22 de março de 2017.
Por Percival Puggina
Os que empurraram as esquerdas para suas vitórias e o Brasil
para o fracasso retomam as antigas práticas. Astutamente, tendo suas opiniões
perdido credibilidade nas questões internas, usam e abusam da cena
internacional para continuar ministrando “lições” à opinião pública.
Recordemos. Durante décadas, formadores de opinião,
“trabalhadores em educação” e seguidores da Teologia da Libertação arrastaram o
corpo social brasileiro para a valeta esquerdista. Era uma força irresistível a
alavancar o PT para a condição de grande partido nacional, levar Lula à
presidência da República e arrastar o Brasil para o caos. Nos microfones, as
falanges midiáticas não poupavam sequer o público dos programas futebolísticos.
Nas salas de aula, tornos e marretas ideológicas faziam cabeças em linha de
produção. A CNBB e o clero dito progressista esmeravam-se em documentos e
campanhas cujo cunho religioso se consumia em brevíssimas referências à
Santíssima Virgem; tudo mais era perdição eufemística da mensagem cristã a
serviço de determinada política. Certa feita, anos 90, designado pelo admirável
arcebispo de Porto Alegre, D. Cláudio Colling, participei dos eventos que
compunham o projeto da CNBB chamado “O Brasil que queremos”. Nos bastidores de
todos os eventos e mesas de trabalho, os assuntos mais abordados pelas
pastorais presentes eram eleição vindoura e Lula-lá… A tudo testemunhei porque,
como peixe fora d’água, lá estava.
Assim, ao longo de muitos anos, o povo brasileiro foi
orientado pelos corregedores da opinião pública a pensar com critérios
esquerdistas, estatistas, coletivistas. Toda a análise sociológica, histórica,
política e econômica era promovida com lentes marxistas. Quando, nos anos 90, o
Leste Europeu sacudia do próprio lombo sete décadas de opressão, ferrugem e
lixo comunista, o Brasil da teologia da libertação, dos progressistas, dos
movimentos sociais mantidos pelos inesgotáveis fundos petistas estava ávido de
importar tudo para cá.
O que aconteceu após 13 anos do sucesso eleitoral de 2002
foi o inevitável fracasso operacional e moral de 2014, quando já não podia mais
ser ocultado. E tudo fica bem resumido nestas estrofes narrativas e proféticas
de Miguezin de Princesa em “Nunca recebi propina”:
Prometeu melhores dias
Para um bocado de gente,
Vivia quase montado
No pescoço do vivente,
Mas, na hora de comer,
Só comeu quem foi parente.
Agora no xilindró,
Com saudade do faisão,
Come pão com margarina
E almoça rubacão
E diz: – Esse povo ingrato
Inda beija meu retrato
Nessa próxima eleição!
O poder petista, como tal, acabou. Junto com sua parceria,
virou caso de polícia. A conexão publicitária entre esquerda e progresso, a
ninguém mais convence. Com os foguetes queimados para levar o PT ao poder,
torrou-se o prestígio de seus apoiadores. Por isso, leitor, você não ouve mais
qualquer discurso esquerdista.
Que fazem, então, as falanges midiáticas, acadêmicas e
pastorais? Reconhecidas as próprias limitações, dedicam-se a: 1) combater quem
esteja à sua direita no arco ideológico, jogando rótulos entre os quais os de
“ultradireita” e “fascista” são os mais recorrentes; 2) atacar propostas que
busquem desfazer os estragos promovidos por um quarto de século de governos de
esquerda; 3) investir contra conservadores e liberais como sendo os vilões a serem
evitados.
Observe, então e por fim, o quanto se valem para isso do
cenário internacional. Ali está o campo de prova onde reiteram suas convicções
e “ensinamentos”, sem que o passado os condene. Não, as falanges não se
penitenciam nem redimem. Apenas mudam de estratégia. Agora, pretendem nos
ensinar a compreender o mundo com seus olhos.
BLOG / RODRIGO CONSTANTINO
Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da
esquerda “politicamente correta”.
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