ou são os que procuram criar condições para eles trabalharem e se
enriquecerem? Por que não aproveitar em favor dos pobres a força dos que sabem
fazer fortuna? Se estes dispõem das condições para trabalhar e enriquecer,
criam também condições para enriquecer os que dependem de empregos. Dessa
forma, dentro de uma benéfica e harmoniosa desigualdade, o pobre deixa de ser
pobre e pode elevar-se a uma condição de vida melhor. Mas isso não é tolerado
pelos adeptos da “Teologia da Libertação”.
Que mal há numa situação de harmônica desigualdade, com
enriquecimento justo, honesto e digno? Foi para proteger esse direito que Deus
estabeleceu dois Mandamentos: “Não roubar” e “Não cobiçar as coisas alheias”.
Lamentavelmente, eles são sistematicamente omitidos nas homilias de padres
progressistas.
“Pobres sempre os tereis entre vós”, disse Nosso Senhor
Jesus Cristo. E São Tomás de Aquino nos ensina que é dever do homem praticar a
caridade. Mas para que ela se torne possível, é necessário que uns tenham bens,
e outros tenham carência de bens. Se Deus permite pobres no mundo, também
suscita os ricos que os ajudam, fomentando assim a caridade cristã.
Em nenhum lugar o Evangelho relata conduta igualitária de
Nosso Senhor. Não há um só caso em que Ele tenha tirado um pobre da pobreza,
nem rebaixado um rico da sua condição de riqueza. Ele curou, deu esmolas, mas
não modificou o status econômico ou social de ninguém. Nem pregou a luta de
classes.
Tomemos, por exemplo, a parábola dos talentos. Um senhor (já
aqui surge a relação desigual entre servo e senhor), dizendo que ia se
ausentar, deu cinco talentos a um servo, dois a outro, um para o terceiro, com
a recomendação de fazê-los render. Por que Nosso Senhor não exemplificou com
alguém que distribuísse por igual, a mesma quantidade de talentos a cada um dos
servos? Por que essa desigualdade? Certamente porque tinha avaliado em cada um
a capacidade de aproveitar esses talentos, e os distribuiu de acordo com essa
capacidade. E ao final censurou o servo mau, que enterrou a moeda recebida e
não a fez render.
Jesus Cristo indicou nessa parábola que respeita a livre
iniciativa e o direito de propriedade, sem os quais não há progresso. Quando os
mais capazes se elevam, elevam também os menos capazes. Assim todos gozam dos
frutos do trabalho bem ordenado e planejado. Sobram motivos para admirarmos
quem é dotado por Deus com superior capacidade, e não para ódio de classes
igualitário. Num regime igualitário, ninguém tolera que um possua mais do que
outro. É um mundo inóspito em que predomina o pecado capital da inveja.
Por mais que os defensores da “Teologia da Libertação”
encenem caras humildes, na ideologia comunista e socialista predomina a inveja
e não a humildade. Por exemplo, não têm pena dos miseráveis de Cuba, da
Venezuela e de outros países em situações semelhantes. Querem a pobreza como se
isso fosse um bem.
O verdadeiro espírito do Evangelho cria a harmonia e o amor
recíproco entre as classes. O da “Teologia da Libertação” fomenta o ódio entre
ricos e pobres, prejudica uns sem resolver o problema dos outros. (Fonte:
Revista Catolicismo, Nº 818, Fevereiro/2019).
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