BORDO DO PEDRO II
12º DIA
Perdi o “Pedro II”.
Despedidas.
Telegramas para meus pais.
Bordo do “Almirante Jaceguay”.
Rumo ao Sul.
Barra-forte. Noite.
A paisagem costeira vai perdendo a graça.
Estou absorvido na leitura.
Não saio do camarote.
Santos...
Porto atulhado de navios.
Bandeiras de todas as nações drapejam nos mastros.
Movimento dinâmico.
Dorsos curvados sob sessenta quilos de café vão e vêm numa
agitação de taiocas.
Guindastes guincham.
Apitos e sirenes buzinam.
Italianos, japoneses, alemães, espanhóis e sírios, falando a
própria língua.
Numa confusão de sons e idiomas.
Numa torre de babel...
E a nossa língua quase não a ouço.
Ainda estou no Brasil e já vou notando a diferença.
Homens diferentes, bruscos, grosseiros, caras antipáticas.
Muito poucos brasileiros.
Esquecia-me que estou em São Paulo e os paulistas não querem
ser brasileiros...
(AQUARELAS E RECORDAÇÕES Capítulo XXII)
Francisco Benício dos Santos.
* * *
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