Luiz Gonzaga Dias
Para cantar nasceste! Alma
inquieta,
Sempre vibrando em gozos e
torturas.
Tua canção – lirismo de poeta,
Tem sons de tédio e brados de
amargura!
Em pleno campo a tua voz afeta,
Algo de brando e muito de
ternura.
Contudo dentro em nós, mágoa
secreta,
Desperta ao teu cantar cheio de
agrura.
Ah! Cigarra boêmia peregrina!
Ao poeta comparo a tua sina,
Quando te encontro assim
preludiando...
Fado tão belo e igual não pode
haver,
Pois teu destino é de cantar
morrer,
E o do poeta é de morrer
cantando!
........................
Luiz Gonzaga Dias
Entre a cigarra boêmia e
vagabunda,
E a previdente e prática
formiga,
Eu admiro a primeira e da
segunda
Imito a vida cheia de fadiga.
Sou a cigarra cujo canto inunda
De regozijo a criatura amiga;
E sou também formiga na fecunda
Luta insana a que a vida nos
obriga.
Vibrar pelas campinas! Ser
cigarra!
Prados cheios de luz, manhã
festiva,
Liberdade... Prazer que ninguém
narra!
A luta mata o sonho... A vida
obriga,
À lida pelo pão. Alma cativa
Eu retorno tristonho a ser
formiga.
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário