EDUCAÇÃO:
Temer em águas mansas
Nem tudo é agitação na vida do presidente Michel Temer. Ao
entregar a Ordem Nacional do Mérito Educativo a 110 personalidades, no Palácio
do Planalto, viveu momentos de tranquilidade e até de um certo prazer, quando
pode elogiar os governadores do Ceará e do Espírito Santo, pelas ações em favor
da educação brasileira. Foi justo com o ministro Mendonça Filho que, em seus
dois anos de trabalho, deixou marcas extremamente favoráveis.
Em nome dos 110 agraciados, falou Viviane Senna, irmã do
grande Ayrton Senna. Ela lembrou que o campeão costumava valorizar o que
ele chamava de “oportunidade” – e isso não pode ser nunca desprezado.
Ainda estamos longe de nos ombrear com as nações mais desenvolvidas,
como Finlândia e Cingapura, mas assinalamos pontos favoráveis. Tanto o
presidente da República quanto o ministro da Educação foram objetivos quando
mostraram que alcançamos a reforma do ensino médio e, graças ao Conselho
Nacional de Educação, teremos o Bloco Único Curricular, uma necessidade que não
poderia mais tardar.
Foram investidos mais de 700 milhões de reais no FIES, a
juros subsidiados, o que deu nova dimensão ao ensino superior. E o presidente
falou da ampliação do tempo integral nas escolas.
Os oradores concordaram com um ponto de vista: a prioridade
na formação do magistério. Não existe a possibilidade de um bom ensino sem
professores devidamente competentes, como acontece nas nações mais
desenvolvidas do mundo. Temos a experiência comprovada do Japão, por exemplo,
após a II Guerra mundial. Depois da destruição do país, a reação aconteceu com
a prioridade dada à educação, particularmente na formação dos professores – e
assim se explica o espantoso crescimento do Império do Sol Nascente
Devemos estar atentos à existência hoje da educação online,
uma realidade indiscutível a partir do ensino fundamental. Conseguimos ampliar
as oportunidades educacionais, nesse nível de ensino, mas é necessário que se
leve qualidade a essa etapa, o que se faz também com a criação de laboratórios
e bibliotecas, que abranjam os níveis fundamental e médio.
Deve-se louvar a atual gestão do Ministério da Educação. Não
tem sido pouco o trabalho do ministro Mendonça Filho – e ele é digno dos nossos
louvores. Mas é preciso ter a consciência de que ainda há muito a ser feito,
num país onde não podemos nos conformar com a existência de dois milhões de
jovens que, na idade adequada, não estudam nem trabalham.
O Brasil é uma federação e o ideal seria que os Estados se
comportassem de forma solidária, em matéria de educação, como acaba de ser
reconhecido pelo presidente da República em relação ao Ceará e ao Espírito
Santo. Inclusive na utilização de recursos financeiros, que em geral faltam
para as maiores necessidades, o que não é medida defensável.
Diário da manhã (GO), 14/03/2018
Arnaldo Niskier - Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da ABL,
eleito em 22 de março de 1984, na sucessão de Peregrino Júnior e recebido em 17
de setembro de 1984 pela acadêmica Rachel de Queiroz. Recebeu os acadêmicos
Murilo Melo Filho, Carlos Heitor Cony e Paulo Coelho. Presidiu a Academia
Brasileira de Letras em 1998 e 1999.
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