Índios do Brasil
Comemoramos todos os anos, no dia 19 de abril, o
Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio
Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de
abril?
Introdução
Historiadores afirmam que antes da chegada dos
europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente.
Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos,
aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de
acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupi-guarani (região do
litoral), macro-jê ou tapuia (região do Planalto Central), aruaque (Amazônia) e
caraíba (Amazônia).
Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios
ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas
e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas.
Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O
contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade
cultural.
A sociedade indígena na época da chegada dos
portugueses
O primeiro contato entre índios e portugueses em
1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito
diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre
os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha
(escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos
deixados pelos padres jesuítas.
Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam
da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce
e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem
rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada
para limpar o solo para o plantio).
Os índios domesticavam animais de pequeno porte
como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a
galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar
em contato pela primeira vez com uma galinha.
As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em
regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em
momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de
estabelecer alianças contra um inimigo comum.
Os índios faziam objetos utilizando as
matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio
ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta
madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (oca). A palha
era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica
também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em
geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as
cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.
A organização social dos índios
Entre os indígenas não há classes sociais como a do
homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A
terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir
com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado,
arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é
realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são
responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo
ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das
árvores.
Duas figuras importantes na organização das tribos
são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os
rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois
conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da
pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na
cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois
organiza e orienta os índios.
A educação indígena é bem interessante. Os pequenos
índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática.
Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o
pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender.
Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da
tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e
uma cerimônia para ingressar na vida adulta.
Os contatos entre indígenas e portugueses
Como dissemos, os primeiros contatos foram de
estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais,
presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil
das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam
espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu
trabalho.
O canto que se segue foi muito prejudicial aos
povos indígenas. Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência
contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até
mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse
comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequeno número de
índios que temos hoje.
A visão que o europeu tinha a respeito dos índios
era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e,
portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena
era considerada pelos europeus como sendo inferior e grosseira. Dentro desta
visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os
índios seguirem a cultura europeia. Foi assim que, aos poucos, os índios foram
perdendo sua cultura e também sua identidade.
Canibalismo
Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o
litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois
acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a
sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne
de pessoas fracas ou covardes. A prática do canibalismo era feira em rituais
simbólicos.
Religião Indígena
Cada nação indígena possuía crenças e rituais
religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da
natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos,
faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir
estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar
o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam
os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a
morte.
Principais etnias indígenas brasileiras na
atualidade e população estimada
- Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue
(25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante
(12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700).
Fonte:
Funai (Fundação Nacional do Índio).
- De acordo com dados do Censo 2010 (IBGE), o
Brasil possuía, em 2010, 896.917 indígenas. Este número correspondia a 0,47% da
população do Brasil.
Você sabia?
- O filho de índio com negro é chamado cafuzo. Já o
filho de índio com branco é chamado de mameluco.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário