27 de fevereiro de 2017
Quando o artista troca sua expressão artística pelo
proselitismo ideológico a arte morre, sai de cena, desaparece.
Em vários
aspectos, o próprio conceito de arte é o oposto da propaganda política.
Arte – ao menos o que merece tal rótulo – normalmente fala
fundo às nossas emoções, de forma atemporal, justamente porque lida com as
angústias e paixões humanas, enraizadas em nossa natureza. Substituir isso pela
mensagem conjuntural e efêmera da política é cometer um ato de assassinato
contra a verdadeira arte.
Infelizmente, temos visto cada vez mais “artistas” se
deixando levar por essa onda proselitista, usando sua “arte” apenas para
divulgar mensagens políticas e partidárias. É um espetáculo lamentável. E o
Oscar, claro, é a apoteose desse fenômeno tosco.
A pressão politicamente correta dentro de Hollywood tem sido
fatal para um julgamento artístico isento, que deveria analisar apenas os
critérios efetivamente artísticos, não seu teor político. Paradoxalmente, os
que mais saem prejudicados com essa postura acovardada são as próprias
“minorias” que esses grupos dizem defender.
Alexandre Borges explica melhor
essa visão, usando como base um excelente texto de Paulo Cruz:
Sou do tempo que o assunto do Oscar era cinema. Triste
momento da politização de tudo.
O maior estrago causado por essa geração de atores
ideologicamente radicais, mimados, alienados e afetados de Hollywood foi o
“Oscars So White”, movimento cotista para o prêmio que fez tanto barulho ano
passado (lembre aqui http://bit.ly/2lY3khD). Perto disso, a gafe histórica de
errar no nome do vencedor do Oscar de Melhor Filme não é nada.
Neste ano, os dois vencedores do Oscar de Melhor Ator e
Atriz Coadjuvantes são negros: Mahershala Ali, o eterno Remy Danton de House of
Cards, e Viola Davis. Mahershala Ali é também o primeiro ator muçulmano a
ganhar este prêmio, o que faz dele um combo de minorias.
Mahershala Ali e Viola Davis são dois bons atores, mas como
saber agora se o prêmio foi por mérito ou ação afirmativa?
Como ter certeza de
que não houve qualquer influência política na escolha? É uma dúvida que mancha
a credibilidade do Oscar e cobre a vitória de ambos com uma nuvem de suspeição.
Como disse o grande Paulo Cruz, “ser livre é também ser
preterido, e cobrar reparação perene é voltar à escravidão”.
Nada a
acrescentar.
Rodrigo Constantino
RODRIGO CONSTANTINO
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.
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