Depois de uma série de problemas em minha vida, com a morte
prematura dos meus pais, para acabar de me deixar completamente transtornado,
minha mulher, grávida de seis meses, é tragicamente atropelada por um indivíduo
completamente bêbado!
Eu estava ao lado dela, vínhamos do supermercado, não
aguentei ver a cena e, mais que depressa, fui contra o canalha atropelador,
mesmo sem antes socorrer minha mulher. Agarrei-o pelo pescoço e, não fosse as
pessoas que se aproximaram, eu teria matado o assassino asfixiado.
Chamaram o Samu, mas, infelizmente minha mulher já estava
morta. Eu parecia um louco querendo a todo custo me soltar das mãos dos
populares, para matar o crápula que tinha provocado o acidente. Ele, com o
aperto que lhe dei, achava-se desmaiado ao lado do carro!
Rapidamente chegou a polícia, um carro levou o motorista
preso, completamente cambaleante, e eu super aflito chorava copiosamente vendo
a minha querida mulher totalmente contorcida e lavada em sangue. Me acalmei um
pouco, o pessoal do supermercado pegou um lençol e cobriu Margarida (esse era o
seu nome), enquanto esperavam o carro do departamento criminal para leva-la
para os procedimentos de praxe!
Passado todo transtorno de enterros, etc., infelizmente, eu
fiquei debilitado de tal forma que, por sugestão da empresa que eu trabalhava,
me aconselharam a procurar um psicólogo/analista, no sentido de regularizar a
minha mente, através de análises. Como eu era um excelente funcionário,
deram-me três meses de licença sem a necessidade de encostar-me no INPS.
Aí começou a mudar a minha vida. Me indicaram uma psicóloga
como competentíssima e eu, prontamente fui a procura dela.
Liguei, marquei consulta e, no dia previsto, fui e me
apresentei. Ela, uma pessoa simpática e agradável que, mesmo sem esbanjar
belezas, era uma mulher bastante sorridente e sensual!
Começamos a nossa primeira consulta, me colocou num divã
super confortável, e eu comecei a contar toda minha tragédia e os reflexos
provocados pelo acontecido. Fechei os olhos e, com algumas lágrimas escorrendo,
desabafei completamente todas as minhas dores. Ela calada e, como boa ouvinte,
algumas vezes me estimulava para que falasse tudo com os mínimos detalhes. E
eu, com clareza, desembuchava as minhas mágoas.
Resultado é que, com a continuação, fomos nos identificando,
com minha melhora, passamos a jantar fora algumas vezes e, como sempre
acontece, o paciente se apaixonou pela médica e a médica se apaixonou pelo
paciente. Fato que não é raro nos divãs de analistas, ou na medicina em geral!
Como vivo em Brasília e ela também, juntamos nossos
“paninhos” e estamos morando juntos na maior felicidade, os filhos dela me
adoram, somos da mesma idade, beirando os cinquenta, e eu continuo na empresa
na função de contador.
Veja como as vezes certas fatalidades, sempre depois, nos
propiciam prazeres e felicidades inesquecíveis!
Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL
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