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terça-feira, 21 de julho de 2020

APRESENTAÇÃO DO LIVRO “OS BRABOS” DE CYRO DE MATTOS POR JORGE AMADO NA ABL

              Apresentação do livro “Os Brabos”
de Cyro de Mattos por Jorge Amado
na Academia Brasileira de Letras

“As quatro narrativas de Cyro de Mattos, reunidas em Os brabos, volume de recente edição da Civilização Brasileira, mereceram, ainda inéditas, o Prêmio Nacional de Ficção Afonso Arinos, distribuído pela Academia Brasileira de Letras. Relator da ilustre comissão de romancistas que o concedeu (Bernardo Elis, José Cândido de Carvalho, Herberto Sales, Adonias Filho e Afonso Arinos de Meio Franco), nosso mestre Alceu de Amoroso Lima, a mais alta expressão de crítica literária brasileira, consagrou o livro e o autor.

No livro, Alceu de Amoroso Lima encontrou "narrativas   dramáticas e brasileiríssimas, por seu tema e por sua linguagem", e disse do autor ser ele "escritor visceralmente nosso... Admirável ficcionista." Transcrevo esses trechos do relatório do Mestre Alceu porque sintetizam, com aquele singular poder de análise e definição, a literatura de Cyro de Mattos. Realmente um escritor brasileiríssimo pela temática e pela linguagem. O tema é "o povo brasileiro mais humilde e típico" e a linguagem, depurada, exata, amplia a dramaticidade da ação, impedindo qualquer vulgaridade de sentimento, evitando qualquer recurso aos modismos tão em voga atualmente.

Cyro de Mattos não se confunde à maioria de escrevinhadores que, na falta de real experiência humana e de real experimentação literária, se perdem na imitação uns dos outros, em cacoetes e fogos de artifícios enganadores. Cyro de Mattos possui uma personalidade vigorosa e original: a condição humana dos personagens que surgem de seu conhecimento e emoção nada têm de artificialismo da pequena burguesia a exibir angústia de psicanalista. O autor de Os brabos pisa chão verdadeiro, toca a carne e o sangue dos homens, "entre sombras e abismos".

Largo caminho andou Cyro de Mattos do livro de estreia - estreia, aliás, marcante com  Berro de fogo, em 1966, até as narrativas reunidas neste volume de 1979. O escritor cresceu, depurou-se, a poesia que é parte inerente de sua criação fundiu-se na limpidez da expressão, formando um todo harmonioso, iluminando os personagens de dentro para fora, expressando a vida solidária.

Com seu novo livro, Cyro de Mattos marca mais uma vez a presença na literatura brasileira dos escritores grapiúnas, do poderoso clã de poetas e ficcionistas nascidos da civilização do cacau no sul da Bahia.”

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O Texto de Jorge Amado sobre Os brabos, novelas, de Cyro de Mattos, está registrado na ata da Academia Brasileira de Letras, em 6 de março de 1980.

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