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domingo, 22 de março de 2020

CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR FAZ HOMENAGEM A CYRO DE MATTOS COM MEDALHA ZUMBI DOS PALMARES

   
O projeto de Resolução Nº 16/2020, da Câmara Municipal de Salvador, publicado no Diário Oficial, em 20 de março de 2020, concedeu ao escritor baiano Cyro de Mattos a Medalha Zumbi dos Palmares, uma das mais altas honrarias daquela instituição legislativa.  Foi criada para homenagear a pessoas atuantes no combate ao racismo, discriminação e intolerância na cidade de Salvador e Bahia, bem como na valorização da cultura do negro afrodescendente baiano.
  
         O projeto  é de autoria do professor e vereador Edvaldo Brito, que salienta em sua justificativa a ênfase  que o autor baiano vem dando na sua vasta obra para a valorização do  negro,   através de publicação de  contos, crônicas,  poemas e artigos, em especial com os seus livros O Menino e o Trio Elétrico, Prêmio  da União Brasileira de Escritores (Rio), também editado na Itália, Natal das Crianças Negras, em seis idiomas, e Poemas de Terreiro e Orixás, das Edições Mazza (BH).

        Em Natal das Crianças Negras, Cyro de Mattos conta o encontro pela primeira vez de duas crianças negras e pobres com  Papai Noel na véspera de Natal. Na loja de brinquedos, o velhinho aparece na telinha da televisão, de rosto alegre, com suas promessas de presentear as crianças naquele dia cheio de inocência e esperança.  As crianças Bel e Nel colocam os chinelos na janela. No outro dia, nada encontram neles. E então souberam que o Natal era a lágrima que pelo rosto descia. Já em O Menino e o Trio Elétrico, narra a história de Chapinha, um menino pobre e negro, que vende amendoim no ônibus para ajudar a mãe viúva e a vó Pequena no sustento da vida.  Ele sonha em ter o seu abadá para sair atrás de um trio elétrico de arromba, puxado por um astro da música popular baiana, mas em face de suas condições pobres não vê como esse sonho possa ser realizado.  Cyro toca aqui nas contradições do carnaval baiano, bom para turista se divertir e quem tem condições econômicas de viver a festa.   Em Poemas de Terreiro e Orixás, comparece com o seu modo solidário e encantatório de pensar o negro. Sentimentos refletem um jeito comovente de ser negro, ritmado no canto vindo da África, que transforma a alma em crença e magia.  Imagens dizem de coisas tristes, que não se apagam no rastro das distâncias, na sucessão infeliz dos momentos e gritantes situações adversas.   


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