Mensagem endereçada à anfitriã do evento, a chanceler alemã
Angela Merkel
7 JULHO 2017
(ZENIT – Ciudad del Vaticano, 7 Jul. 2017).- O Papa
Francisco enviou uma mensagem à cimeira do G20, reunida na Alemanha, pedindo
aos responsáveis políticos uma “prioridade absoluta” para os mais pobres e os
refugiados. O texto foi divulgado nesta sexta-feira pela de imprensa da
Santa Sé.
O G20 (abreviatura para Grupo dos 20) é um
grupo formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos
centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União
Europeia. Entre os principais temas em discussão, estão a luta ao terrorismo, o
fenômeno migratório e a preservação do meio ambiente.
Na véspera do encontro, em Hamburgo, houve protestos
contra a reunião e muita violência entre a polícia alemã e black blocs. Quase
30 manifestantes foram presos e 111 policiais ficaram feridos. O encontro
mais esperado foi o dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e Rússia,
Vladimir Putin que durou duas horas.
“Há necessidade de dar prioridade absoluta aos pobres, aos
refugiados, aos que sofrem, aos deslocados e aos excluídos, sem distinções de nação,
raça, religião e cultura, bem como de rejeitar os conflitos armados”, escreveu
o Papa na mensagem endereçada à anfitriã do evento, a chanceler alemã Angela
Merkel.
Depois de manifestar o seu apreço pelos esforços realizados
para garantir a governabilidade e a estabilidade da economia mundial, com
atenção especial a um crescimento mundial que seja inclusivo e sustentável,
lembra a atenção dirigida aos conflitos em andamento e
ao problema mundial das migrações.
Os quatro princípios de ação para a construção de sociedades
mais justas, contidas na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium são: o tempo é
superior ao espaço; a unidade prevalece sobre o conflito; a realidade é mais
importante do que a ideia; e o todo é superior às partes.
Assim o Papa afirma que a gravidade e a complexidade das
problemáticas mundiais impedem soluções imediatas, e o drama das migrações
(inseparável da pobreza e exacerbado pelas guerras) é uma prova disto. Todavia,
é possível colocar em ação processos que sejam capazes de oferecer soluções
progressivas e não traumáticas e conduzir, em tempos relativamente breves, a
uma livre circulação e a uma estabilidade das pessoas que sejam vantajosas para
todos.
Contudo, para Francisco, esta tensão entre espaço e tempo
requer um movimento exatamente contrário na consciência dos governantes e
poderosos. “Em seus corações e mentes, é necessário dar prioridade absoluta aos
pobres, aos refugiados, aos deslocados e aos excluídos, sem distinção de nação,
raça, religião ou cultura, e rejeitar os conflitos armados.”
O Papa faz então um premente apelo aos chefes de Estado e de
governo do G20 e a toda a comunidade mundial pela trágica situação do Sudão do
Sul, nos Grandes Lagos, Chade, Chifre da África e Iêmen, “onde 30 milhões de
pessoas não têm alimento e água para sobreviver”.
A história da humanidade, inclusive hoje, nos apresenta um
vasto panorama de conflitos atuais ou potenciais. “Todavia, a guerra jamais é a
solução”, acrescenta o Pontífice, afirmando se sentir na obrigação de pedir “ao
mundo que ponha fim a inúteis massacres”.
Isso só será possível se todas as partes se empenharem em
reduzir substancialmente os níveis de conflitualidade, deter a atual corrida
armamentista e renunciar a se envolver direta ou indiretamente em conflitos. “É
uma trágica contradição e incoerência a aparente unidade em fóruns econômicos e
sociais e a persistência de conflitos bélicos”, constata o Papa.
Para Francisco, as trágicas ideologias da primeira metade do
século XX foram substituídas por novas ideologias da autonomia absoluta dos
mercados e da especulação financeira. Essas ideologias deixam um rastro de
exclusão e de descarte, e inclusive de morte. “Peço a Deus que a cúpula
de Hamburgo seja iluminada pelo exemplo de líderes europeus e mundiais que
privilegiaram o diálogo e a busca de soluções comuns.”
Essas soluções, prossegue o Pontífice, para serem duradouras
devem ter uma visão ampla e considerar as repercussões em todos os países, não
só nos que compõem o G20. Porque é justamente sobre as nações sem voz e seus habitantes
que recaem os efeitos das crises econômicas. Para Francisco, é importante
sempre fazer referência às Nações Unidas, às agências associadas e respeitar os
tratados internacionais.
O Papa conclui invocando a bênção de Deus sobre o encontro
de Hamburgo e sobre todos os esforços da comunidade internacional para ativar
uma nova era de desenvolvimento inovadora, interconexa, sustentável, respeitosa
do meio ambiente e inclusiva de todos os povos e de todas as pessoas.
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