Prefácio do livro Lafayette de Borborema UMA VIDA, UM
IDEAL, de Helena Borborema
Não
foi somente em ordem cronológica o primeiro advogado de Itabuna. Na galeria dos
valores profissionais de seu tempo, Lafayette de Borborema – pela inteligência
arguta e criativa, pela lhaneza de trato, pela probidade pessoal, pela cultura
pragmaticamente aliada a uma sutil e surpreendente perspicácia, a uma luminosa
e sensível intuição dos fatos jurídicos – situava-se como dos mais brilhantes,
dos mais eminentes, dos mais destacados.
Distinguido com o calor humano da sua dileta amizade pessoal, pude conhecer
também a outra face, a outra dimensão da sua vida privada, perceptivelmente
estruturada com os valores cristãos da simplicidade, da humildade e, até mesmo,
de um quase estoico despojamento de vida interior. Valores evangélicos, sem
dúvida, que, aos olhos de Deus, não só configuram a personalidade divinizada
dos santos, mas forjam também, modelam a figura plenamente humanizada do
verdadeiro homem. Do homem autêntico, crístico, vertical, ético. Homens, que no
plano dinâmico da experiência existencial, apesar das amplas limitações
imanentes à sua própria condição humana, afirmam-se, projetam-se, atingem o
cimo luminoso da emérita dignidade – a grandeza transverberante da suprema
plenitude do ser. Do ser contingente, finito, maravilhosamente criado, por um
incontido transbordamento de amor, à imagem e semelhança do Criador Infinito.
Esse o Lafayette da minha visão pessoal, da minha lembrança indelével. O que
sabendo viver com alegria pôde, por isso mesmo, morrer com a serenidade
cordeira de um justo.
Salvador, 28 de março de 1984.
Bartolomeu Brandão
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