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sábado, 17 de junho de 2017

CONTRACAPA DO LIVRO "LAFAYETTE DE BORBOREMA - UMA VIDA, UM IDEAL", DE HELENA BORBOREMA - Por Telmo Padilha

          
Contracapa do livro Lafayette de Borborema - uma vida, um ideal

No tempo de Lafayette de Borborema existiam em Itabuna uma biblioteca pública, um piano para concertos, um grêmio Literário, o teatro era feito em residências, os saraus varavam a noite. Quem conta isso é Helena Borborema. Seu livro é um belo inventário escrito com amor. A gente fica com uma inveja danada daquele tempo, quando as pessoas, ditas ignorantes, sabiam no entanto ser dignas e inteligentes. Não eram nem brutas nem desalmadas.

            Na vila não existiam carros, mas as ruas eram limpas e as fachadas das casas recebiam tinta nova todos os anos. Não se poluía o Cachoeira. Matava-se , é verdade, por ambição ou paixão, ignorância ou orgulho, mas a verminose e a subnutrição não imolavam crianças indefesas como agora. Cinco, em média, por dia. Quem não ganhava para comer não morria de fome. A caridade era um dever. O amor à terra um sentimento generalizado.

            Ao falar de seu pai com a modéstia que dele herdou, ressaltando-lhe as virtudes que justificariam o livro que sobre ele escreveu. Helena Borborema só não é ela mesma quando se detém na descrição de ambientes e paisagens: aí sua imaginação se solta, é minuciosa e pródiga, nada lhe escapa. É uma escritora. Mesmo descrevendo, seleciona, e selecionando, julga. Não reproduz apenas: traduz. E, traduzindo, participa-nos e participa da História.

            Um livro despretensioso o seu, inclusive pela avareza do número de páginas. A gente fica esperando que ela diga mais, e ela não diz. Mas diz o suficiente para que saibamos que Lafayette de Borborema era em sociedade o que era em família, e que a terra que escolheu para viver e morrer não era apenas uma terra de brutos e desalmados, porque os brutos a amavam como já não nos esforçamos por amar.

            Para os jovens, ou alguns velhos que não envelheceram completamente, este livro põe por terra o vaticínio ruibarboseano de que um dia o homem teria vergonha de ser honesto. Sob esse aspecto, “Lafayette de Borborema – um ideal, uma vida”, é um livro subversivo, porque nos prova o contrário. Isto é, que a virtude da honestidade é uma coisa que não morre e que produz mais alegrias do que comumente se admite.

TELMO PADILHA
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HELENA BORBOREMA -  Nasceu em Itabuna. Professora de Geografia lecionou muitos anos no Colégio Divina Providência, na Ação Fraternal e no Colégio Estadual de Itabuna. Formada em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Itabuna. Exerceu o cargo de Secretária de Educação e Cultura do Município. (A autora)


Conhecida professora itabunense, filha do Dr. Lafayette Borborema, o primeiro advogado de Itabuna. É autora de ‘Terras do Sul’, livro em que documento, memória e imaginação se unem num discurso despretensioso para testemunhar o quadro social e humano daqueles idos de Tabocas. Para a professora universitária Margarida Fahel, ‘Terras do Sul’ são estórias simples, plenas de ‘emoção e humanidade, querendo inscrever no tempo a história de uma gente, o caminho de um rio, a esperança de uma professora que crê no homem e na terra’.  (Cyro de Mattos)

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