Castro Alves
Ao padre
Francisco de Paula
C’est
que je suis frappé du doute.
C’est
que l’étoile de la foi
N’éclaire
plus ma notre route:
Tout est abime autor de moi!
LA MORVONNAIS
Senhor, a noite é brava... a praia é toda escolhos.
Ladram na escuridão das Circes as cadelas...
As lívidas marés atiram, a meus olhos,
Cadáveres, que riem à face das estrelas!
Da garça do oceano as ensopadas penas
O mórbido suor enxugam-me da testa,
Na aresta do rochedo o pé se firma apenas,
No entanto ouço do abismo a rugidora festa!...
Nas orlas de seu manto o vendaval se enrola
Como invisível destra, açoita as faces minhas
Enquanto que eu tropeço... um grito ao longe rola...
“Quem foi?” perguntam rindo as solidões marinhas.
Senhor! Um facho ao menos empresta ao caminhante,
A treva me assoberba... Ó Deus! Dá-me um clarão!
E uma Voz respondeu nas sombras triunfante:
“Acende, ó Viajor! – o facho da razão!”
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Senhor! Ao pé do lar, na quietação, na calma
Pode a flama subir brilhante, loura, eterna;
Mas quando os vendavais, rugindo, passam n’ alma,
Quem pode resguardar a trêmula lanterna?
Torcida... desgrenhada aos dedos da lufada
Bateu-me contra o rosto, e se abismou na treva,
Eu vi-a vacilar... e minha mão queimada
A lâmpada sem luz embalde ao raio eleva.
Quem fez a gruta – escura, o pirilampo cria!
Quem fez a noite – azul, inventa a estrela clara!
Na fronte do oceano – acende uma ardentia!
Com o floco do Santelmo – a tempestade aclara!
Mas ai! Que a treva interna – a dúvida constante –
Deixaste assoberbar-me em funda escuridão!...
E uma Voz respondeu nas sombras triunfante:
“Acende, ó Viajor! A Fé no coração!...
Castro Alves (Antônio Frederico), nasceu
em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de
julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7, por escolha do fundador Valentim
Magalhães.
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