Com a derrota no recente referendo, Matteo Renzi se viu obrigado a renunciar
Itália, nova derrota da esquerda
9 de dezembro de 2016
Nelson Fragelli
A ânsia de reformas da União Europeia acaba de sofrer
mais uma derrota. Desta vez na Itália. Em referendo popular, os italianos
acabam de opor seu veto à intenção do governo de centro-esquerda de reformar a
Constituição. Reforma que seria nitidamente uma torção totalitária na forma de
conduzir o governo do país. O voto popular entre o SÌ, que aprovaria a
reforma, e o NO, que a recusaria, escolheu o NO com 60%. O SÌ obteve
apenas 40%. O comparecimento às urnas foi grande – 70% –, assinalando assim o
desejo decisivo de se opor à reforma. Com tal resultado, o primeiro-ministro
italiano, Matteo Renzi se viu obrigado a renunciar. A Itália deverá formar novo
governo.
Tal como acontece com os seus homólogos brasileiros, os
políticos italianos, para melhor impor seus ditames, têm pressa em mudar as
estruturas do país. Pressionados pelos dirigentes euro-socialistas da União
Europeia (UE), eles julgaram que a opinião pública estava desatenta e
convocaram o referendo. Segundo seus cálculos, os eleitores não compareceriam
ao voto, ou aprovariam o que o governo quisesse. E o que o governo desejava com
essa mudança era menosprezar a vontade popular, dando mais poderes aos deputados
e ao governo. O Senado seria praticamente suprimido, e os poderes da Câmara
inflados.
Personalidades internacionais, embora se proclamando
defensoras das liberdades públicas e da democracia, pronunciaram-se favoráveis
ao referendo. Wolfgang Schäuble, ministro de Finanças alemão, Jean-Claude
Juncker, presidente da Comissão Europeia, o presidente Barack Obama e outros
aconselharam os italianos a votar SÌ. Mas a Península se recusou a
deixar-se arrastar por pressões combinadas. Tanto eles quanto o governo
italiano menosprezaram o profundo descontentamento da opinião pública com seus
próprios políticos.
Nós, brasileiros, bem conhecemos esse sentimento.
Ilustram-no nossas recentes manifestações de rua contra o lulo-petismo. Grande
é também a insatisfação com as imposições da União Europeia influenciando a
fundo a vida italiana, claramente vistas como desagradável intromissão externa
em assuntos nacionais. Não nos esqueçamos de que a profilática operação Lava-Jato no
Brasil tem como precursora a intervenção Mani pulite (Operação Mãos
Limpas), com a qual juízes italianos barraram casos graves de corrupção
política.
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