Terceira vez...
Casal mais feliz do que aquele não existia em toda a zona do
cacau. E um dia, quando perguntaram ao velho fazendeiro o motivo de tanta
compreensão, o homem explicou:
- No dia do nosso casamento, logo após a cerimônia no padre
e no juiz, voltamos para a fazenda montados, eu numa mula e a mulher num
cavalo. Após algum tempo de viagem a mula deitou-se no chão quase me
derrubando.
- Primeira vez! - gritei.
Depois, com toda paciência procurei levantar o animal.
Viajamos mais um bocado; depois a danada da mula se jogou no chão outra vez. Na
queda, sujei a roupa e esfolei o braço e uma perna.
- Segunda vez! – gritei novamente.
Afaguei a mula, dei-lhe palmadinhas amigáveis no lombo,
montei e seguimos viagem. Já perto da fazenda a mula se jogou no chão.
Calmamente, olhei fixamente para minha mulher depois tirei o revólver da
cintura e descarreguei seis tiros no animal, que não se levantou nunca mais.
Então a mulher botou a boca no mundo, disse que eu era
perverso, ruim e tudo o mais. Quando terminou de xingar, gritar e chorar eu me
limitei a dizer:
- Primeira vez! E – concluiu o fazendeiro – posso jurar que
nestes trinta anos de casados não houve sequer uma segunda vez...
Extraído do livro O SORRISO DO CACAU DE Nelson Gallo
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