Candidatura de Lula é uma aposta no cinismo
14/01/2017
Dentro de seis dias, o PT deve deflagrar uma cruzada por
eleições diretas e lançar a re-re-recandidatura de Lula. Numa reunião do
diretório nacional do partido, o pajé do petismo aceitará o sacrifício de
retornar ao Planalto para salvar o país. Não é propriamente um projeto
político. Trata-se de uma aposta no poder de sedução do cinismo.
Só há uma coisa pior do que o antipetismo primário. É o
pró-petismo inocente, que engole todas as presunções de Lula a seu próprio
respeito. Isso inclui aceitar a tese segundo a qual o xamã da tribo petista
veio ao mundo para desempenhar uma missão que, por ser divina, é indiscutível.
Todos os líderes políticos cultivam a fantasia da
excepcionalidade. Mas nunca antes na história desse país surgiu um personagem
como Lula. Dotado de uma inédita ambição de personificar a moral, acha que sua
noção de superioridade anistia os seus crimes. E avalia que seu destino
evangelizador o dispensa de dar explicações.
Não é a hipocrisia de Lula que assusta. A hipocrisia pelo
menos é uma estratégia compreensível para alguém que é réu em cinco inquéritos
e convive com o risco real de ser preso.
Melhor ir em cana fazendo pose de
presidenciável perseguido do que amargando a fama de corrupto.
O que espanta é perceber que, em certos momentos, Lula
parece acreditar de verdade que sua missão sublime no planeta lhe dá o direito
de cometer atentados em série contra a inteligência alheia. Desprezadas a
lógica e as evidências, sobram o cinismo e a licença dada por Lula a si mesmo
para tratar os brasileiros como idiotas. Mesmo sabendo que já não encontra
tanto material.
Josias de Souza é
jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25
anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília,
Secretário de Redação e articulista).
É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática,
1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição
de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.
Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional
Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do
Exército''.
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É realmente execrável e assombrosa a audácia daqueles que deveriam se esconder nos porões onde habitam os ratos seus asseclas e não tentar uma vez mais angariar adeptos para dar continuidade aos seus crimes.
ResponderExcluirMírian Warttusch
Compositora e escritora acadêmica