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"ITABUNA: Fragmentos de Memória em Cem anos de História"
Texto de abertura do Calendário produzido pela Comissão da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) para as Comemorações do Centenário de Itabuna.
Selecionar é escolher.
Os critérios para realizar a seleção
podem ser definidos de distintas formas de acordo com os princípios de cada um
e com as distintas situações que vivenciamos. Há certas ocasiões em que
selecionar é tão vital para prosseguir que enquanto não realizamos essa tarefa
ficamos dando voltas sem sair do lugar. Selecionar o que seria tão
significativo lembrar sobre uma cidade numa época em que a esperança de vida
aumenta ao mesmo tempo em que tudo muda vertiginosamente, foi um desafio
assustador. A seleção mostrou-se tão difícil porque nos colocou diante de
decisões sérias que por muito tempo foram adiadas. O diálogo tornou-se
profundo, inquietante, revolucionário e nos colocou frente a frente com a
responsabilidade de agir.
O que não poderia ser esquecido no momento de comemorar o
centenário de Itabuna?
Nesses tempos de “crises” de valores e de referências,
as comemorações tendem a demonstrar que o acontecimento “rememorado”, em razão do
seu valor simbólico, visa, sobretudo, ao devir. Em busca de um consenso o poder
político investe nas lembranças das grandes datas, de maneira a encontrar no passado uma
legitimidade histórica que permita consolidar a memória coletiva. Por trás de
todas as comemorações encontra-se, portanto, a questão do tempo que se
manifesta na sua relação com o passado da História e o presente da memória.
Nesse calendário produzido no boja das atividades
desenvolvidas pela Comissão da Universidade Estadual de Santa Cruz para as
Comemorações do centenário da cidade de Itabuna se tentou encontrar um consenso
entre a memória individual, aquela que cada um lembra um jeito diverso, segundo
o que lhe interessa e o que amealhou durante a sua experiência de vida, e a
memória coletiva, que é aquela formada pelos fatos e aspectos julgados
relevantes e que são guardados como memória oficial da sociedade mais ampla.
Perseguimos então a memória compartilhada pesquisando entre os itabunenses,
nativos ou moradores, e de diversos seguimentos sociais, marcos da trajetória e
história da centenária cidade.
A seleção foi realizada. Demoramos no processo seletivo por
receio de omitir, de exceder, mas a fala balizada dos nossos depoentes nos
encorajou a apresentar as imagens-fato, doze momentos da trajetória da cidade
que estão na memória dos itabunenses para que possamos comemorar, e então, reviver
de forma coletiva a memória dos acontecimentos considerados como fatos
sinalizadores, a sacralização dos grandes valores e ideais de uma comunidade.
Enfim nesse fenômeno das comemorações, a história se conjuga a memória,
procurando na distância do acontecimento passado uma aproximação com o presente
histórico.
(Postado na RSIC/ICAL no início do ano 2010)
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