4 de maio de 2017
Fonte: Harvard
O caso de amor da imprensa por Obama é conhecido e tema de
bons livros. Mesmo agora, depois de sua passagem pela Casa Branca e tendo
deixado um legado, na melhor das hipóteses, questionável, muitos jornalistas
ainda fazem de tudo para poupar o “primeiro presidente negro” americano, aquele
que sempre colocou a retórica acima dos fatos.
O GLOBO fez uma reportagem sobre uma nova biografia do ex-presidente,
que traz revelações de Sheila Miyoshi Jager, hoje professora da Oberlin
College. A antropóloga teve um “prolongado e dolorido” relacionamento com
Obama, que teria inclusive a pedido em casamento antes de Michelle.
O destaque é o namoro. As drogas e a ambição ficam em
segundo plano.
O jornal carioca, como vemos acima, preferiu dar destaque a
esse fato desimportante na manchete, deixando de lado revelações bem mais
relevantes feitas pela ex-namorada:
Numa entrevista para o livro, Sheila, que é antropóloga e
acadêmica especializada na Península Coreana, afirmou que Obama tinha uma
“profunda necessidade de ser amado e admirado”.
No início de 1987, quando Obama tinha 25 anos, ela sentiu
que ele parecia ter ficado muito ambicioso, vislumbrando se tornar presidente.
As discussões sobre um eventual casamento acabaram dando a lugar a questões
raciais, segundo o autor. Garrow afirma que Obama começou a se identificar cada
vez mais com as causas negras, deixando de lado a abordagem multicultural que
ele carregava em seus relacionamentos, estudos e na vida pessoal (a mãe dele
era branca).
“A resolução de sua identidade negra estava diretamente
ligada a sua decisão de buscar uma carreira política”, afirmou Sheila,
enxergando que a situação do casal acabou se tornando “uma tormenta”, com
brigas presenciadas por amigos.
Sheila Jager: branca demais para render dividendos políticos
a Obama? Fonte: Globo
Outros pontos pessoais incluem o fato de que Obama teria
consumido mais cocaína após os anos de faculdade — o ex-presidente admitiu o
consumo avulso da droga quando era jovem. Ainda segundo Garrow, Obama usou a
religião com fins políticos, supostamente andando com uma Bíblia em ocasiões
públicas para angariar mais apoiadores.
Ou seja, o que emerge desses relatos é um jovem com ambição
desmedida pelo poder, que tinha necessidade de se sentir querido por todos
(vaidade das vaidades, que leva à demagogia num político), que usava a própria
raça e a religião para fins políticos de forma oportunista, e que cheirava
cocaína.
Só faltou dizer que Obama andava basicamente com socialistas
nessa época, e que admirava justamente os professores mais radicais de
esquerda.
Mas para o leitor do jornal, o mais relevante talvez seja
que outra mulher além de Michelle recebeu um pedido de casamento antes…
Em tempo: por que uma investigação mais a fundo de quem era
Obama não foi feita antes de ele se tornar presidente da nação mais
poderosa do planeta? Talvez porque a mídia estivesse encantada com a narrativa,
não com a realidade, como nós brasileiros sabemos bem que pode acontecer, não é
mesmo? O “negro legal que queria apenas lutar por justiça social” era tão
irresistível quanto o “metalúrgico pobre que queria apenas lutar por justiça
social”. Quem vive no mundo da estética sempre vai ignorar fatos para preservar
a ideologia.
Rodrigo Constantino
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
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