10 de agosto de 2018
A ministra do STF, Rosa Weber, dirigiu as audiências
públicas no STF a respeito da descriminalização do aborto — a cruel execução de
inocentes — até a 12ª semana de gestação.
♦ Padre
David Francisquini *
“Abyssus abyssum invocat”, ou seja, um abismo chama outro
abismo, como está expresso no Salmo 42,7 para nos ensinar que uma falta
cometida predispõe o pecador a cometer outras mais graves. Assim, a avalanche
crescente de pecados e de crimes prepara o ambiente psicológico para outros
ainda mais hediondos, como o infanticídio que vem grassando por todo o mundo
com a prática indiscriminada do aborto.
O frenesi nas tentativas de descriminalizar o crime do
aborto através de legislações facciosas se deve em grande medida a essa
situação moral em que nos encontramos, sendo incontáveis as organizações
públicas e privadas dedicadas a promover o infanticídio — ONU, ONGs,
governantes, legisladores, magistrados ativistas —, às quais não faltam imensos
recursos financeiros e midiáticos…
Com efeito, há uma sistemática e monumental propaganda no
sentido de se criar uma mentalidade cada vez mais favorável ao aborto. Essa
maneira de pensar difundida pela mídia parece revestir-se de tal direito, que
nos recentes debates propostos em audiência pública no Supremo Tribunal Federal
se pretendeu tratar-se de obrigação do Estado legalizar o aborto para garantir
aos profissionais da área o livre exercício de sua profissão, transformando o
crime hediondo em mera questão de saúde.
Para facilitar os seus objetivos, defensores do aborto
levantam objeções — como se fossem de consciência — e procuram impor à
sociedade a sua agenda com recursos feitos ao Judiciário por partidos de esquerda,
como acabou de se passar com a ADPF 442 do PSOL junto ao STF. São pessoas que
não se importam com a Lei de Deus nem com o pensamento do nosso povo, o qual
repudia este crime que brada aos céus e clama a Deus por vingança.
Com o paulatino aparelhamento do Estado, tais práticas
criminosas são defendidas por movimentos como “Católicas” pelo direito de
decidir — que de católicas não têm nada —, por representantes da igreja
luterana, como a pastora Lusmarina Campos, que falsamente “lastreada” na Bíblia
se posiciona favoravelmente ao crime do aborto, ou ainda por certa mídia e até
mesmo pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O princípio moral (e ético) — válido, portanto, para todos
os tempos e todos os lugares — é a obrigação que incumbe à mãe de levar a sua
gravidez até o fim, pois é outro ser humano que ela leva em seu ventre, com
direito fundamental à vida, não podendo em hipótese alguma ser eliminado. A
única política pública aceitável é evitar o aborto, oferecendo assistência
material e moral à grávida; caso contrário o Estado estará favorecendo o
assassinato de um inocente.
Ser católica e favorável ao aborto são termos incompatíveis,
irreconciliáveis como a luz e as trevas, o dia e a noite, a verdade e o erro.
Não há católica com direito de decidir a favor do aborto. Tal entidade utiliza
o nome de “católica” apenas para causar confusão e, nas águas turvas, obter
alguma influência na sociedade ao produzir a impressão de que na Igreja há uma
corrente que defende o aborto, de modo a parecer que os católicos se encontram
divididos. A fundadora desse movimento, Frances Kissling, é uma ex-freira que
diz nunca ter sido católica (cfr. Catecismo Contra o Aborto, 3ª edição.
pág. 55).
As pessoas que se manifestam defensoras dessa prática
criminosa procuram subterfúgios para impor a sua agenda revolucionária através
de considerações sentimentais, alegando a contaminação da mulher diante de uma
gravidez indesejada, condições de pobreza em que a criança irá viver, e assim
por diante. Alegam ainda que a legalização do aborto tirará a inibição da
mulher de recorrer ao Estado, em vez de praticá-lo na clandestinidade.
Ao contrário, essas mesmas pessoas nunca ressaltam as
consequências do aborto na psicologia das mulheres que o praticam, como a
consciência culpada e outros traumas insanáveis que carregarão para o resto de
suas vidas. Quanto mais sofismas apresentados pelos defensores de sua prática,
mais complicada se torna a situação, pois o ensinamento da Igreja diz que o
demônio é o pai da mentira, e, desde o início, é homicida, conforme São João.
Foi o demônio que incitou Caim a matar seu irmão Abel e por isso atraiu sobre
si a maldição de Deus.
O aborto é resultado de um homicídio voluntário, e tanto
quem o faz como quem o legaliza atrai sobre si igualmente a maldição divina.
Santo Agostinho descreve a humanidade em duas cidades, a Cidade de Deus e a
cidade dos homens, guiadas ou por amor de Deus ou por amor
egoístico. O direito de decidir sobre o próprio corpo se fundamenta apenas
no egoísmo humano, incapaz de se imolar pelo filho e ávido em satisfazer
suas próprias paixões, enquanto os habitantes da Cidade de Deus não
se movem por amor de si mesmo, mas por dedicação à vontade do Criador.
Se o Brasil oficializar a matança dos inocentes pela
legalização do aborto, a gravidade do pecado aumentará, pois passará a ser um
pecado coletivo, isto é, de o Brasil adotar enquanto nação uma prática
criminosa que clama a Deus por vingança. Com base nos ensinamentos de Santo
Agostinho, as nações não irão para o Céu nem para o Inferno, mas serão
castigadas ou premiadas nesta Terra por suas obras.
Voltarei brevemente ao tema.
_____________
(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria –
Cardoso Moreira (RJ).
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário