17/ago/18
A espetaculosa encenação de Lula e de sua turba é uma
Ópera-Bufa em vários atos. Todos de pilhéria à Justiça, invariavelmente. A
marcha até Brasília dos movimentos pseudossociais para registrar a candidatura
do petista coroou o teatro de mentirinha. Munidos de uma certidão fajuta de
antecedentes criminais, que aparece “limpa”, emitida em São Bernardo do Campo,
buscaram atender a prerrogativa do registro que estabelece de cada postulante
ao cargo de presidente a comprovação da lisura de atos perante a Lei.
Até as pedras do Palácio do Planalto, das cercanias na
Suprema Corte e do Lago Paranoá que areja Brasília sabem ser ele um meliante
condenado, ficha-suja da pior espécie e ardiloso driblador das regras vigentes.
Lula faz troça de todo mundo. Tenta enganar o Brasil inteiro com a ideia de ser
um perseguido político. Não é! Só aqui um criminoso julgado e apenado por nove
juízes em duas instâncias, por corrupção e formação de quadrilha, empurra os
tribunais a uma chicana tão ridícula como inaceitável.
Passa da hora dos senhores magistrados darem um basta
definitivo a essa palhaçada. Lei é Lei e vale para todos. O PT, abertamente,
tenta postergar o desfecho de uma decisão (que sabe inevitável) da
inelegibilidade de seu candidato. Como disse o Ministério Público Federal em
parecer apresentado ao TRF-4, Lula “simplesmente não é, nem pode ser,
candidato”. Assunto encerrado. O Ministro do Supremo Luiz Fux foi outro que se
manifestou contrário à possibilidade, dizendo que Lula não se enquadra na Lei
da Ficha Limpa e que, portanto, está desde já inelegível, podendo ser punido,
inclusive com a ausência do Partido no horário eleitoral gratuito de TV, se
insistir na candidatura improvisada enquanto passa os dias na cadeia. Nesse
sentido, mesmo o TSE já planeja cassar a prerrogativa do tempo de televisão
caso o PT não indique logo o substituto que, de fato, irá concorrer – o
ex-prefeito paulista Fernando Haddad, hoje no papel de preposto acidental do
demiurgo de Garanhus.
De uma coisa ninguém dúvida: tudo que Lula anseia é manter
as eleições presidenciais nesse furdunço para posar de injustiçado. Em artigo
publicado na semana passada no jornal americano New York Times ele cria uma
narrativa própria, no mais cristalino exemplo de fake news, enaltecendo
conquistas e escondendo convenientemente seus atos ilegais. A peça de ficção de
Lula é mais uma de suas artimanhas para consagrar a tese – que não para de pé –
de um golpe à democracia. Ele aguarda agora o marco legal de sua inviabilidade
política para reforçar o discurso.
Na pantomima montada o líder petista espera ao final e ao
cabo transferir o máximo de votos possíveis para a chapa-poste de Haddad e
Manuela D’Ávila, essa concorrendo na condição de vice “reserva”, se é possível
algo parecido. O modelo “triplex” de postulantes, montado pelo PT, soa como
mais uma bofetada contra o processo legítimo da disputa. Um preso comanda
direto da cadeia as articulações enquanto o vice (candidato de fato) segue em
carreata pelo País e a regra-três se esconde para compor a dobradinha depois.
Em respeito aos eleitores, pelo bem da disputa e da
seriedade do pleito, não é razoável levar essa situação adiante por mais tempo.
A impugnação, seja através de decisão por ofício ou a pedido de agremiações
adversárias, está no radar. Juízes da Lava-Jato também querem dar um “basta”
nas regalias do detento. Alegam que Lula vem usando a sede da Polícia Federal
em Curitiba, onde se encontra, como comitê de campanha e pedem, o quanto antes,
restrições a essa prática.
Na fronteira do TSE, a alternativa de um candidato ficha
suja já foi completamente descartada. Posição nesse sentido parece fechada,
principalmente pelo triunvirato que agora comanda o Tribunal, dirigido desde a
segunda-feira, 13 por Rosa Weber. Nas mãos de Weber, o showzinho particular de
Lula deve ter os dias contados.
Crédito Foto: AP Photo/Eraldo Peres
Carlos José Marques é diretor editorial da
Editora Três
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