31 de agosto de 2019
Colheita de algodão em Campo Novo do Parecis (MT)
Paulo Henrique Chaves
Incontáveis indígenas anelam se inserir no mundo civilizado,
mas muitas ONGs e elementos da “esquerda católica” tentam impedi-los de
abandonar os seus costumes selvagens. Em 2018, no Mato Grosso os índios Parecis plantaram
12 mil hectares de soja, e como “prêmio” receberam 44 multas do IBAMA,
totalizando 129,2 milhões de reais. O motivo das multas? Castigo pelo fato de
os índios terem plantado e colhido!
Tempos novos, muito novos mesmo, pois agora os índios querem
produzir, empreender, sair do humilhante “zoológico” em que costumam ser
apresentados ao mundo, espécie de cobaias para antropólogos e missionários
inescrupulosos. Sem falar das ONGs que os rodeiam, gente com interesse pouco
claro, mas que deixa evidente a intenção de tirar proveito disso.
Tal trama revolucionária da esquerda, em que missionários da
igreja “progressista” se mostram contrários ao desenvolvimento espiritual e
material dos índios, negando-lhes ensinar o evangelho, foi denunciada em 1977
por Plinio Corrêa de Oliveira, em seu livro Tribalismo Indígena – Ideal
comuno-missionário para o Brasil no século XXI.
Nas suas pegadas, sempre empenhados em manter alto o
estandarte alçado por este ilustre brasileiro, e, sobretudo dada a atualidade
que o tema ganhou no Brasil em razão do Sínodo sobre a Amazônia, a ser
realizado em Roma proximamente, fomos a Campo Novo do Parecis (MT) [foto ao
lado] a fim de conhecer realidade sobre esses índios empreendedores que plantam
e colhem, progridem e se civilizam.
Em fevereiro último, estiveram lá para o encerramento de um
Encontro Nacional de Agricultores Indígenas, dois ministros de Estado. Na
ocasião, a Ministra Tereza Cristina, da Agricultura, que é mato-grossense,
declarou que a vontade dos índios é soberana, cabendo a eles decidirem o que
fazer ou deixar de fazer. Já o Ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente,
observou que os índios plantam e produzem com muita competência, demonstrando
aptidão para se integrarem ao agro sem perder suas origens.
No ensejo, os índios fizeram a ministra Tereza Cristina um
pedido no qual reivindicaram crédito para aquisição de insumos e maquinário,
além de mudanças na lei que os impede de comercializar o que vêm produzindo.
A ministra reafirmou a Ronaldo Paresi [foto ao lado],
presidente da Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas – Coopihanama, que
eles merecem o mesmo apoio que os demais produtores rurais brasileiros. E
espera que o exemplo deles possa contribuir para “mudar a miséria e a
manipulação que existe hoje em torno dos povos indígenas do Brasil”.
Com efeito, eles vêm se destacando pela produção agrícola
mecanizada de soja, milho e feijão. Na atual safra, segundo informações dos
próprios indígenas, eles plantaram cerca de 19 mil hectares de grãos, produção
autorizada pelos órgãos competentes.
Para a ministra Tereza Cristina, a FUNAI deve trabalhar com
um novo olhar, cuidando dos direitos indígenas, sem considerá-los como
“coitadinhos”, dando-lhes todas as condições para que consigam a autonomia de
produzir, bem como possam desfrutar de boa qualidade de vida.
O Diretor Financeiro da Cooperativa, Adilson Paresi fez um
resumo da exploração agrícola que os índios vêm fazendo. Segundo ele, “são
nove terras indígenas totalizando 1.500.000 hectares, abrangendo cinco
municípios circunvizinhos”.
"Nessas terras há 63 aldeias com uma população de mais de
2.000 índios”. Área correspondente à metade da Bélgica, hoje habitada por
11 milhões de pessoas. Para Adilson, “sua etnia criou uma política de
autossustentação dentro do seu território”.
Tempos novos, muito novos! Chamou-nos a atenção nas aldeias,
cujas casas e mesmo as ocas ainda existentes possuem luz elétrica, geladeira,
freezer, televisão, sinal de internet, ventiladores… Todas as crianças de certa
idade já possuem o seu celular na palma da mão.
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