Ele lembra que a Odebrecht gastou cerca de 800 milhões de
dólares em propinas pagas a chefes de Estado para ganhar licitações
Por Da redação
Para o peruano Mario Vargas Llosa, é um milagre que Moro
continue vivo (Reuters/Folhapress)
Em artigo publicado nos jornais El País e O
Estado de S.Paulo, o escritor peruano e prêmio Nobel de literatura Mario Vargas
Llosa afirmou que a empreiteira Odebrecht merece um monumento em sua
homenagem porque “nenhum governo, empresa ou partido político fez tanto quanto
ela desvelando a corrupção que corrói os países da América Latina, nem
trabalhou com tanto ânimo para fomentá-la”. No mesmo texto, intitulado “O
furacão Odebrecht”, ele afirma que Sergio Moro é “um juiz fora do comum” e que
é um “milagre” que esteja vivo.
Llosa lembra que a Odebrecht gastou cerca de 800 milhões de
dólares em propinas pagas a chefes de Estado, ministros e funcionários de
governo para ganhar licitações e obter contratos superfaturados. Llosa
argumenta “nunca haveria uma punição se entre seus cúmplices não houvesse um
grande número de diretores da Petrobrás, petrolífera brasileira que,
investigada por um juiz fora do comum, Sérgio Moro, que abriu a caixa de
Pandora – aliás, é um milagre que ainda continue vivo.”
O escritor lembra também que o ex-presidente peruano
Alejandro Toledo, que está fora do país na condição de foragido, teve
a prisão preventiva decretada, enquanto o envolvimento dele com a
construtora é investigado. E diz que “nada desmoraliza tanto uma sociedade
quanto admoestar os governantes que chegaram ao poder com os votos das pessoas
comuns e aproveitaram esse mandato para enriquecer, pisoteando as leis e
degradando a democracia”.
Para Llosa, a corrupção é, hoje em dia, a maior ameaça
para o sistema de liberdades que está abrindo caminho na América Latina depois
dos grandes fracassos das ditaduras militares e dos sonhos messiânicos dos
revolucionários. “É uma tragédia que, quando a maioria dos latino-americanos
parece estar convencida de que a democracia liberal é o único sistema que
garante um desenvolvimento civilizado, na convivência e na legalidade, conspire
contra essa tendência a rapina frenética de governantes corruptos”.
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