Sem Palavras
20 de novembro de 2016
Péricles Capanema
No centro da foto, o
chefe máximo do MST, Stédile, numa arenga dentro da Basílica de São Pedro
durante o “3º Encontro Mundial de Movimentos Populares” no Vaticano
De 3 a 5 do corrente mês de novembro realizou-se no Vaticano
o 3º Encontro Mundial de Movimentos Populares. O primeiro também ocorreu
ali, o segundo na Bolívia, o terceiro voltou a acontecer no Vaticano. O Papa
Francisco encorajou-os e deles participou com o discurso de encerramento.
Agora, segundo afirmam documentos oficiais, o Encontro reuniu
delegações de 67 países. São, de fato, movimentos de extrema-esquerda do mundo
inteiro.
Sobre esse recente encontro, João Pedro Stédile [na foto
acima], dirigente máximo do MST e presença destacada nessas reuniões, declarou
que ali iriam discutir formas de combater “a democracia burguesa
hipócrita” e a “apropriação privada dos bens comuns da natureza”.
Esclareceu ainda que o principal instrumento teórico do movimento para aumentar
a consciência é a encíclica Laudato Sì do atual Pontífice. Não custa
lembrar que em 2014 o líder do MST confessou: “Nós, marxistas, lutamos
junto com o Papa para parar o diabo”.
O 3º Encontro aprovou, “em diálogo com o Papa
Francisco”, 41 moções, das quais relaciono abaixo nove:
1. “Repudiamos os abusos de direitos humanos e
assassinatos que a Polícia comete em diversos Estados dos Estados Unidos. [...]
Repudiamos o genocídio contra os jovens negros brasileiros”. A Polícia
brasileira praticaria genocídio contra negros.
2. “Repudiamos a ruptura da democracia no Brasil e o
complô midiático presidencial-congressual que deu origem a um golpe de Estado
institucional para impor um programa de governo que reduz os direitos dos
trabalhadores.” Dispensa comentários.
3. “Denunciamos o Poder Judiciário do Estado de Minas
Gerais, Brasil, que determinou a desocupação forçada de 8 mil famílias das
comunidades da região de Izidora Rosa.”
4. “Manifestamos nossa solidariedade aos delegados dos
movimentos populares da Venezuela, os quais apoiam a mediação do Papa
Francisco, e reclamamos o fim dos ataques à ordem constitucional.” O que
significa apoio ao governo Maduro, ativo promotor da ditadura e fator principal
da miséria e da fome sofridas pelos pobres na Venezuela.
5. “Denunciamos a grave situação dos presos políticos
em vários países, [...], Porto Rico, Espanha, Turquia, Estados Unidos”.
Silêncio revelador e vergonhoso sobre a situação dos presos políticos em Cuba,
Venezuela, Coreia do Norte.
6. “Pedimos ao Papa Francisco que se manifeste contra o
sistema THAAD na Coreia do Sul, fator de tensão no nordeste da Ásia.” Esse
sistema militar antimíssil é contra a possibilidade de ataque por mísseis da
Coreia do Norte comunista, que há pouco explodiu uma bomba atômica. Nem uma
palavra sobre a bomba atômica do regime comunista de Pyongyang.
7. “Condenamos o emprego de venenos agrícolas
produzidos e controlados por Bayer/Monsanto, Sygenta, Chemical, Du Pont, Steel
Quinoa, multinacionais que envenenam os alimentos no
mundo.” A ChemChina, estatal do governo comunista chinês, caminha
para ser a maior produtora mundial de agrotóxicos. É uma gigantesca
multinacional presente em 120 países. Matem vendas de aproximadamente 40
bilhões de dólares anuais. Nem uma palavra contra ela.
8. “Basta de desocupações de camponeses. A terra é de
quem a trabalha.” Antigo slogan dos agitadores comunistas. Quando estes
estão no poder, a terra é coletivizada, ficando nas mãos do Estado.
9. “Expressamos nossa solidariedade com a Escola
Nacional Florestan Fernandes, a escola de formação latino-americana do MST, que
foi atacada pela polícia no Brasil.”
O Papa Francisco, como referi, encerrou o encontro. E
aproveitou para reiterar sua proximidade com os participantes: “Neste
terceiro encontro nosso expressamos a mesma sede de justiça, e o mesmo clamor:
terra, teto e trabalho para todos.”
Estimulou estruturas de apoio: “Obrigado aos bispos que
vieram acompanhando vocês.” O suporte episcopal no mundo inteiro, é claro,
não existiria se a atitude da Santa Sé fosse outra. A esses movimentos
especializados na subversão e na agitação social, o Papa Francisco qualifica
de “poetas sociais”, por razão surpreendente: eles encadeiam criativamente
grandes e pequenas ações.
Esbofeteado pela realidade, estou sem palavras. Edmond
Rostand imagina no L’Aiglon o reencontro da Imperatriz Maria Luísa
com o filho, a quem pede perdão. O duque de Reichstadt reza: “Meu Deus,
inspirai-me a palavra profunda e, entretanto leve, com a qual um filho perdoa a
sua mãe”.
É do que todos nós precisamos: de palavras filiais,
respeitosas e profundas que desvelem a realidade inteira. Uma primeira
constatação: chocado com repetidas atitudes de favorecimento aos lobos, o
rebanho está se isolando do Pastor.
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