Madalena
Aos pés do Mestre, que ela beija e lava,
Dos seus olhos na límpida corrente,
Enxugando-os depois, na coma flava,
Como em toalha de seda refulgente!
Ao partir o alabastro, que levava,
E cujo aroma que a envolve inteiramente,
O coração a estuar, como uma lava,
Transfigurada, extática, imponente!
A Madalena encarna, nesse instante,
A alma humana, que ao fim do voo errante
Pelas quimeras dos ideais risonhos,
Despedaça, sem dó, chorando embora,
Ante o olhar da Verdade Redentora,
A ânfora azul dos seus mais lindos sonhos!
(DOM AQUINO CORRÊA)
Nova et Vetera
DOM AQUINO CORRÊA
Distinto e dedicado poeta mato-grossense, natural de Cuiabá, nascido em 02/04/1885, faleceu em São Paulo em 22/03/1956. Ingressou na Congregação Salesiana, tendo-se ordenado presbítero, em Roma, em 17/01/1909. Eleito bispo em 1914, chegou, em 1921, a Arcebispo de Cuiabá. Foi governador do seu estado em 1918. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras (cadeira nº 34, cujo patrono é Sousa Caldas), onde foi recebido em 1926. Seus primorosos Discursos foram reunidos em uma grande maioria, em três volumes, aparecidos respectivamente em 1927, 1945 e 1952. Estreou na poesia com 2 volumes de Odes, editados em 1917. Publicou ainda em verso : Terra Natal (1922) E Nova et Vetera em 1947. Sua figura empolgante de sacerdote, de literato e de homem acaba de ser magistralmente traçada pelo Prof. Arlindo Drumond Costa na obra de sabor clássico a que deu por título – A Nobreza espiritual de Dom Aquino Corrêa (São Paulo, 1962).
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