Desbravada
com amor e sangue, a região do cacau tem sido a maior entre as demais do nosso
Estado através das rendas, basta dizer que ela contribui com 70% da receita
estadual. Desta região sai a maior parcela de divisas para os cofres da Nação,
através da exportação do cacau. Foi desta região que partiram as sementes do
cacau para outros estados de nossa federação e o Espírito Santo está produzindo
cerca de 500.000 arrobas deste produto nascido na Bahia, através dos municípios
de Linhares, São Mateus e Colatina, daquelas sementes levadas daqui no ano de
1918, pelos colonos Filigônio Peixoto e Antonio Negreiro Pego, onde será muito breve a cifra elevada para um milhão de arrobas, ou
seja, 250.000 sacas, visto a existência ali de grande área de terra, ainda
devolutas, prestável para o cultivo do cacau, e mais ainda com a ajuda
financeira da Ceplac.
É de se
esperar também que para o crescimento da lavoura cacaueira naquele estado, se
acaba uma vez por todas com aquela hereditária questão de limites com Minas
Gerais, para sossego dos colonos que tanto têm sido prejudicados. Quanto a nós,
os colonos do passado, como hoje os de Vitória do Espírito Santo, fomos também
bafejados por esta entidade de crédito, embora já bem tarde poucos dos
desbravadores fossem beneficiados em suas propriedades, entretanto gozarão em
nosso os nossos sucessores. A meu ver, se o cacau não desaparecer com as
estações incertas como estamos vendo, será amanhã a Ceplac a maior casa bancária do país, com esta renda
fabulosa de 15% entre uma produção de 3.500.000 sacas de cacau por ano, ou
seja, de sete em sete anos, 3.500.000 sacas de cacau, livres de todas as
despesas, esta entidade receberá de mãos beijadas produto do cacau nestes
últimos setenta anos nas terras incultas da antiga capitania do São Jorge dos
Ilhéus, que estiveram em sua maioria, cerca de quatro séculos em franco
abandono inclusive a cidade de Ilhéus apontada como tapera pelo coronel Antonio
Pessoa da Costa e Silva no seu discurso de posse na Intendência naquela cidade
em 2 de janeiro de 1900, hoje, cidade modelo bem como mais cidades, vilas, 12
arraias uma cidade de primeira grandeza, Itabuna, com cerca de 150 mil
habitantes, vila da espécie de Jussari, e a arraias como São José não falando
da produção de cacau que naqueles tempos passados estava estagnada em 250 mil
sacas de 60 quilos. Tudo isso devemos à guerra de Canudos que, por sua causa,
abriram-se os caminhos para esta região onde o povo dos demais estados do
Brasil se avizinharam, principalmente os de Sergipe, hoje a colônia de maiores
possibilidades.
Entre os
desbravadores estava João Pedro de Sousa Leão. João Pedro aportou em Tabocas no
ano 1906 onde se estabeleceu como negociante grossista em molhados e grande
comprador de cacau, dentre todos os compradores de cacau existente na época, fora
João Pedro de Sousa Leão o mais destacado, no que diz respeito ao capital como
Antônio Soledade, Astério Rebouças, Everaldino Assis, Manoel Ferreira Carneiro,
João Pestana Branca, Antônio Emídio, João franco e Ambrosino. Seu poderio
monetário junto com o seu irmão padre Olímpio, e do usineiro Tomé Dantas da
Costa, seu genro, ajudavam a triplicar a sua fortuna adquirindo muitas propriedades
rurais e vários prédios da cidade. Honestamente aqui viveu até 1930 voltando depois para Sergipe, sua
terra natal, para construir uma Igreja Católica Apostólica Romana na cidade
onde nasceu. Depois que inaugurou a obra em 1940 veio a falecer. Sua grande
família aqui residente a esta hora, é homenageadas por esta minha história,
recordando o grande amigo de Itabuna e de todos os que o conheceram,
principalmente a sua freguesia.
(TERRA, SUOR E SANGUE – LEMBRANÇA DO PASSADO – HISTÓRIA DA REGIÃO CACAUEIRA -
Cap. XVIII)
José Pereira da Costa
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