28 de dezembro de 2019
Neos-missionários se jactam de não evangelizar os
silvícolas, entretanto o Apóstolo São Paulo admostou: “Ai de mim, se eu
não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16).
Carlos Sodré Lanna
A questão do infanticídio indígena, “Triste realidade
ocultada no Brasil” foi tratada por mim em recente artigo para esta coluna e,
como havia prometido, volto hoje ao tema com outras informações e
considerações.
O bispo austríaco Dom Erwin Krautler [foto abaixo], prelado
emérito do Xingu, ex-presidente do CIMI e coordenador da rede Panamazônica
(REPAM), admitiu que “entre algumas tribos indígenas brasileiras ainda
existe a prática cultural do infanticídio”[1]. Convém recordar que a REPAM
ajudou a preparar o muito discutível documento Instrumentum laboris do
Sínodo sobre a Amazônia, realizado no Vaticano entre os dias 6 e 27 de outubro.
Informação triste mas útil ao leitor: esse prelado é ardente
defensor da abolição do celibato para o clero, da ordenação sacerdotal de
homens casados e do diaconato para mulheres, contrariando assim o que foi
estabelecido por Nosso Senhor Jesus Cristo e praticado pela Santa Igreja
durante dois mil anos.
Como se não bastasse, ele ainda discorda da idéia segundo a
qual o estado deve condenar os que cometem o infanticídio indígena, e se diz
mais favorável a “convencer essas populações com paciência pastoral que a
morte de uma criança prescrita por sua cultura é anacrônica e prejudica a sua
estratégia de vida”[2].
E acrescenta: “Temos combatido sempre pela sobrevivência
física e cultural dos índios e o fazemos baseando-nos no evangelho e não com o
apoio do evangelho do fundamentalismo”[3].
Ele rechaça, portanto, a ideia de penalizar o
infanticídio. “Em nome dos direitos humanos e com o pretexto de eliminar o
infanticídio está se levando a cabo um etnocídio maior um assassinato cultural”[4].
Na realidade, tanto o CIMI quanto a Funai estão de acordo com essa prática
abominável do infanticídio em nome do respeito da cultura indígena , e negam a
ajudar os índios a repudiar tais abominações.
O CIMI nasceu em 1972 e vem mantendo desde sua origem as
mesmas doutrinas, teorias e práticas em relação às populações indígenas no
Brasil. Os bispos e os novos missionários do CIMI não pregam mais o evangelho
em sua plenitude, pois ele estaria impregnado da cultura européia.
Numa omissão voluntária e consciente, não batizam mais os
silvícolas deixando-os viver no paganismo e na barbárie de suas culturas
primitivas.
Sob o pretexto de manter essa cultura ancestral os novos
missionários deixam milhares de crianças serem assassinadas, nada fazendo para
por fim nesse macabro morticínio infantil.
Eles não consideram tal morticínio uma prática anti-natural
e selvagem, antes o justificam dizendo que é parte de uma cultura que não pode
ser mudada de uma hora para outra.
Fazem tábula rasa de que essas crianças são tão humanas como
nós, portanto sujeitas aos mesmos direitos assegurados pela lei de Deus e pela
lei dos homens.
Segundo a pastoral dos bispos da Amazônia , “a
principal missão a Igreja não á catequizar nem converter os índios, mas
garantir os seus valores e encaminhar o seu processo cultural de modo a evitar
choques e sincretismos”[5].
“Os índios já vivem as bem-aventuranças. Os misssionários
trabalham com eles sem nenhuma pretensão de catequese”.
Segundo dados recentes de órgãos do governo federal ligados
aos direitos humanos, aproximadamente 360 crianças indígenas são assassinadas
anualmente no Brasil sob qualquer motivo ou desculpa.
A decisão dos novos missionários de não mais pregar o
evangelho constitui uma traição à missão de evangelizar que lhes foi outogarda
pela Igreja Católica, permitindo assim que os índios continuem vivendo e
morrendo no mais completo paganismo. Existem locais em que esses missionários
se gabam de não terem batizado um só índio em mais de 60 anos,
contrariando per diametrum o mandato de Jesus Cristo contido no
evangelho de São Mateus , de batizar a todos os povos em nome do Pai , do Filho
e do Espírito Santo.
São Paulo admoestou: “Ai de mim, se eu não anunciar o
Evangelho” (1Cor 9,16).
SÃO FRANCISCO XAVIER E SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS
PADROEIROS DAS MISSÕES
Citarei em seguida alguns exemplos conhecidos sobre a
importância das missões na história da Igreja Católica desde o tempo de Nosso
Senhor Jesus Cristo e a situação terrível em que nos encontramos hoje onde os
neo-missionários nem batizam mais os indígenas.
No dia 3 de dezembro a Igreja celebra a memória de São
Francisco Xavier, que em 1925, junto com Santa Teresinha de Jesus, foi
proclamado pelo Papa Pio XI, padroeiro das missões.
Espanhol, nasceu em 1505 juntou-se os grupo de Santo Inácio
e foi cofundador da Companhia de Jesus. Incansável missionário jesuíta,
evangelizou na Índia, Indonésia e no Japão. A Igreja considera que São
Francisco Xavier foi o missionário que mais converteu pessoas ao cristianismo
desde o Apóstolo São Paulo, merecendo o cognome de “apóstolo do oriente”. No
anúncio do Evangelho em curto espaço de tempo (10 anos) visitou vários países e
catequizou povos e nações.
Santa Teresinha de Jesus também é padroeira das missões.
Temos como padroeira das missões alguém que nunca saiu do Carmelo de Lisieux
(França), entretanto uma alma essencialmente missionária. Ela escreveu em
seus Manuscritos Autobiográficos:
“No coração me repercutia, continuamente o brado de Jesus na
cruz: ‘Tenho sede!’ Estas palavras acendiam em mim um ardor estranho e muito
vivo. Sinto-me chamada a ser um Apóstolo, quisera viajar pelo mundo todo
pregando o Vosso nome e plantando a Vossa Cruz gloriosa em terras pagãs. Uma só
missão não seria suficiente para mim: eu queria proclamar o Evangelho nos
quatro cantos do mundo, nas ilhas mais distantes e esquecidas, todas de uma só
vez. Quisera ser uma missionária não somente por alguns anos, mas desde a
criação do mundo até a consumação dos tempos”.
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA ESCREVEU SOBRE OS MISSIONÁRIOS
Ensina a Igreja que a via normal para o homem se salvar
consiste em ser batizado, crer e professar a doutrina católica e a lei de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Trazer os homens para a Igreja é pois abrir-lhes a porta
do Céu e salvá-los. É esse o fim das missões. A glória de Deus e a perpétua
felicidade dos homens são fins missionários da mais alta transcendência. Isso
não impede que a missão tenha efeitos terrenos, também dos mais elevados. Daí
decorre que a lei de Deus é o fundamento da grandeza e do bem estar de todos os
povos. Cristianizar e civilizar são termos correlatos é impossível cristianizar
seriamente sem civilizar.
Ser missionário, no Brasil, é principalmente levar o
Evangelho aos índios. É levar-lhes também os meios sobrenaturais para que, pela
prática dos Dez Mandamentos da Lei e Deus, alcancem seu fim celeste. É
persuadi-los a se libertarem das superstições e dos costumes bárbaros que os
escravizam em sua milenar estagnação. Em consequência, é civilizá-los.
Enquanto é próprio ao homem cristianizado e civilizado
progredir sempre no reto e livre exercício de suas atividades intelectuais e
físicas, o índio é escravo de uma imobilidade estagnada, a qual de tempos
imemoriais lhe tolhe todas as possibilidades de reto progresso.
Apresentando-se ao índio, está o missionário de Jesus Cristo
no direito de lhe dizer: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo
8, 32).[7]
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Notas:
Info Catolica, 30-11-2019
L’ Espresso, Sandro Magister, 10-10-2019
Id., ibidem.
Church Militant, 8-10-2019
ACI Prensa, 9-10-2019
Santa Teresinha do Menino Jesus, www.pantokrator.org.br
Plinio Corrêa de Oliveira, www.pliniocorreadeoliveira.info
Outras obras consultas:
Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, Ideal
comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, São
Paulo, 1977.
Alberto Caturelli, El Nuevo Mundo El Descubrimiento, La
Conquista y La Evangelización de América, Centro Cultural Edamex, Cidade do
México, 1991.
A voz das vítimas, editora Vozes, Petrópolis, 1990.
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