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terça-feira, 13 de junho de 2017

DIÁRIO DE VIAGEM - Francisco Benício dos Santos (4)

BORDO DO PEDRO II
4º DIA


O Rio está à vista.
O cenário empolgante da linda baía de Guanabara deixa-me em êxtase.

O sol espancando e avermelhando os altos picos com as nuanças coloridas do seu aparecimento, faz pouco a pouco aparecerem os contornos das montanhas faladas e afamadas.

 O Cristo do seu pedestal de milênios abraça as nuvens e como que querendo esmagar o sol que lhe despe a camisa de brumas numa irreverência incrível.

O gigante deitado desperta e esfrega os olhos embaciados com a neblina, como que espreguiçando-se.

Navios da esquadra como que imensos monstros marinhos arregalam brilhantes olhos que ofuscam o “Pedro II”, o qual mansamente, bravamente, vai transpondo a barra por entre as  duas fortalezas velhas e históricas.

A baía está coalhada de embarcações de todos os portes.

A Ilha das Cobras, como pequena casinha de bonecas, lá está bonitinha e mignon.

Barcas de Niterói passam velozes e cheias, superlotadas.

Silvo de rebocadores das fábricas e o bulício da cidade que vai despertando. O navio lança os dois possantes ferros.

Visitas protocolares e maçantes: da  saúde, da imprensa, da polícia, de não sei que mais.

Mansamente o transatlântico suspende as âncoras e vai se aproximando do primeiro armazém no cais Mauá.

Os conhecimentos adquiridos à bordo desaparecem como surgiram.

Saltamos.

Aguardam-me emissários dos correspondentes de Castro C. que me conduzem gentil e gratuitamente ao hotel.

Novo ambiente, novas emoções, novos personagens.

Visitas de praxe, aos monumentos e aos logradouros públicos, aos centros culturais, aos centros educacionais.

Ministério do Exterior:
Passaporte, carta de apresentação ao pessoal das delegações de Montevidéu e Buenos Aires.

Pasta de ordem contra o Banco do Brasil sobre Montevidéu, Buenos Aires, Valparaíso, Lima, México...

Cartas de apresentação de Castro C. para seus correspondentes em Montevidéu e Buenos Aires.

Visitas ao Teatro Municipal, Biblioteca Pública, Jardim Botânico, Belas Artes, Museu Nacional...


(AQUARELAS E RECORDAÇÕES Capítulo XXII)

Francisco Benício dos Santos.

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