ESPAGHETI AO SANGUE
Hoje comi espagheti ao sugo
era o único prato que cabia
no bolso e no estômago
Mas esse de hoje tem a diferença
do gosto amargo de tua partida
Hoje lembrei do gosto que tinha esse prato
quando o comi em tua companhia
naqueles dias felizes do início do nosso amor
onde o apetite maior de nossas bocas era
por beijos e sorrisos e por palavras mal começadas
por carícias em lentidão de parto
hoje senti o quanto ainda estás presente no
sabor daquele espagheti que comi
em tua companhia naqueles dias em que o amor era
um exercício constante de mãos e de almas
não se pensava em nada só em praticar a cada momento
o amor que nos unia e nos construía passo a passo
Hoje comi espagheti ao sugo mas só havia
o sabor de tua ausência, o sabor de sangue que
brota devagar da lágrima e vaza pelos
gemidos que explodem em trovoada de dor
e desespero da dor desse punhal cravado nas costas
e que não conseguiu matar esse amor descuidado
confiante em teu cuidado e proteção
esse amor ferido no coração que grita feito criança
no meio da rua a chorar e a correr para lugar algum
que não seja a ternura decepada de teu colo.
Geraldo Maia
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Geraldo Maia Santos (Geraldo Maia) - Nasceu em Itabuna
(Ba), no dia sete de outubro de 1951. Começou a escrever aos seis anos e ainda
se considera um aprendiz repetente da escrita numa sociedade ágrafa com forte
ascendência oral. Tem nove livros publicados, seis de poesia Triste Cantiga de
Alguma Terra (esgotado) é seu livro de estréia, em 1978, Kanto de Rua (esgotado)
(1986), Em Cantar a Mulher (esgotado) (1996), Sangue e palavra (1998), O
chão do meu destino (2000), ÁGUA (2004) (esgotado) e dois de
ficção Atol ou o mar que se perdeu de amor por um farol (esgotado)
(1991) e PUNHAL, prosa de cangaceiro (esgotado) (1992). Todos os
livros editados de forma independente, exceto Sangue e Palavra, editado pelo
Selo Bahia. E um de cordel: "CORDEL DO MENSALÃO".
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