O dia do índio!
O dia dezenove de abril, muitos anos atrás, era comemorado
com festas, alegrias, nossas crianças caras pálidas, negras e mulatas, se
vestiam de índio, com suas fantasias simples ou sofisticadas, improvisados
arcos e flechas, muitas vezes com apenas uma modesta pena de galinha ou peru na
cabeça e, com essas indumentárias se divertiam com outras crianças vestidas de Cowboy,
delegados e xerifes, fazendo suas pacíficas batalhas, logicamente, imitando os
filmes americanos que eram exibidos aos milhões por todo nosso Brasil. Pois, os
americanos do norte, tinham o orgulho de passar uma imagem negativa do índio,
como perversos e maus e, baseando-se nisso, dizimaram milhares de índios,
tomaram suas terras, se instalaram e hoje a nação pele vermelha é bastante
reduzida e cada vez se molda mais as civilizações brancas, perdendo suas
culturas e originalidades.
No Brasil, com uma história bastante similar, uma vez que os
que tentaram e os que nos colonizaram, não deixaram de eliminar tribos
inteiras, tomar suas terras, escravizá-los, proliferaram doenças, misturaram
raças em abundancia, enfim, procederam com as mesmas técnicas usadas pelos
europeus e americanos posteriormente. O fato é que em nome do tal progresso,
implantar civilizações, novos países, etc., aos mais fracos (no caso os índios)
foram sempre saqueados e traídos grosseiramente como os Astecas, Maias,
Toltecas, Incas e outras importantes da América Latina. É uma verdade incontestável
que os índios viviam numa boa e foram ludibriados, saqueados e suas terras
tomadas na marra, apenas com o simples trabalho de delimitarem e fazerem suas
escrituras anos depois com as anuências governamentais.
Essa parte da história é verídica e incontestável, mas com o
tempo, principalmente aqui no norte e nordeste a miscigenação foi e é tão
acentuada que, ninguém pode se arvorar de ser cacique, índio puro ou um
espécime real e tribal das antigas nações. As misturas foram acontecendo, como
também não temos nenhuma “cara pálida” que não tenha uma bisavó ou tataravó que
era índia. E, assim sendo, não justifica surgir um cacique e estar liderando um
movimento reivindicatório das terras que, 500 anos atrás pertenciam aos seus
antepassados. Temos o direito de gritarmos alto e de bom som que também temos
sangue índio correndo em nossas veias e esse direito hoje é de toda
coletividade brasileira, principalmente dessa parte norte/nordeste do país.
Hoje as crianças pouco brincam de índios e cowboys, esqueceram
as estórias americanas, e as nossas nunca nem se preocuparam em saber, em
função da péssima memória brasileira com sua história.
Então, em função do exposto, hoje é o dia de todos nós que,
orgulhosamente, somos descendentes dos bravos índios do passado e, consequentemente,
nada de terras para grupos oportunistas, pois se tiverem de fazer demarcações
eu vou querer meus hectares também!
Antonio Nunes de Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras–AGRAL
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