31/ago/18
Jornalismo lacrador
Havia uma grande esperança do establishment: que Bolsonaro
fosse “desidratar” quando a campanha começasse e as entrevistas colocassem o
candidato contra a parede. Até agora não se viu nada disso. No Roda Viva, na
GloboNews e no Jornal Nacional, o que se viu foi um candidato engolindo seus
entrevistadores, todos aprisionados numa bolha cognitiva.
A surra dessa semana foi no JN. Renata Vasconcellos tentou apertar Bolsonaro
sobre a questão da desigualdade salarial entre homem e mulher, uma pauta
endossada pelo movimento feminista radical. Só há um problema: é falso que
mulheres ganham menos, dada a produtividade. Quando o entrevistado puxou da
cartola que o próprio William Bonner ganha mais do que a colega, gerou mal
estar, mas não mentiu.
Se os jornalistas lessem Thomas Sowell em vez de tentar
“lacrar” atendendo as demandas dos movimentos organizados, saberiam que esse
papo de desigualdade é pura falácia. O que se faz é manipular estatísticas
distorcendo seus resultados, ignorando conceitos como média, comparando laranja
com banana.
A agenda LGBT também foi trazida à tona, novamente para
“lacrar” com a turma do Projaquistão. No entanto, o candidato lembrou que o
problema não é com homossexual, mas sim com a doutrinação em sala de aula, para
crianças. Ao mostrar um livro aprovado pelo MEC para escolas infantis, os
entrevistadores entraram em pânico e pediram para Bolsonaro não expor o
material no ar. Ou seja, o público da Globo não pode ver aquilo que crianças
aprendem nas escolas públicas. Outro gol do candidato.
O xis da questão aqui é o mundo à parte em que nossos
jornalistas vivem. Trata-se de uma bolha “progressista”, que se fechou para os
reais anseios da população, do povo comum. Bolsonaro fala a essa gente, que
quer mais segurança, rigor contra marginais, decência nas escolas, empregos e
saneamento. Mas a mídia insiste em sua agenda “lacradora”, dominada pelos
movimentos coletivistas que mergulharam nessa “revolução das vítimas”.
Ninguém aguenta mais essa asfixia do politicamente correto,
a ponto de alguns confundirem o combate a essa postura com ser tosco ou boçal
(sem dúvida há uma boa quantidade deles apoiando Bolsonaro). Mas esse papo
desarmamentista não seduz mais ninguém. Quando o candidato pergunta se é para
reagir aos bandidos com flores, ele toca a fundo no telespectador, aquele que
não anda em carros blindados.
Bolsonaro está longe de ser um ótimo candidato, e não
sabemos se vai mesmo vencer. Mas o fenômeno em si já foi fundamental para
retratar o quadro lamentável do nosso jornalismo. Acostumada a só dar voz ao
esquerdismo, quando aparece um “homem comum” só resta à imprensa rotular:
extrema direita! O povo, porém, enxerga bom senso.
Quando o Bolsonaro pergunta se é para reagir aos bandidos
com flores, ele toca a fundo no telespectador, aquele que não anda com
seguranças ou carros blindados.
Sobre o autor
Rodrigo Constantino é economista, escritor e um liberal
sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”
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