11º Domingo do Tempo Comum – 13/06/2021
Anúncio do Evangelho (Mc 4,26-34)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus
Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus
é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda,
noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso
acontece. A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as
folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a
espiga. Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque
o tempo da colheita chegou”.E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar
o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? O Reino de Deus
é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as
sementes da terra. Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas
as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem
abrigar-se à sua sombra”.
Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como
estas, conforme eles podiam compreender. E só lhes falava por meio de
parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
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Ligue o vídeo abaixo e acompanhe a reflexão do Frei Pedro Júnior,
Ofm:
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Ansiedade: tempo tenso e estéril
“...e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece” (Mc 4,27)
O mundo no qual vivemos, feito de códigos e números, de
tecnologia e de anonimato, de frios cálculos e de robots telecomandados...,
conduz a uma vida em contínua aceleração; isso faz com que todos adoeçam de
ativismo, de competição, de eficientismo; o excesso informações tira o sabor
das coisas, instaura uma cultura que não flexibiliza a vida interior e o
recolhimento, não cultiva afetos, emoções e sentimentos.
Tal como Marta, “andamos inquietos e perturbados com
muitas coisas; mas uma só é necessária” (Lc. 10.41). Precisamos
nos conceder espaços de calma para provar a verdade, contemplar
a beleza, saborear os inestimáveis valores presentes na
gratuidade e no dom desinteressado, alimentar-nos de valores humanos e cristãos
que, impregnados de futuro, tornam bela a vida de hoje.
Os tempos e os ritmos de vida mudaram muito. Nós estamos
muito distantes da quietude e da calma do mundo rural; hoje predomina a
eficácia, a pressa, a ansiedade. A eficácia sempre tem pressa. Mas as coisas da
vida requerem tempo, calma e sabedoria.
Os evangelhos estão cheios de referência
à vida. As sementes também nos falam de vida. Um grão de trigo, um
grão de mostarda são sementes humildes, pequenas, mas cheias de vida. A vida da
semente é calada, silenciosa, paciente: vai crescendo pouco a pouco,
desenvolvendo toda sua vitalidade.
A vitalidade da semente não depende do trabalho e dos esforços
humanos; ela está cheia de vida em si mesma. As sementes, as plantas, as
árvores não crescem de uma vez só, nem com saltos espetaculares, mas pouco a
pouco, humildemente.
O agricultor não escava desesperado a terra, forçando o
crescimento da semente que ali deixou, mas distancia-se dela sabendo que há um
tempo necessário de separação para que a planta, no seu ritmo, possa nascer e
crescer. Toda semeadura supõe que é preciso saber esperar (esperança) com calma
e paciência.
Não podemos ter urgências morais, nem precipitações nas
mudanças pessoais, sociais, pastorais..., porque pode nos invadir a ansiedade e
esta pode gerar medo, angústia..., pois pretendemos solucionar as coisas com
uma insaciável pressa e avidez.
O ser humano pós-moderno está perdendo o contato com o
cosmos, com o chão, com os animais, com a natureza... e isto provoca-lhe todo
tipo de mal-estar, de doenças, de insegurança e de ansiedade.
Prestemos atenção aos diferentes ritmos na sinfonia da vida.
A natureza tem seus ritmos: o do dia e o da noite, as quatro estações, o
crescer das espigas, o canto dos pássaros, o transcurso de um rio... Nossa vida
tem os seus ritmos e somos chamados a distingui-los: se uma mulher está
grávida, viverá um ritmo; se alguém está enfermo, descobrirá outro ritmo
diferente; quem vive um luto por uma separação ou por uma morte, terá outro
ritmo...; a amizade, o estudo, o trabalho... marcam ritmos diferenciados. Não
se pode comparar o ritmo de uma criança com o do ancião, ou do adolescente com
o ritmo do adulto. É diferente o ritmo do Sul e do Norte, o ritmo de cada
povo....
Quando forçamos o tempo biológico para apressar demais o
passo e antecipar recursos para uso imediato, o gasto de energia envolvido na
operação pode arruinar a nossa própria vida.
Há um defeito na atividade que costuma tirar de nós a
riqueza espiritual e convertê-la num “ativismo insensato”, sem vida interior e
sem criatividade. Trata-se da ansiedade.
O nosso “eu profundo” é ferido por um
permanente estado de alerta, exigências de obrigações pendentes e expectativas
à espreita. Estamos perdendo aquela paz essencial nas profundezas do nosso ser,
aquele repouso sem preço na qual os elementos mais delicados da vida se renovam
e se confortam.
As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna, perturbam
a destroem esse precioso repouso.
Este “nervosismo” chamado ansiedade é uma
espécie de pressa interior permanente. Sentimos uma necessidade imperiosa de
resolver rapidamente todos os problemas, como se todas as coisas fossem
urgentes ou indispensáveis. É um problema relacionado com o tempo.
Tratamos a vida com a mesma ansiedade que se abate sobre nós
nos cinzentos corredores de espera, nas filas administrativas, nos
engarrafamentos do trânsito. Tornamo-nos viciados em assuntos rapidamente
fechados, incapazes de acolher o surpreendente “novo” que o sabor da vida
insistentemente propõe.
Sabemos que, quando há ansiedade,
há desordem. Como a mente está cheia de projetos e vive
antecipando-se às coisas, nessa multidão de pensamentos reina uma grande
confusão, e nada é bem-feito.
Além disso, a ansiedade nos torna superficiais, porque
nos leva a passar rapidamente de uma atividade a outra, sem nos aprofundarmos
em nada. O coração ansioso não é capaz de deter-se em coisa alguma. Não suporta
a quietude. E assim não pode apreciar o sabor mais agradável das coisas.
Há no evangelho deste domingo um chamado dirigido a todos e
que consiste em plantar pequenas sementes de uma nova humanidade e de uma nova
inspiração no cotidiano de nossas vidas. Jesus não fala de coisas grandes. O
Reino de Deus é um dinamismo muito humilde e modesto em suas origens. Presença
que pode passar tão desapercebido como a menor semente, mas que é chamada a
crescer e frutificar de maneira inesperada.
É bom envolver-nos nas atividades cotidianas e tirar maior
proveito delas. Mas, às vezes, a ansiedade nos leva a sermos
demasiadamente dependentes dos resultados do trabalho. Queremos ver rapidamente
os frutos de nosso esforço. E assim escapa-nos o prazer de podermos agir com
serenidade e paz.
É necessário saber planejar e prevenir, mas sem pretender
prever e controlar tudo. É uma grande sabedoria saber desfrutar das pequenas
coisas que temos ou que podemos fazer agora, sem pensar nas que não temos. Na
ansiedade por querer conseguir certas coisas e abarcar tudo, acabamos criando
dependências egocentradas e a vida vai se acabando sem ser vivida.
Então, nossa ação deixa de ser fonte de satisfação e
plenitude. Por isso terminamos nos enfraquecendo, enchendo-nos de angústias
inúteis e esquecendo-nos que “com a divina consolação todos os trabalhos
são prazer e todas as fadigas são descanso” (Carta de S. Inácio a Teresa
Rejadel).
A familiaridade com Deus na relação com todas as coisas do
cotidiano, não implica fadiga ou ansiedade, senão que é uma maneira de viver
aquela paz e plenitude considerada como verdadeiro descanso.
Toda atividade humana, perpassada por uma
“espiritualidade” inspiradora, deve ser motivada, antes de tudo, pela força
interior do amor, que lhe dá uma qualidade, um sentido e um valor
particulares.
O desafio é buscar maneiras de encontrar a serenidade em
meio às nossas frenéticas vidas, de abrir em profundidade nossa cotidianidade
para poder nos submergir no ritmo tranquilo de Deus; encontrar-nos com Ele para
que seja o centro de nossa vida e caminhar a seu lado. Oxalá sejamos capazes de
captar os detalhes da paisagem de nossa vida para descobrir em tudo as pegadas
do Senhor! E, embora vivamos neste mundo onde tudo se move tão rápido, podemos
fechar os olhos e sentir que Ele nos conduz pela sua mão.
Textos bíblicos: Mc 4,26-34
Na oração: Tente escutar o universo infinito;
acima, abaixo, ao seu redor. Entre em profundo silêncio para perceber a
vibração de todos os elementos: terra, ar, água, fogo. Tudo vibra, tudo está
cheio de ondas luminosas, sonoras. Tudo é silêncio e tudo é escuta.
Sinta-se presente no meio deste diálogo entre céu e terra... para escutar,
falar e orar.
- Seu ritmo cotidiano é marcado pela ansiedade, pressa,
estresse...? Há espaço para o silêncio, a contemplação?
- A partir do silêncio do seu coração, plante no seu
cotidiano, sementes de humanidade: proximidade, acolhida, compaixão, paciência,
paz...
Pe. Adroaldo Palaoro sj
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