Consciência Negra e a luta pela igualdade racial
O importante dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de
novembro, em homenagem à morte de Zumbi, o lendário líder negro do Quilombo dos
Palmares, teve como fato impulsor o resgate pela Igualdade e Liberdade Racial.
A escravidão no Brasil e no mundo teve alijamento que
repercutiu por séculos, envolvendo os interesses da monarquia, elites
aristocráticas e senhores dos engenhos de açúcar e café, principais recursos da
época.
De um modo geral, a história transmitiu os horrores da época
escravocrata, mas, muitas vezes, são escassas as informações, inclusive por
culpa de quem sofreu preconceito, racismo e intolerância, já que tem vergonha
de declarar e romper com o imobilismo, numa demonstração de maturidade social,
preço do grande erro da sociedade, um câncer que já deveria ser extirpado da
nação humana.
O racismo se destaca em todos os seguimentos: futebol,
jornalismo, modelos, cantores, atores, esportistas, escritores, poetas,
presidente e ministros. Corajosos denunciantes, como Roberto Carlos, campeão da
Seleção Brasileira, chamado de macaco; a apresentadora Oprah Winfrey; a
jornalista Glória Maria; a atriz Thalma de Freitas; o cantor Seu Jorge, assim
como Preta Gil, Rihanna, Anderson Silva, MMA, Machado de Assis (“mulato de alma
branca”), João da Cruz e Souza, Barack Obama (EUA), ministra Cristiana Taubira
(França) e o ministro Joaquim Barbosa (Brasil).
O movimento social que resgatou o antirracismo surgiu em
1971, por iniciativa do Grupo Palmares de Porto Alegre (RS), e foi assimilado
em 1978, durante o Congresso do Movimento Negro Unificado Contra A
Discriminação Racial, hoje denominado Movimento Negro Unificado – MNU.
Essa menção ao dia da Consciência Negra, prestada ao negro
Zumbi, nativo do Quilombo dos Palmares, engrandece pela sua trajetória, luta
incansável pelos anseios de liberdade. Aos seis anos de idade, ele foi entregue
pelos holandeses ao Padre Antonio Melo, que ensinou os primeiros Sacramentos e
o batizou com o nome de Francisco.
Nada mais justo que esse resgate, à promoção pela luta
contra o racismo, discriminação vivida pelos negros e afrodescendentes, que
deve fortalecer todos os movimentos nacionais internacionais.
O preservado Sítio Histórico dos Palmares, onde viveu Zumbi,
foi reconhecido pelo Governo Federal em 1980. Premia-nos com a beleza singular
do local, onde, além do Observatório, temos um magnífico viveiro, trilhas
exuberantes, universo que banha parte de nossa história afro-brasileira. Diz
ainda a lenda, que vinte mil quilombolas ali viveram, amaram, ensinaram suas
crenças e sua cultura.
Temos histórias também tristes e cruéis contra os negros
fujões dos Palmares, que sofriam pesados castigos dos líderes impiedosos, sendo
torturados e, muitas vezes, executados, no chamado Palco da Justiça Severa.
O fenômeno Zumbi, como herói, é contestado, coroando-se Ganga-Zumba como
o verdadeiro herói dos Palmares (José Murilo Carvalho, Cidadania no Brasil).
A data 20 de Novembro é também intitulada Semana da
Consciência Negra, comemorada em todo o Brasil, mas centrada nos moinhos da
negritude brasileira e coincide com a data de morte de Zumbi dos Palmares, que
teria sido em 20/11/1695, segundo historiadores.
Após ter lutado bravamente pelos seus ideais de igualdade e
liberdade, Zumbi, casado com Dandara, resistiu à pesada artilharia do
bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, que não conseguiu capturá-lo em 1694.
Em 1695, entretanto, traído por Antonio Soares e
surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça, tornou-se Zumbi um mártir, ao
ser preso e degolado, cuja cabeça foi exposta na cidade do Recife, após ser
apresentada ao governador de Pernambuco Melo e Castro.
Sione Porto
Membro da Academia de Letras de Itabuna-ALITA
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