A Barraqueira de Amaralina!
Claro e evidente que, com esse título, parece que estou me
referindo a uma dona de barraca no lindo bairro de Amaralina, com suas praias
enfeitadas de pedras, porém, convidativas para uns banhos e curtições!
Mas, não é nada disso que Beatriz Carmona era! Não tinha
barraca, não vendia acarajé e nem outras iguarias. Era, simplesmente, uma
mulher relativamente bonita, branca com cabelos lisos e alourados, olhos claros
e estatura mediana. Podia-se dizer que era uma mulher de boa aparência! Mas,
seu apelido de “barraqueira” deu-se em função dos grandes barracos que ela
sempre aprontava no pedaço, inclusive com brigas corporais, puxões de cabelos e
intervenções policiais!
A porra da mulher, ao mesmo tempo que tinha uma aparência
quase angelical, por qualquer razão sempre ia aos gritos e agarrações se não
fosse apartada a tempo. Nada se podia dizer para ela, que não lhe agradasse
que, imediatamente, ouvia, ou sentia, uma carga de agressões. Um verdadeiro barril
de pólvora!
Namoradeira contumaz, sempre se apegava a alguém de outros
bairros, que desconheciam a sua fama, porém, seus casos eram rápidos, pois, seu
comportamento explosivo provocava uma finalização quase que imediata!
Mesmo com seus 27 anos, já era bastante rodada, tendo
passado pelas mãos de muitos homens que perderam tempo, mas, não conseguiram
domá-la, ou amestrá-la! Um dia, apareceu um bicheiro, cheio de correntes e
pulseiras de ouro, carrão bonito e roupas extravagantes, que logo conquistou
Beatriz (Bia para os íntimos). Os dois eram um chamego só, beijos, abraços,
festinhas, motéis, fins de semanas e tudo mais que os casais enamorados fazem
quando se dizem apaixonados! Entretanto, nosso querido príncipe dos “bichos”
era um namorador e conquistador cafajeste, como são os homens dessa categoria e
classe. Um dia arranjou uma nova namorada e, sem a menor preocupação, levou-a
para um pagode no Nordeste de Amaralina (lugar boca de 09 e perigoso), e, para
azar de todos, Bia soube que ele estava acompanhado de outra aos beijos e
abraços. Pegou um táxi e, imediatamente, chegando lá, fez o maior “barraco”,
além de xingamentos, pegou uma garrafa, quebrou na ponta da mesa e avançou com
o gargalo em riste contra o namorado traidor. Esse foi o seu erro e,
infelizmente, seu último escândalo público. O Bicheiro sacou sua arma e deu um
certeiro tiro na testa de Bia que, com os olhos arregalados, foi caindo para
trás, já completamente sem vida!
O cara fugiu para livrar o fragrante, apresentou-se no dia
seguinte com dois advogados dos melhores, pagou sua fiança e ficou de responder
em liberdade, pois, todas as testemunhas declararam que foi em legítima defesa
física e da honra!
Hoje Beatriz não passa de uma lembrança, que serve de lição
para as pessoas que adoram fazer escândalos e confusões nos seus
relacionamentos. E, com certeza, uma prova que nem todo mundo respeita a “Lei
Maria da Penha!”
Antonio Nunes de
Souza, escritor
Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL
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