A amizade madura
A amizade madura é bem diferente daquela que eu imaginava
anos atrás.
Eu, na minha infantilidade, pensava que amizade era estar
sempre próxima, falar com frequência, dividir todas as estações.
E que surpresa boa descobrir que não necessariamente é
assim.
A amizade madura, por vezes, é justamente o oposto.
Ela é livre de cobranças, não tem o peso das obrigações da
vida.
A amizade madura escuta "já te ligo, ocupadíssima
agora."
E a ligação é retomada nove dias depois.
A amizade madura mantém contato diário ou some por anos.
Ela pode estar no reencontro inesperado "cara que
saudades, casei, tive filhos e você?"
A amizade madura sabe que há épocas na vida onde você dá,
dá, dá, e outras, onde você recebe, recebe, recebe.
Mas que no final das contas, na longa jornada, a balança se
alinha.
Porque a amizade madura se entende. No consolo, na risada,
na ausência, no abraço, no puxão de orelha.
Amizade madura é gostosa, fácil de levar.
A amizade madura está no "pô que sacanagem, por que
você fez isso?"
E também no "desculpa, pisei na bola".
A amizade madura pode perdoar instantaneamente ou precisar de alguns anos
para sarar.
A amizade madura mora na mensagem depois de tempos sem se
falar "ei, sonhei com você, tá tudo bem?"
A amizade madura respeita as diferentes fases da vida.
Há amigas com filhos, amigas solteiras, amigas focadas na
carreira.
A amizade madura é aquela que revive recordações cada vez
que se encontram:
"Lembra aquela vez quando a gente?"
E as risadas rolam soltas e viram lágrimas de riso.
A amizade madura pode ser reservada, mas pode atingir
níveis astronômicos de intimidade:
"Lembra quando fiquei sem grana até pra comprar
pão?"
A amizade madura se entrelaça na sua história, se mistura
com sua essência.
É especial porque é a mais livre dos arbítrios.
É escolher manter no coração alguém que se não fosse pela
amizade, seria apenas mais um estranho destes que a gente vê no cruzamento.
Sim, a amizade madura é uma escolha, sem interesses, sem
segundas intenções ou lengalenga.
É uma decisão nossa, íntima.
E é isso que faz dela tão forte que nem o tempo, nem a
distância, e nem as curvas da vida conseguem apagar.
(Desconheço o autor)
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