Marcos Luiz Garcia (*)
Em 1946, a Irmã Lúcia com o Bispo de Leiria, Dom José Alves
Correia da Silva
Em certo sentido este é o mês mais importante do rol das
aparições de Nossa Senhora em Fátima, pois é aquele no qual Ela ditou o
SEGREDO, fulcro da Mensagem de Fátima.
Muitos mistérios envolvem ainda hoje a Mensagem de Fátima,
sobretudo na parte referente ao Segredo, como tentarei mostrar.
Quando a Irmã Lúcia escreveu em 1944 a terceira parte do
Segredo, anotou, por ordem de Nossa Senhora, no exterior do envelope que este
só poderia ser aberto em 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria.
Porém, no ano de 1957 a Santa Sé pediu que se remetesse para
o Vaticano o envelope. Evidentemente, tinha o direito de pedir tal envelope,
mas se a própria Santíssima Virgem mandara registrar que o mesmo deveria ser
aberto pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, por que pedi-lo três
anos antes?
Além disso, é um fato histórico que o “terceiro Segredo” não
foi publicado a não ser no ano 2000, e mesmo assim sob uma forma que guarda
mistérios não inteiramente esclarecidos.
Quando Nossa Senhora pediu aos Pastorinhos que guardassem o
Segredo, não o fez por superficialidade. Tanto é verdade que o fato contribuiu
para gerar em torno dele uma expectativa enorme dos católicos de todo o mundo.
É evidente que a revelação do Segredo, se tivesse sido
conduzida de forma zelosa e realmente apostólica, seria de molde a provocar
grande reação nas almas. Reação essa que só poderia ser no sentido de uma
conversão.
Ora, a revelação foi feita e o efeito foi praticamente nulo
nas almas. Basta sair às ruas e ver a imoralidade das modas, o desbragado das
indumentárias e a loucura estabelecida como normalidade.
Assim, uma Mensagem que teria sido uma alavanca
extraordinária para soerguer as almas, foi completamente neutralizada.
Imaginemos que a revelação do Segredo tivesse sido
acompanhada de uma grande ameaça por causa dos pecados reinantes: teria sido
talvez a única maneira de despertar muitas almas do letargo. O que não ocorreu.
Há anos que, com raras e beneméritas exceções, tanto em
Fátima quanto nos ambientes religiosos em geral, se dogmatiza erroneamente que
Deus não castiga ninguém, que perdoa tudo e a todos. Esse procedimento incute
nas almas uma convicção de que não devem temer nenhuma punição, que os
Mandamentos são uma mera lista de normas sem importância, e que violá-los não
determina nenhuma consequência.
Ora, afirmar isto, além de ser frontalmente contrário à
doutrina católica, evita que, movidas pelo temor de Deus — o qual as Sagradas
Escrituras dizem que é o início da sabedoria —, as pessoas se convertam,
especialmente em seus últimos momentos nesta Terra. Portanto, tal procedimento
compromete terrivelmente a salvação das almas. Explico-me com um exemplo.
Não é de hoje que temos assistido a uma seguidilha de
catástrofes, tragédias, doenças etc. E nunca aparece uma menção de que
precisamos converter-nos, voltarmos a praticar os Mandamentos, frequentar os
Sacramentos corretamente, mudar de vida... A única conversão que certos eclesiásticos
apregoam é a do abandono das riquezas, as quais devem ser “compartilhadas” para
favorecer o socialismo e o comunismo.
Quase não se ouve um sermão que ataque a imoralidade. Muito
menos que ataque a dessacralização. As Missas admitem, em sua maioria, um
vale-tudo. Recentemente li a reportagem de um padre que promoveu em sua
paróquia concurso de beleza com candidatas seminuas. Tive também de
conhecimento de bispos que frequentam termas de banhos públicos. E houve até o
fato de um sacerdote que celebrou missa numa praia, estendendo para isso uma
toalha diretamente sobre a areia.
Enquanto tais eclesiásticos ficam inteiramente impunes,
constatamos uma meticulosa investida contra sacerdotes que desejam celebrar o
rito extraordinário da Missa. Por quê?
Quando acontece uma catástrofe espantosa como os terríveis
incêndios que ocorreram em Portugal, exatamente no Centenário das aparições —
tão mal comemorado —, somos informados que pessoas, famílias e anciãos foram
devorados e carbonizados pelas chamas. Mas não aparece no noticiário, pelo
menos não caiu sob meus olhos, qualquer referência a um pedido de perdão a
Deus, a Nossa Senhora, uma promessa de emenda de vida, nada.
O fato de se ter difundido a falsidade de que “Deus não
castiga” está na raiz dessa maneira naturalista de considerar aqueles trágicos
acontecimentos. Quem responderá por isso diante de Deus?
Em face dessa trágica situação, devemos manter a esperança
em Nossa Senhora e a certeza de seu triunfo. Isto é o que nos move a lutar sem
descanso, sem afrouxamento, a fim de se obter esse triunfo prometido em Fátima.
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