30 de janeiro de 2017
“O segredo do agitador consiste em parecer tão idiota quanto
seus ouvintes, de modo que eles acreditem ser tão inteligentes quanto ele.”
(Karl Kraus)
Os brasileiros vão achar graça nisso, mas os americanos
levam muito a sério a tradição republicana de que o ex-presidente não deve se
manifestar sobre as políticas do seu sucessor. É uma postura elegante,
civilizada e, acima de tudo, republicana, de respeito às regras do jogo. E
trata-se de uma postura que vem sendo mantida desde Jimmy Carter, o bobão que
rivaliza com Obama em pusilanimidade e mediocridade em termos de resultados de
gestão.
Pois bem: até nisso Obama resolveu disputar com Carter, e
pelo visto venceu! Em apenas dez dias de novo governo, o ex-presidente já emitiu um comunicado, por meio de seu porta-voz Kevin
Lewis, claramente condenando o banimento temporário de imigrantes do governo
Trump. Fez isso de forma “indireta”, sem citar o nome, e “insinuando” que o
banimento seria por preconceito religioso.
É Obama colocando sua paixão pelo
Islã acima dos valores republicanos que fizeram da América o que ela é: terra
da liberdade. Como até mesmo a jornalista da CNN (também conhecida como Clinton
News Network) precisou reconhecer, após “compreender” o desrespeito de Obama
pela tradição, o próprio ex-presidente havia elogiado a postura de Bush quando
assumiu o governo, já que o republicano ficou totalmente de fora da política,
sem se manifestar sobre as decisões do novo ocupante da Casa Branca.
Os brasileiros, como eu disse, acham estranho tanto barulho
por “nada”, pois estamos acostumados com um fanfarrão como Lula, que jamais
saiu do palanque, que nunca parou de fazer política com p minúsculo, sem se
preocupar com nossas instituições republicanas. Mas americanos levam isso muito
a sério, e essa é uma das tantas diferenças entre os dois países, entre uma
República com R maiúsculo e uma republiqueta das bananas.
Ao se colocar claramente ao lado daqueles que têm se
manifestado contra as medidas de Trump, Obama demonstra ser apenas um agitador
de massas, o que ele sempre foi em Chicago, sob o eufemismo de “community
organizer” (uma espécie de líder sindical para nós). Nunca esteve à altura do
cargo que ocupou por oito anos. Disse que manteria uma postura de respeito,
como Bush no seu caso, mas não conseguiu se segurar, não foi capaz de ficar em
silêncio. O palanque está em seu DNA, como no caso de Lula, quem ele chegou a
considerar “o cara”.
Uma lástima essa manifestação de Obama, que serve para jogar
mais lenha na fogueira. Mas não chega a surpreender. O homem sempre foi um
fiasco, a despeito de toda a propaganda enganosa e culto à personalidade por
parte das celebridades e imprensa. É apenas mais uma bola fora, entre tantas
outras…
Rodrigo Constantino
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Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC,
trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros,
entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré
vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do
Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal
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