Freud e sua mãe, Amalia.
A Mãe Desnecessária
A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o
passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela
sempre me soou estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural
materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros,
tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer
na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo
da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que
me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico
o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de
mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma
droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e
independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas
frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão
umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois
lados, mãe e filho. Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse
vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos
se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles
precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na
divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o
abraço apertado, o conforto nas horas difíceis. Pai e mãe – solidários – criam
filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos
a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles
decidirem atracar.
Nota da página: Embora esse texto apareça na internet
com diversas autorias, a autoria mais provável é da jornalista Márcia
Neder.
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