A Canção Acabou
A canção acabou! Porém, a melodia
Anda bailando, ainda flutua no ar,
Como a nave que naufragou um dia,
Cujos destroços vogam pelo mar.
A canção terminou! Resta a harmonia,
Como saudade terna a soluçar,
Nas dobras da ilusão, o que tangia,
Os acordes finais do verbo amar.
Assemelhou-se a um dueto interrompido,
Cujas notas ficaram em resumo,
De quando em vez ressoando em meu ouvido.
Para que repeti-la? Esquece pois...
Já se extinguiu como um pouco de fumo.
- A canção acabou para
nós dois!
(IMAGENS MUTILADAS)
Luiz Gonzaga Dias
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Em lugar de Prefácio
Como
um derivativo à luta diária, neste século agitado, nesta época de progresso
vertiginoso, aqui estão alguns versos reunidos neste volume, poesias na sua
maior parte, dispersas nas publicações brasileiras.
Sentencia o Evangelho, que nem só de pão vive o homem, sendo, portanto, estes
versos, assim como um oásis, no deserto febril da civilização, da política, da
atividade multifária dos seres, na era do avião a jato, dos inventos nucleares
e do perene choque de interesse dos homens.
Um momento de arte e descanso, não faz mal ao corpo ou ao espírito exausto.
Se o leitor não acha que ler poesia é perder tempo, leia um pouco estes versos.
Ao contrário, desculpe, e passe adiante.
De qualquer modo, queira aceitar os agradecimentos do autor.
São Felix, Estado da Bahia, Julho de 1962.
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