Giacomo Leopardi (Para Antonio Prete)
Um de seus mais belos poemas habita o sentimento do
infinito. Para alcançá-lo, apenas a imaginação.
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Nos domínios fictícios do infinito, o pensamento humano só pode naufragar.
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Infinito atual e potencial: mas o poema hesita e não adere. A ideia de infinito
é uma ilusão. Como na infância e novos arcaicos: o assombro da extensão de
terra e mar. A fantasia trabalha e não descansa.
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Para ele, o infinito não é descortinável. Nem mesmo a analogia vai mais longe:
"todos os mundos que existem, por maiores que sejam, não sendo infinitos,
em número e em grandeza, são, por conseguinte, infinitamente pequenos, se
comparados a quanto o universo poderia, se, de fato, fosse infinito; e o todo
existente é infinitamente pequeno, se comparado à infinita verdade do não
existente, do nada".
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De Leopardi, o timbre essencial, desde a infinita verdade do nada.
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Cantor (Georg) ouviu a melodia do infinito. E emprestou-lhe assim uma
hierarquia.
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O infinito parece uma lição de botânica. Sua nomenclatura é expansiva. Dízimas,
Fractais.
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Dedeking preencheu com os números reais o vazio da reta. É voz corrente. Pra
mim, arrefeceu quanto possível.
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Insiste a voz de Cauchy: a soma de 1+1/2+1/4+... não chega a 2, mas tende para.
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A matemática e a metafísica se aproximam, segundo Leopardi, mediante operações
de cálculo e proposição.
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Resisto, sitiado, na minha cidadela. Penso que a matemática é filha da poesia.
Revista Humanitas, 12/11/2021
https://www.academia.org.br/artigos/giacomo-leopardi-para-antonio-prete
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Marco Lucchesi - Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da ABL, eleito em
3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila, foi recebido
em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha. Foi eleito Presidente da
ABL para o exercício de 2018.
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