O Matrimônio
E ele respondeu, dizendo:
“Vós nascestes juntos, e juntos
permanecereis para todo o sempre.
Juntos estareis quando as brancas
asas da morte dissiparem vossos dias.
Sim, juntos estareis até na memória
silenciosa de Deus.
Mas que haja espaços na vossa
junção.
E que os ventos do céu dancem entre
vós.
Amai-vos um ao outro, mas não
façais do amor um grilhão:
Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.
Enchei a taça um do outro, mas não
bebais na mesma taça.
Dai do vosso pão um ao outro, mas
não comais do mesmo pedaço.
Cantai e dançai juntos, e sede
alegres; mas deixai cada um de vós estar sozinho.
Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na
mesma harmonia.
Dai vossos corações, mas não os
confieis à guarda um do outro.
Pois somente a mão da Vida pode
conter vossos corações.
E vivei juntos, mas não vos aconchegueis
demasiadamente;
Pois as colunas do templo erguem-se
separadamente,
E o carvalho e o cipreste não
crescem à sombra um do outro.
--------------
Os Filhos
E uma mulher que carregava seu
filho nos braços disse: “Fala-nos dos Filhos”.
E ele disse:
“Vossos filhos não são vossos
filhos.
São os filhos e as filhas da Ânsia da
Vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos
pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor,
mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios
pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não
suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do
amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como
eles, mas não procureis fazê-los como vós;
Porque a vida não anda para trás e
não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos
filhos são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do
infinito e vos estica com toda Sua força, para que Suas flechas se projetem,
rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do
Arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como Ele ama a flecha que
voa, também ama o arco que permanece
estável.”
(O PROFETA)
Gibran Khalil Gibran
--------------------
UM LIVRO QUE INSPIRA E RECONFORTA
NUMA ÉPOCA DE PERPLEXIDADE
Poucos livros têm alcançado o
sucesso de O Profeta.
No ano de sua publicação,
em Nova Iorque, em 1923, venderam-se dele apenas 1.100 exemplares. E o editor,
Alfred A. Knopf, considerou esgotadas as possibilidades de um livro
estranhamente místico no ambiente pragmático e mecanizado dos Estados Unidos.
Mas, para sua admiração, as vendas
começaram a aumentar. Alcançaram 8.500 exemplares em 1926; 60.000 em 1944; e,
enquanto outras obras, lançadas com êxito estrondoso, se fanavam em alguns
meses, apesar dos esforços da propaganda. O Profeta continuava sua marcha
triunfal sem qualquer propaganda. Dele se vendem atualmente, tão somente nos
Estados Unidos, uns 5.000 exemplares por semana. No Brasil integra regularmente
a lista dos “best-sellers”. E centenas de milhares de pessoas, incluindo a
rainha da Grécia e muitas outra celebridades em todos os cantos do mundo, o
adotaram como seu livro de cabeceira.
Até mesmo os escritos medíocres de
Gibran estão sendo traduzidos e reeditados, graças à fórmula mágica que lhes
orna a capa: “Pelo autor do O Profeta”.
(APRESENTAÇÃO)
Mansour Challita
....
Editora Vozes Ltda.
BRASIL 1974
* * *
Nenhum comentário:
Postar um comentário