“Atordoados pelos resultados das urnas de 2016 e 2018,
sobrou para os derrotados, no sonho de um retorno ao poder, manter um retrato
negativo do país com fins eleitoreiros.”
14/11/19
Ao final da Segunda Guerra, os generais de Hitler, certos da
derrota inevitável, poupavam o combalido ego do “führer” de novos dissabores.
Temerosos, peneiravam as más notícias que chegavam ao bunker, deixando o
ditador convenientemente iludido.
Na comédia “Adeus, Lênin”, uma velha senhora comunista entra
em coma e não presencia a derrubada do Muro de Berlim. Ao despertar, tempos
depois, a capital alemã já era outra. Com dó da mãe, seu filho esconde dela os
últimos acontecimentos, fazendo-a crer que Berlim Oriental continuava como
sempre: atrasada, feia e comunista.
Os discursos do ex-presidente assim que ele saiu da cadeia
fizeram-me lembrar ambas as histórias. Preso por mais de um ano, paparicado e
endeusado pela militância, Luiz Inácio colecionou elementos para criar uma
avaliação equivocada de si mesmo, de sua influência, de seu carisma e – o mais
grave – do Brasil que seguiu em frente.
Prisão não é fácil mesmo, embora a dele fosse cheia de
regalias. Certamente, todos que o visitavam enfeitavam as grades com elogios,
esperanças, exortações à “resistência”, recados carinhosos – tudo perfeitamente
compreensível, até por questões humanitárias. O problema é que, ao saírem, tais
visitantes deixavam o ex-presidente em uma companhia desonesta: a imagem
congelada de um passado recente. Atordoados pelos resultados das urnas de 2016
e 2018, sobrou para os derrotados, no sonho de um retorno ao poder, manter um
retrato negativo do país com fins eleitoreiros. No entanto, esqueceram-se de
que os responsáveis por tal desastre eram eles mesmos.
Assim, a esquerda continuará ofegante, soprando as brasas
indispensáveis ao calor costumeiro de seus discursos. Pergunta: quem ainda se
inflamará com isso, além dos de sempre? Pouco a pouco, novos ventos arejam a
vida do brasileiro. Surgem boas notícias; a maioria quase sempre ignorada pela
grande imprensa. Jornalista que não sou – mas apenas um cidadão que gosta de escrever
–, listei alguns indicadores interessantes.
A Caixa Econômica vai fechar o ano de 2019 com um lucro
maior que o dos bancos Bradesco e Itaú. As alíquotas de importação de 498 bens
de capital e 34 bens de informática e telecomunicações foram zeradas. A taxa de
crédito imobiliário se aproxima do nível menor da história. A construção civil
captou R$ 4,4 bilhões na Bolsa e prepara uma expansão marcante. Bilhões de
dólares do exterior virão para revolucionar nossa infraestrutura ferroviária.
A Embraer saiu do prejuízo e lucrou R$ 26 milhões no segundo
trimestre; a receita líquida cresceu 19%. Um site especializado mostra que o
Brasil registrou uma queda de 22% nas mortes violentas no primeiro semestre do
ano – e continua baixando. O INSS passou um pente-fino em benefícios suspeitos;
cancelou 254 mil deles e poupou R$ 4,37 bilhões na brincadeira.
Fábricas de caminhões e implementos agrícolas agora só
aceitam encomendas para entrega em 2021. Vem aí uma produção recorde de grãos –
previstos 245,8 milhões de toneladas, 3,9 milhões a mais em relação à safra
anterior. Estamos brilhando na produção de café, ovos e leite, este último com
destaque para Minas Gerais. Novos mercados internacionais se abrem.
Movimentos como o MST – aqueles que estripavam vacas prenhes
por motivos ideológicos – sumiram.
O Banco do Brasil anuncia lucro líquido de R$ 4,543 bilhões
no terceiro trimestre, uma alta de 33,5% em relação ao mesmo período do ano
passado. O famigerado risco país atingiu o menor nível desde 2013. Taxa Selic
nos 5%. Inflação controlada. Em consequência, o desemprego começa a cair;
devagar, mas vai.
Que bom, hein? Então, não contem nada disso pro Lula. É
sacanagem.
AUTOR
Fernando Fabbrini
Escreve todas as quinta-feiras no caderno Magazine, de O
Tempo
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