Portugal, Poeta, Compositor,
Professor, Mestre Senhor da Cultura:
SALVE JORGE!
*Ivandilson Miranda Silva
Recebemos a triste notícia (03/08/2020) da partida do mestre
Jorge Portugal, um dos grandes da cultura e da educação na Bahia.
Portugal era uma dessas pessoas que transitava em diversos
espaços e com sua fala envolvente e encantadora, criava empatia com segmentos
variados da sociedade. Políticos de várias matrizes, artistas, intelectuais,
povo das várias religiões, gente que faz “a alegria da cidade”, abraçava,
cantava e aprendia com Portugal Jorge, “a dor da gente” hoje, não é a dor de
“menino acanhado”, a nossa dor hoje, “castiga a massa dos homens [e mulheres - grifo
meu] normais”, essa dor “salta aos olhos igual a um gemido calado”. Essa canção
sua e de Sodré fez “a massa” cantar e se alegrar, hoje somos gratidão,
silêncio.
Mesmo quando dos entreveros da vida, pois humanos erram,
Portugal fala para o próprio Portugal: “Abra os olhos, e assuma os enganos, de
quinhentos anos, cara pálida, abra os olhos, que a fome te assalta e a gente se
mata pelos canos”. Estamos tentando Jorge, o problema é que muitos não querem
acordar, pois “põe no dia-a-dia o esquecimento.”
Parece que ainda não entenderam a mensagem dita por você e
Lazzo (a voz da Bahia), pois “no dia 14 de maio” (a falsa pós-abolição),
“nenhuma lição, não havia lugar na escola, pensaram que poderiam me fazer
perder, mas minha alma resiste, o meu corpo é de luta, eu sei o que é bom, e o
que é bom também deve ser meu.”. “No dia 14 de maio eu saí por aí” e a
resistência contra o racismo continua.
Portugal e outro saudoso mestre Saul Barbosa, afirmam que “a
cidade da Bahia, povoada de poesias, mira o mar, mira o mar”. É verdade, essa
terra de senhores e senhoras da cultura reverencia sua obra, sua vida em
registro poético/musical/existencial.
Mestre, assim como canta a MÃE SENHORA da música baiana
(Maria Bethânia) numa linda composição sua e do seu irmão e mestre Roberto
Mendes, “quanto mais a gente ensina, mais aprende o que ensinou”, isso foi o
seu presente, o tempo todo, sem divisões e o seu céu hoje “é todo blue e o
mundo é um grande gueto”, pois ainda há lutas por melhores dias, por um outro
mundo possível.
Jorge Portugal, obrigado e “quem não deu, tem que dar amor”,
ainda podemos vencer o ódio e sua poesia/música/aulas, nos mostrou a
possibilidade de “caminhar, andar por música, por aí, por aí..."
Axé “Baianos Luz”.
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Ivandilson Miranda Silva
* Um Servo do Saber em busca da Batida Perfeita
(Recebi via WhatsApp)
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