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domingo, 14 de novembro de 2021

ITABUNA CENTENÁRIA UM POEMA: O Adeus de Teresa - Castro Alves


 

O Adeus de Teresa

Castro Alves

 

A vez primeira que eu fitei Teresa,

Como as plantas que arrasta a correnteza,

A valsa nos levou nos giros seus...

E amamos juntos... E depois na sala

“Adeus” eu disse-lhe a tremer co' a fala...

 

E ela, corando, murmurou-me: “Adeus.”

 

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...

e da alcova saía um cavalheiro

Inda beijando uma mulher sem véus...

Era eu... Era a pálida Teresa!

“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

 

E ela entre beijos murmurou-me: “Adeus!”

 

Passaram tempos... séc’los de delírio

Prazeres divinais...gozos de Empíreo...

Mas um dia volvi ao lares meus.

Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”

Ela, chorando mais que uma criança.

 

Entre soluços murmurou-me: “Adeus!”

 

Quando voltei... era o palácio em festa!...

E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra

Preenchiam de amor o azul dos céus.

Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!

Foi a última vez que vi Teresa!...

 

E ela arquejando murmurou-me: “Adeus!”

                                     São Paulo, 28 de agosto de 1868

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Antônio de Castro Alves
 nasceu na comarca de Cachoeira, Estado da Bahia, a 14 de abril de 1847, sendo filho do médico Antônio Alves e de sua mulher, D. Clélia Brasília da Silva Castro. Faleceu na cidade do Salvador a 6 de julho de 1871. Na expressão de Afrânio Peixoto Castro Alves “Pôs suas ideias à frente do seu sentimento e, num tempo em que a miséria da escravidão não comovia ninguém, despertou com os seus poemas arrebatadores, piedosos ou indignados, a sensibilidade humana e patriótica da geração que, vinte anos mais tarde, viria a conseguir a liberdade. Por isso lhe deram o nome invejável de Poeta dos Escravos. Das alturas do seu gênio compreendera que não há grande homem sem uma grande causa social a que tenha servido, e não aspirava a outra glorificação que a dessa obra realizada. A morte, depois, não importaria...

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