Eliézer Rosa, cumprimentando a atriz Regina Duarte
Jorge Béja
Já expliquei aqui na Tribuna da Internet que nosso
Mandado de Segurança será uma peça arrojada e futurista, em função de seu
ineditismo, porque estará sendo apresentado em nome de dois eleitores, que não
foram partes na ação do PCdoB sobre o rito do impeachment da presidente Dilma
Rousseff, a ADPF 378.
Esta inovação é plenamente cabível, porque quem possui
legitimidade para eleger tem também para destituir o eleito. Quem é parte
legítima para o processo eleitoral que elege um presidente da República é
também parte legítima para integrar e participar do processo cuja pena é a
destituição do cargo daquele que foi eleito. Trata-se de um direito difuso,
transindividual, coletivo e a todo eleitor pertencente.
É o tipo de ação para ser julgada por um juiz arrojado e
moderno como o lendário Eliézer Rosa, que nas décadas de 60/70, sempre titular
da 8a. Vara Criminal do Rio (“O Bom Juiz”, como era conhecido) dava sentenças
até ao arrepio da lei. E arrepiava os tribunais, encantava o povo e previa o
futuro. Ele dizia: “Prefiro o justo sobre o legal”. Conheci o dr. Eliézer e
dele fui muito amigo.
AGRESSÃO AO GUARDA…
De outra feita, condenou um homem a comprar um cavaquinho
novo e dar de presente ao músico que ele acusara de desafinado e depois
quebrara o instrumento contra a cabeça da vítima (o músico). Não apenas comprar
e presentear, mas passar uma noite inteira no Morro da Mangueira ouvindo o
músico tocar. E isso aconteceu. E o Dr. Eliézer foi até à Mangueira num sábado
à noite ver de perto o cumprimento da pena. E os dois se tornaram amigos e
morreram velhos, muito amigos. Eram as penas alternativas que mais de 50
anos depois se tornaram lei.
O Dr. Eliézer era um vidente. Religioso, foi um dos maiores
processualistas do Direito Civil brasileiro.
SENTENÇA COMOVENTE
Meio século depois, o porte de pequena porção de droga
deixou de ser crime. Seu precursor foi o Dr. Eliézer, com suas sentenças vistas
naquela época como “tresloucadas” e “sem pé nem cabeça”, tal como poderá será
visto agora o Mandado de Segurança de Carlos Newton, nosso editor da TI e de
Francisco Bendl, nosso leitor e articulista.
O Juiz Eliézer Rosa foi um santo que conviveu entre nós.
Nunca mais houve outro igual, nem perto. E jamais haverá. Felizes aqueles que o
conheceram e com ele trataram. Muito aprenderam. Dr. Eliézer Rosa, rogai por
nós. Rogai pelo Brasil. Rogai pelos ministros do STF.
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