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terça-feira, 18 de julho de 2017

ITABUNA CENTENÁRIA: UM SONETO - Luiz Gonzaga Dias

A carta que não foi rasgada


Era uma carta simples... Entretanto,
A saudade gemia na mensagem.
O infortúnio revestia o pranto,
Na tristeza infinita da viagem.

Expunha na missiva escrita em pranto,
O que dizer não tivera coragem...
E cada frase revolvia o canto,
Da alma onde guardava a sua imagem.

No término ele escrevia: “Leia,
Depois rasgue-a”... Li mas não rasguei-a
Pelo milagre da recordação.

Portadora de meiga despedida,
Ninguém rompe a missiva recebida,
Porque é rasgar o próprio coração!


(IMAGENS MUTILADAS - 1963)
Luiz Gonzaga Dias
.................

 Em lugar de Prefácio


          Como um derivativo à luta diária, neste século agitado, nesta época de progresso vertiginoso, aqui estão alguns versos reunidos neste volume, poesias na sua maior parte, dispersas nas publicações brasileiras.

            Sentencia o Evangelho, que nem só de pão vive o homem, sendo portanto estes versos, assim como um oásis, no deserto febril da civilização, da política, da atividade multifária dos seres, na era do avião a jato, dos inventos nucleares e do perene choque de interesse dos homens.

            Um momento de arte e descanso, não faz mal ao corpo ou ao espírito exausto.

            Se o leitor não acha que ler poesia é perder tempo, leia um pouco estes versos.

            Ao contrário, desculpe, e passe adiante.

            De qualquer modo, queira aceitar os agradecimentos do autor.



                                 São Felix, Estado da Bahia, Julho de 1962.

* * *

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