A carta que não foi rasgada
Era uma carta simples... Entretanto,
A saudade gemia na mensagem.
O infortúnio revestia o pranto,
Na tristeza infinita da viagem.
Expunha na missiva escrita em pranto,
O que dizer não tivera coragem...
E cada frase revolvia o canto,
Da alma onde guardava a sua imagem.
No término ele escrevia: “Leia,
Depois rasgue-a”... Li mas não rasguei-a
Pelo milagre da recordação.
Portadora de meiga despedida,
Ninguém rompe a missiva recebida,
Porque é rasgar o próprio coração!
(IMAGENS MUTILADAS - 1963)
Luiz Gonzaga Dias
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Como um
derivativo à luta diária, neste século agitado, nesta época de progresso
vertiginoso, aqui estão alguns versos reunidos neste volume, poesias na sua
maior parte, dispersas nas publicações brasileiras.
Sentencia
o Evangelho, que nem só de pão vive o homem, sendo portanto estes versos, assim
como um oásis, no deserto febril da civilização, da política, da atividade
multifária dos seres, na era do avião a jato, dos inventos nucleares e do
perene choque de interesse dos homens.
Um momento
de arte e descanso, não faz mal ao corpo ou ao espírito exausto.
Se o
leitor não acha que ler poesia é perder tempo, leia um pouco estes versos.
Ao
contrário, desculpe, e passe adiante.
De
qualquer modo, queira aceitar os agradecimentos do autor.
São Felix,
Estado da Bahia, Julho de 1962.
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