9 de novembro de 2019
➤ Paulo Roberto
Campos
Neste dia celebramos o 30º aniversário da impressionante
derrubada do Muro de Berlim — simbólica do desmoronamento do regime comunista e
de sua utopia igualitária.
Esse “Muro da Vergonha”, construído na ex-Alemanha comunista
em 1961, teve como objetivo esconder do mundo ocidental a miséria do império
soviético — fruto do projeto de dissolução das tradições, das famílias e das
propriedades particulares — e impedir que aqueles que estavam do lado de lá da “cortina
de ferro” fugissem do “paraíso” comunista. Para isso, nas proximidades do muro,
os esbirros bolcheviques, além de vigiarem dia e noite armados de
metralhadoras, mantinham cães ferozes, minaram o terreno e levantaram torres de
vigilância e cercas eletrificadas e de arame farpado.
Apesar de todos esses obstáculos, mais de 100 mil alemães
orientais tentaram atravessar a intransponível muralha a fim de fugir para o
lado ocidental; mais de mil deles foram, na tentativa de travessia,
covardemente mortos pelos vigias comunistas.
Em 9 de novembro de 1989 ruiu aquela muralha comunista e
temos muito a comemorar, assim como milhões de alemães ficaram eufóricos com a
ruína do Muro de Berlim — muito desejada, mas a tal ponto inacreditável que
muitos alemães afirmaram que, naquele dia histórico, se beliscavam para
comprovar que não estavam sonhando. Entretanto, não tenho visto comemorações
desta grande data por parte de certas autoridades eclesiásticas que, contudo,
tanto têm esbravejado contra a construção de muros… Então, comemoremos
nós!
Celebremos, mas mantenhamo-nos alertas, pois em muitos
países, inclusive no Brasil (sobretudo agora com a soltura de presidiários…),
temos visto movimentos de esquerda procurando “venezualizar” as instituições e
provocar o caos na pretensão de voltar ao poder, e… levantar novos muros como
bons agentes de Stalin que são.
Em memória desses 30 anos do desmoronamento do “Muro de
Berlim”, reproduzimos a seguir uma análise de Plinio Corrêa de Oliveira,
publicada em Catolicismo, Nº 181/2 (Janeiro/Fevereiro de 1966).
FUGINDO À TIRANIA DOS SEQUAZES DO DEMÔNIO
➤ Plinio Corrêa de
Oliveira
Enquanto o mundo ocidental se preparava para as festas do
Natal, uma notícia trágica, publicada com pouco destaque pela imprensa diária,
chamou a atenção de uns poucos leitores. Tratava-se de um telegrama conjunto
das agências Reuters e AFP, datado de Colônia. Informava ele que, segundo dados
coletados pelo Serviço Federal de Guardas de Fronteira, cerca de quatro mil
pessoas residentes na Alemanha comunista tentaram fugir para a Alemanha
Ocidental, transpondo de um ou de outro modo a cortina de ferro, nos dez
primeiros meses de 1965. Somente 1.233 delas foram bem sucedidas.
É claro que o que quatro mil pessoas ousaram um incontável
número desejou. Muitos, retidos pelo receio de sanções contra seus familiares,
nem tentaram fugir. Outros foram paralisados pelo explicável terror dos riscos
que esse lance acarreta.
Mas, apesar desses riscos, 400 alemães em cada mês
preferiram empreender a fuga, postos fora de si pelos horrores do paraíso
comunista.
* * *
Do que seja a atmosfera moral trágica em que essas evasões
se desenrolam dão testemunho os clichês desta página. Em um deles vemos uma
anciã de 78 anos, residente em uma casa situada no setor soviético de Berlim,
cujas janelas se abriam para o setor ocidental. A pobre setuagenária resolveu
saltar a janela do segundo andar, firmando-se no friso existente junto à mesma,
e daí jogar-se em uma rede que bombeiros desdobravam a seus pés. Alguns
comunistas, tomando conhecimento do fato, tiveram a covardia de tentar reter a
anciã pelo braço. Por fim, ela se desvencilhou, com a ajuda de populares, e
conseguiu cair sobre a rede em condições satisfatórias.
Essa fotografia bem poderia passar para a História como um
símbolo do martírio de todo um povo, mais precisamente de um dos povos mais
cultos e civilizados da terra.
A outra fotografia, de edifícios da Bernauer Strasse de
Berlim, mostra o resultado de evasões como esta. Os comunistas muraram todas as
janelas de todos os prédios situados no setor comunista que dão para o setor
ocidental. Com isso revelam eles a convicção de que sua tirania é de tal
maneira execrada, que por qualquer orifício praticável, dela fugiriam em
quantidade suas infelizes vitimas.
* * *
Esses clichês não ilustram apenas o quanto o comunismo é
mau. Eles provam também a que grau de endurecimento de alma chegaram largos
setores do Ocidente, que levam a insensibilidade moral ante fatos tais a ponto
de pensar seriamente na possibilidade de um modus vivendi com os
comunistas na política interna dos países ainda livres.
A maldade do comunismo não é, nele, mero acidente, que tanto
poderia existir como não existir. É uma consequência necessária de suas
concepções filosóficas e morais. É a expressão mais requintada da malícia
diabólica presente, já nesta vida terrena, nos que lutam por Satanás, suas
pompas e suas obras.
Quem ama o perigo nele perecerá, diz a Sagrada Escritura
(Ecli. 3, 27 ). É de algum modo amar o perigo, fechar os olhos para a gravidade
dele e aceitar as manobras astuciosas com que o adversário nos tenta ilaquear.
* * *
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